sábado, 10 de janeiro de 2015

Viés autoritário

A Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro adotou uma medida bizarra para a disputa do Campeonato Estadual de 2015. Ela irá aplicar multas em clubes, dirigentes e jogadores que fizerem críticas à organização ou à qualidade da competição. As multas poderão ser relevadas caso o autor das críticas se retrate. A absurda resolução é reveladora do país em que vivemos. A experiência democrática é muito recente no Brasil. O viés autoritário da decisão, portanto, é coerente com a índole da sociedade brasileira. Não são poucos os que defendem a volta do regime militar, por exemplo. Numa visão tipicamente autoritária, suprime-se a crítica como se a ausência dela pudesse mascarar a precariedade da competição. Os campeonatos estaduais são, há muito tempo, disputas anacrônicas, de baixo nível técnico e com pouquíssimo interesse por parte do público. Sua continuidade se deve a interesses espúrios dos presidentes de federações, sem levar em conta o bem do futebol. As críticas aos mesmos, portanto, são inevitáveis. Na tentativa de esconder o óbvio, ou seja, a pouca atratividade do campeonato, a Federação apela para a lei da mordaça. Afora ser descabida, a medida será inócua, pois não impedirá que o torcedor se mantenha, como em  anos anteriores, afastado de uma competição com tão pouco apelo.