sexta-feira, 2 de novembro de 2018

Desfaçatez

O governo do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) nem tomou posse e o país, estarrecido se vê diante de uma série de anúncios desencontrados, medidas democraticidas sendo aventadas, entre outras barbaridades. Porém, nada é pior e mais carregado de desfaçatez do que a indicação do juiz Sérgio Moro para ser o futuro superministro da Justiça e Segurança. Moro, tido por "herói" pela direita brasileira, não teve o menor constrangimento em aceitar o convite, escancarando o que todas as pessoas lúcidas desse país já sabiam, ou seja, que o julgamento e a condenação do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva foi um episódio político e não jurídico. Agora, ficou evidente em troca de quê Moro condenou Lula. Seu papel era impedir que Lula concorresse na eleição presidencial, que certamente venceria. Em troca, Moro torna-se um superministro e, em 2020, quando Celso de Melo for atingido pela aposentadoria compulsória, ganhará uma cadeira no Supremo Tribunal Federal. Um negócio da China, pois, por ser jovem, Moro poderá ficar décadas no Supremo. A direita, mais uma vez, mostrou o quanto é despudorada. Não se importa em exibir seu desrespeito para com a ética. O governo nem começou, e já desperta, nas pessoas que tem senso crítico, o desejo de que o tempo transcorra rapidamente, para que esse pesadelo acabe.