domingo, 27 de fevereiro de 2011

Enxurrada de competições

Sempre me opus aos que entendem que o Brasil não tem condições de sediar grandes competições esportivas, como a Copa do Mundo e as Olimpíadas. São muitas as pessoas que defendem esse ponto de vista, alegando que o país tem inúmeras prioridades a atender, antes de pensar em sediar tais eventos. Argumentam, também, que, pelas várias obras que exigem para a sua realização, tais acontecimentos esportivos abrem as portas para a corrupção, o superfaturamento e o enriquecimento ilícito. Ora, tais desvios éticos são permanentes no Brasil, com ou sem eventos esportivos. Além disso, é inconcebível que um país como o México, em tudo semelhante ao Brasil no que tange às suas mazelas, tenha, num espaço de apenas dezoito anos, entre 1968 e 1986, sediado duas Copas do Mundo, uma Olímpiada e uma edição dos Jogos Pan-americanos e o Brasil, de muito maior expressão no esporte, principalmente no futebol, não possa fazer o mesmo. No entanto, não se deve pecar nem pela escassez, nem pelo excesso. O Brasil que, ate pouco tempo, tinha apenas sediado a Copa do Mundo de 1950 e os Jogos Pan-Americanos de 1963, dentre as grandes competições internacionais, passará agora por uma enxurrada de torneios esportivos. Depois de sediar pela segunda vez o Pan, em 2007, o Brasil será local de competições por quatro anos consecutivos. A série começará, em 2013, com a Copa das Confederações. Em 2014 será a vez da Copa do Mundo. Em 2015, haverá a Copa América. Finalmente, em 2016, acontecerão as Olímpiadas. Será que tantas competições sucessivas não irão gerar uma saturação? Uma Copa América realizada no país um ano depois da Copa do Mundo conseguirá motivar o torcedor brasileiro? A infra-estrutura e a logística não serão demasiadamente exigidas para atender tal calendario de eventos? São reflexões que se fazem necessárias. Se antes as grandes competições não vinham para cá, o que, no meu entender, não era justo, agora correm o risco de se banalizarem, pela realização em série. Convém repensar o assunto, enquanto ainda há tempo.

Deu a lógica

A lógica se impôs nos jogos pelas semifinais do primeiro turno do Campeonato Gaúcho. Grêmio e Caxias, donos das melhores campanhas da competição e que jogaram em casa, eliminaram Cruzeiro e São José, respectivamente, e irão decidir a Taça Piratini. Porém, tais classificações não vieram sem alguns sobressaltos. O Grêmio sofreu dois gols e enfrentou um adversário que buscou permanentemente o resultado, sem esmorecer. O Caxias, depois de fazer um gol no início do jogo, cedeu o empate no final e precisou passar pela angustiante cobrança de tiros livres da marca do pênalti. Ao fim e ao cabo, no entanto, classificaram-se os favoritos que, agora, decidirão o primeiro turno do Gauchão no Olímpico, na quarta-feira de Cinzas. O Grêmio, por jogar em casa, ter mais tradição e um time mais qualificado, surge, desde já, como o favorito para a decisão.

Moacyr Scliar

A morte de Moacyr Scliar priva-nos, a um só tempo, de um grande escritor e de um notável ser humano. Scliar foi um escritor prolífico, autor de mais de setenta livros. Sua obra primou, também, pela qualidade, o que o levou, além dos prêmio literários obtidos, a tornar-se um "imortal" da Academia Brasileira de Letras. Homem afável, extremamente gentil no trato com as pessoas, Scliar era muito apegado às suas origens. Porto-alegrense de nascimento, permaneceu residindo em sua terra natal, não realizando o êxodo, tão comum em escritores do seu nível, para o centro do país. O Bom Fim, bairro em que se criou, era uma referência constante em seus escritos. Homem pouco dado a paixões avassaladoras, mantinha uma relação distante com o futebol, mas fazia questão de revelar ser um torcedor do Cruzeiro, de Porto Alegre, clube que, em 2011, volta a ter destaque no cenário esportivo do Rio Grande do Sul, retornando à primeira divisão, da qual esteve ausente por 33 anos. Era, também, um praticante do basquete. Particularmente, sentirei muita falta de sua crônica dominical no jornal Zero Hora, leitura que, para mim, era obrigatória. Enfim, Moacyr Scliar se foi, pois da morte ninguém escapa. Porém, como "imortal" da ABL que é, sua obra permanecerá.