quarta-feira, 22 de março de 2023

Uma afronta ao governo

A decisão do Banco Central de manter a taxa de juros em 13,75% ao ano é um crime lesa-pátria. A absurda autonomia do Banco Central, tão reivindicada pela direita e aprovada em 2019, resulta em atos como esse, que constitui-se numa afronta ao governo. O argumento de que o Banco Central precisa ter autonomia e o mandato de sua diretoria não deve coincidir com o do governo, para não sofrer "influências políticas" é uma manobra ardilosa para que o "mercado" preserve os seus interesses. Urge que o governo do presidente Luís Inácio Lula da Silva tome uma atitude enérgica para resolver essa situação. O governo não pode ficar refém dos desmandos do presidente do Banco Central, o bolsonarista Roberto Campos Neto. Nenhum orgão pode se sobrepor ao poder maior do governo. Em último caso, se não conseguir uma solução por outros meios, o governo terá de decretar intervenção no Banco Central, enfrentando a gritaria dos direitistas e da imprensa. O Brasil tem a mais alta taxa de juros do mundo, e isso é um fato obsceno. Até Joseph Stiglitz, ganhador do Prêmio Nobel de Economia, declarou, anteriormente, que não sabe como o Brasil consegue conviver com uma taxa de juros nesse patamar. A justificativa dada pelo Banco Central de que a taxa foi mantida porque a inflação permanece alta é inconsistente e a afirmação de que, se , necessário, poderá subir ainda mais, é uma provocação ao governo. O Banco Central, como todo e qualquer orgão da estrutura estatal, precisa ser subordinada ao governo. Fora disso, é subversão.