quarta-feira, 23 de março de 2011

A hora da verdade

Entre os tantos entraves para que se torne um país mais justo, o Brasil apresenta uma permanente tendência para varrer assuntos incômodos para baixo do tapete, adiando o esclarecimento de fatos da sua história. A idéia, defendida pelas forças retrógradas do país e por setores da grande imprensa, de que a anistia de 1979 pôs fim as questões envolvendo o asqueroso golpe militar de 1964, é um insulto à memória dos homens e mulheres que tombaram nos porões da ditadura, e também às suas famílias que, até hoje, em grande parte, não conseguiram localizar seus corpos. Não é possível que um governo chefiado por uma ex-militante, que sentiu na própria pele a violência e a torpeza dos monstros da ditadura, ainda tema a reação das Forças Armadas e de grupos conservadores do país. Uruguai e Argentina, países vizinhos que também sofreram com a iniquidade de uma ditadura militar, souberam encarar o passado de frente, punindo os artífices de tais movimentos. O Brasil precisa fazer o mesmo. Anistia não é sinônimo de impunidade. Não basta, apenas, localizar as ossadas das vítimas de uma ditadura bárbara e ignóbil. Mais do que isso, é preciso abrir os arquivos da época para todos os brasileiros e, acima de tudo, punir exemplarmente os golpistas e torturadores. Só assim, o país poderá dar esse episódio por encerrado e seguir em frente com sua história.
Caso contrário, o peso de uma injustiça inominável se abaterá sobre o Brasil indefinidamente.

Uma atriz mítica

A morte de Elizabeth Taylor não é apenas o falecimento de uma atriz famosa. Mais que famosa, Elizabeth Taylor era uma figura mítica. Ganhadora de dois Oscars era, na juventude, de uma proverbial beleza. Seus olhos, de uma inacreditável cor violeta, eram motivo de fascínio e admiração. Teve uma vida pessoal movimentada e tumultuada, o que só ajudou a reforçar o mito. Seu relacionamento com o ator Richard Burton, com quem chegou a se casar por duas vezes, ocupou o noticiário de jornais e revistas durante muito tempo. Burton foi o quinto marido da atriz, de um total de sete. A partir da meia-idade, Elizabeth Taylor enfrentou inúmeros problemas de saúde como excesso de peso e depressão. Mesmo afastada do cinema, sempre esteve presente no noticiário. Foi ativista da busca de recursos para pesquisas em prol da cura da AIDS, doença que vitimou um grande amigo seu, o ator Rock Hudson. Como mito que era, não experimentou o ostracismo. Por isso,  mesmo com sua morte, continuará sendo lembrada. Afinal, os mitos desafiam o tempo.