segunda-feira, 16 de abril de 2012

A agonia dos campeonatos estaduais

A imprensa começa a tratar mais incisivamente de um fato que vem sendo negligenciado no futebol brasileiro: a queda contínua de interesse pelos campeonatos estaduais. Competições que já tiveram um grande apelo e produziram jornadas gloriosas, os campeonatos estaduais, atualmente, nos principais centros do futebol brasileiro, não mais se justificam. O nível técnico dos participantes, à exceção dos grandes clubes, é baixíssimo. O número de integrantes é exagerado. O Campeonato Gaúcho, por exemplo, tem 16 clubes, apenas quatro a menos que o Campeonato Brasileiro! Desses 16 clubes, só os dois maiores, Grêmio e Inter, pertencem à primeira divisão nacional. Não há nenhum clube da Série B, apenas um da Série C, e dois da Série D. Os demais não pertencem a nenhuma divisão nacional. A consequência disso é um campeonato sem atratividade. No último sábado, por exemplo, Inter e Cerâmica, de Gravataí, jogavam pelas quartas de final do segundo turno do Gauchão, no Beira-Rio. Ainda que se leve em conta a péssima condição climática daquele dia, com muita chuva, um público de pouco mais de 4 mil pessoas é o retrato de uma competição que não mobiliza o torcedor. No Campeonato do Estado do Rio de Janeiro, a média de público é de pouco mais de 2 mil pessoas. Até mesmo o chamado "Clássico dos Milhões", entre Flamengo e Vasco, levou um público pouco superior a 12 mil pessoas, há alguns dias. Em São Paulo, apesar da ideia difundida por muitos de que seria um campeonato estadual ainda forte, a história não é diferente. A média de público é baixa e, nos jogos entre clubes pequenos, é irrisória. Em outros tempos, quando a enorme extensão geográfica do país e a falta de condições de infraestrutura e logística impediam a realização de competições nacionais, os campeonatos estaduais reinavam absolutos. Hoje, não é mais assim. Com um Campeonato Brasileiro consolidado há mais de quarenta anos e várias outras competições nacionais e internacionais atrativas, os campeonatos estaduais se tornaram anacrônicos. Ao menos para os grandes clubes, disputá-los não faz mais nenhum sentido. Urge que a CBF e as federações estaduais reconheçam o fato e busquem uma reformulação. Não é mais possível gastar quase um semestre inteiro do calendário esportivo, com um tipo de competição que não desperta o interesse dos torcedores.