terça-feira, 12 de novembro de 2013

A exumação de João Goulart

A exumação dos restos mortais do ex-presidente João Goulart, que será realizada a partir de amanhã, é um fato de grande significado para a história do Brasil. Goulart era um presidente legítimo, que foi derrubado do cargo por um espúrio golpe militar, o qual jogou o país numa ditadura assassina que durou 21 anos. A causa oficial da morte de Goulart foi um ataque cardíaco, mas, há muito tempo, existem suspeitas de que ele teria sido envenenado por ordem do regime militar. Com a exumação de seus restos mortais, essa dúvida será dirimida. Isso já poderia ter sido feito há mais tempo. Agora, já se passaram 37 anos da morte de Goulart. Porém, antes tarde do que nunca. Ainda que autoridades como o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e a secretária nacional de Direitos Humanos, Maria do Rosário, digam que o procedimento não tem conotações políticas, é inegável sua repercussão nesse campo, principalmente se a hipótese de envenenamento for confirmada. O Brasil precisa passar a limpo o período mais trágico da sua história. Pena que, no que tange aos crimes dos agentes da ditadura, continue a vigorar a mais absoluta impunidade, ao contrário do que fizeram nossos vizinhos, Uruguai e Argentina, em relação aos seus governos militares. Ao contrário do que sustenta a imprensa conservadora, o país nada ganha empurrando sua sujeira para debaixo do tapete. Há que se encarar os traumas do passado, em vez de ignorá-los. Com a exumação dos restos mortais de João Goulart o Brasil dá um passo para o acerto de contas com a sua história, o que deve servir de exemplo para ações futuras.