terça-feira, 12 de agosto de 2014

As dores de cada um

A morte do ator Robin Williams, aos 63 anos, ontem ocorrida, é um desses acontecimentos que nos fazem pensar, por serem, em princípio, de difícil compreensão. Williams, ao que tudo indica, se suicidou, e o senso comum costuma considerar que um gesto tão extremo só pode ser praticado por quem se encontre numa condição de vida muito desfavorável, acossado por dramas como a solidão, a doença e a pobreza. Não era o caso de Williams. Ator famoso, de talento reconhecido, com vários prêmios na carreira, incluindo um Oscar de coadjuvante, Williams estava longe de cumprir o perfil do fracassado. No entanto, lutava contra uma depressão severa. Ao longo de sua vida, enfrentou problemas devido ao consumo de drogas e álcool, tendo se internado diversas vezes. Casado pela terceira vez, ultimamente estaria sofrendo problemas financeiros, devido aos muitos gastos com os divórcios de suas uniões anteriores. Sua carreira, a partir dos anos 2000, entrou num certo declínio. Porém, nada disso parece suficientemente forte para justificar um suicídio. Na verdade, cada um de nós carrega suas próprias dores e inquietações, não necessariamente relacionadas com possíveis desventuras da vida. São os "monstros" que nos habitam, e com os quais alguns lidam com mais habilidade do que outros. Robin Williams foi um homem bem sucedido. Foi um vitorioso em sua profissão. Amou várias mulheres. Teve filhos. Portanto, teve uma existência intensa. Ainda assim, buscou o álcool e as drogas, e acabou por tirar a própria vida. Diante do senso comum, sua atitude parece incompreensível, mas as dores que assaltam os seres humanos não respeitam a lógica elementar.