segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Mudanças

Tornou-se comum, depois das manifestações de rua de junho de 2013, dizer-se que "o povo quer mudanças". Passado o primeiro turno das eleições, fica muito difícil entender esse desejo de mudanças. Iniciemos pelo Rio Grande do Sul. Um eleitorado que aspire por mudanças tornaria um candidato que se refere a quilombolas, gays e lésbicas como "tudo isso que não presta" o seu deputado federal mais votado? Esse mesmo eleitorado escolheria para senador um jornalista conhecido pelo seu reacionarismo, em detrimento do ex-governador Olívio Dutra, um homem impoluto e devotado às causas sociais? Como explicar que essas pessoas desejosas de mudanças coloquem na liderança do primeiro turno, e com favoritismo para o segundo, um candidato a governador que tem como vice de sua chapa um membro do empresariado gaúcho, adepto de ideias neoliberais e que gostaria de privatizar o Banrisul, banco estatal que é um orgulho do povo do Rio Grande do Sul? No plano nacional, como entender a enorme votação de Jair Bolsonaro, exemplar maior do fascismo no Brasil, que reelegeu-se para deputado federal? Será que a mudança pretendida é eleger para presidente Aécio Neves, com o seu já anunciado ministro da Fazenda, Armínio Fraga, adepto ferrenho das privatizações e que declarou que "um pouco de desemprego é bom para a economia"? Bem, se isso é mudar, só me resta seguir o poeta, e ir embora para Pasárgada.