sábado, 25 de junho de 2011

Estratégia infrutífera

A revista "Veja", fiel em sua postura antipetista, lança, a cada edição, novas "denúncias" e "revelações", sobre casos como o do "dossiê dos aloprados". Os tais fatos novos incluem o envolvimento de figuras importantes do governo da presidente Dilma Roussef. Na edição que chegou hoje às bancas, a revista reafirma a participação do ministro da Ciência e Tecnologia, Aloízio Mercadante, no episódio e inclui, também, o nome da secretária de Relações Institucionais da Presidência da República, Ideli Salvatti. Não é o caso, nesse texto, de se analisar a veracidade de tais denúncias. Essa tarefa é para os orgãos competentes. O que chama a atenção é uma estratégia editorial que já se provou fracassada, mas que continua a ser seguida. Desde que o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva tomou posse, em janeiro de 2003, "Veja" e alguns outros veículos da imprensa brasileira, iniciaram uma verdadeira campanha antigoverno, abastecendo seus noticiários com toda a espécie de acusações de corrupção e desmandos por parte dos novos ocupantes do poder. Em 2005, por exemplo, estourou o "escãndalo do mensalão". Já em 2006, foi a vez do episódio envolvendo a quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa e o agora reavivado "dossiê dos aloprados". Não se trata de contestar a ocorrência de tais fatos. Foram acontecimentos graves, tanto que redundaram na queda de figuras importantes. O "mensalão" levou José Dirceu a deixar o cargo de ministro-chefe da Casa Civil do governo Lula. A quebra do sigilo do caseiro, custou o cargo para o então ministro da Fazenda, Antônio Palocci Filho. O mesmo Palocci que, por um súbito enriquecimento nos quatro anos em que atuou como consultor de empresas, paralelamente a um mandato de deputado federal, teve uma passagem meteórica pelo cargo de ministro-chefe da Casa Civil do governo Dilma. Ocorre que o objetivo editorial das reportagens que esmiuçam tais escãndalos, desacreditar o governo junto aos eleitores,  não foi, até hoje, alcançado, e nada indica que isso vá mudar. Os casos do "mensalão" e do caseiro não impediram que Lula se reelegesse e se tornasse o presidente mais popular da história do país. Durante seu segundo mandato, novos casos eclodiram, com o que envolveu a ex-ministra-chefe da Casa Civil, Erenice Guerra, acusada de usar seu cargo para obter benefícios para si e seus familiares, mas, mesmo assim, Lula conseguiu eleger Dilma Roussef sua sucessora. O que é preciso entender é que os eleitores, brasileiros ou de outros países, são pragmáticos na hora de votar. Para eles, o que conta é o estágio da economia do país. Se ela vai bem, com geração de empregos, crescimento salarial, melhor distribuição de renda, ampliação do acesso ao consumo, o eleitor retribui votando no governo. O ex-presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, é uma prova disso. Clinton envolveu-se em um escândalo ao cometer adultério com uma estagiária da Casa Branca. Piorou a situação ao tentar negar o fato contra todas as evidências. Apesar disso, não sofreu nenhum prejuízo junto ao eleitorado, pois a economia americana, naquele momento, estava muito bem. No Brasil não é, nem será, diferente. Por mais revelações escabrosas que se façam em relação a atos praticados pelo governo, não haverá nenhuma consequência eleitoral, enquanto a economia brasileira continuar bem. Se alguns veículos de comunicação pensam poder desgastar os atuais ocupantes do poder com reportagens sobre suas mazelas, irão se frustrar. O eleitor, aqui ou em qualquer lugar, não vota com o coração ou pela consciência moral. Vota com o bolso.