terça-feira, 15 de novembro de 2022

Oposição prévia

Parte da imprensa brasileira ainda não assimilou a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva na eleição presidencial. Na condição de presidente eleito, Lula sofre uma oposição prévia, antes mesmo de tomar posse. Primeiro,foi a reação negativa a uma fala de Lula que sinalizava a quebra do teto de gastos, sem dar prioridade ao ajuste fiscal. O que esperavam que Lula disesse? O presidente eleito tem compromisso assumido com a questão social, em acabar com a fome no país, e, para isso é preciso se libertar do grilhão do execrável teto de gastos, cuja existência só interessa a banqueiros e rentistas. Mais tarde, a jornalista Eliane Cantanhêde fez duras críticas a mulher de Lula, Janja, por entender que ela exerce um protagonismo indevido. A jornalista reprovou o fato de que Janja está organizando a festa da posse, disse que a mulher de Lula deveria restringir sua atuação ao quarto do casal, comparou-a com outras esposas de presidentes, e opinou que seria ruim se sua atuação chegasse ao ponto de indicar ministros do governo. Suas declaraçõea disparatadas foram rebatidas de pronto pelo seu colega André Trigueiro, e desencadearam uma campanha de solidariedade em torno de Janja. A possível presença do ex-ministro da Fazenda, Guido Mântega, na equipe de transição, também foi alvo de críticas. A mais recente fonte de restrições a Lula foi o fato de ter viajado para a COP-27, no Egito, no jatinho de um amigo empresário. A situação foi explorada por bolsonaristas, que tentam caracterizar o fato como atentatório a moralidade e a impessoalidade do cargo, esquecendo-se que Lula ainda não foi empossado. Afora isso, por ainda não ter assumido o cargo, Lula não poderia viajar no avião presidencial, nem requisitar um da FAB. A má vontade por parte de setores contrariados com a vitória de Lula começou cedo, mas é tão irritante quanto inócua.