sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

Um governo que acabou antes de começar

O cheque que foi pago à mulher de Jair Bolsonaro por um ex-assessor de Flávio Bolsonaro, filho do futuro presidente, e o conflito entre os deputados federais eleitos Joice Hasselman (PSL/SP) e Major Olímpio (PSL/SP), somados a vários outros episódios constrangedores, deixam claro para os brasileiros o que podem esperar do governo cujo início se aproxima. O país está diante do fato aterrador de um governo que acabou antes de começar. O que esperar de uma administração que mostra tantos sinais de deterioração já no período de transição? As promessas de combate à corrupção caíram no vazio, pois vários dos indicados para cargos no governo Bolsonaro estão envolvidos com a Justiça. A redução significativa no número de ministérios também não foi mais do que um factóide. Serão 22 ministérios, quando, inicialmente, eram projetados 15. Só os muito ingênuos ou fanatizados podem estar surpresos com esse quadro. Um governo de Jair Bolsonaro não têm como dar certo, sob nenhuma hipótese. Bolsonaro tem sérias limitações cognitivas e é emocionalmente desequilibrado. Os membros de seu staff e principais apoiadores também não primam pela inteligência, muito menos por serem ponderados. A equipe ministerial escolhida pelo presidente eleito é de uma desqualificação absurda. Esperar que um governo com esse tipo de composição possa dar certo é acreditar em milagres, sem nenhuma conexão com a realidade. A verdade é que o Brasil irá, a partir do primeiro dia do próximo ano, dar um salto no abismo, de consequências imprevisíveis. Resta saber quanto tempo durará a futura administração, pois é improvável que chegue ao final do mandato pelas vias normais. Sua única condição de sobrevivência seria com um golpe que calasse os demais poderes. Os brasileiros estão por viver dias tenebrosos. A tempestade está anunciada, sem que se vislumbre a bonança.