domingo, 30 de junho de 2013

Apoteose

Foi muito melhor do que se poderia esperar. A Seleção Brasileira não só foi campeã da Copa das Confederações, como alcançou o título goleando a favorita Espanha. Não deu nem tempo de o torcedor sofrer, pois o primeiro gol, marcado por Fred, aconteceu logo a 1 minuto e 30 segundos de jogo. O técnico da Seleção, Felipão, conseguiu imprimir uma marcação quase implacável sobre a Espanha, que amordaçou-a, impedindo que executasse seu jogo de troca constante de passes. A Seleção foi superior durante todo o tempo, mas chegou a correr riscos. O maior deles foi aos 40 minutos do primeiro tempo, quando David Luiz salvou uma bola que ia entrando, chutada por Pedro, pouco antes da linha do gol. Esse lance talvez tenha sido decisivo para que a equipe brasileira tivesse a convicção de que a vitória não lhe escaparia. Pouco depois, aos 43 minutos, Neymar fez 2 x 0, e todos tiveram a certeza de que o título estava garantido. O terceiro gol, de Fred, no segundo tempo, mais uma vez a 1 minuto e 30 segundos de jogo, fez com que o restante da partida fosse, apenas, o cumprimento de uma formalidade. O que ficou ainda mais nítido quando, aos 8 minutos, Sérgio Ramos cobrou um pênalti para fora. A Espanha, talvez sentindo o desgaste do jogo contra a Itália, em Fortaleza, que teve prorrogação e cobrança de tiros livres da marca do pênalti, não foi nem sobra do que costuma ser. Porém, isso não é problema da Seleção Brasileira, que teve uma grande atuação. A rigor, ninguém jogou mal na Seleção. David Luiz foi o melhor jogador em campo, Fred e Neymar jogaram demais, Júlio César voltou a ser um paredão no gol, Hulk, ainda que tenha tido alguns erros técnicos, foi incansável. Luiz Gustavo e Paulinho foram discretos, mas eficientes. Oscar continua em sua fase pouco produtiva, mas deu um belo passe para o gol de Neymar. Daniel Alves não brilhou, mas deu conta do recado. Marcelo cometeu um pênalti bobo, mas, mais uma vez, destacou-se tecnicamente. O Maracanã viveu uma apoteose, com a segunda parte do Hino Nacional, novamente, sendo cantada à capela e a plenos pulmões por torcedores e jogadores, com estes e aqueles se abraçando efusivamente a cada gol marcado, com a confiança na Seleção recuperada aos gritos de "ôôô, o campeão voltou", e de "olé, olé", e com a taça sendo erguida pelo capitão Thiago Silva, Uma noite inesquecível para quem esteve no estádio e para quem assistiu pela televisão. Não se deve, nunca, duvidar da força de uma camisa cinco vezes campeã do mundo. A Seleção mostrou, para quem quiser ver, que a conquista do título da Copa do Mundo de 2014 é um sonho possível.

sábado, 29 de junho de 2013

A queda de Luxemburgo

O inevitável aconteceu. Vanderlei Luxemburgo não é mais o técnico do Grêmio. O que chama a atenção é porque a diretoria do Grêmio levou tanto tempo para tomar uma decisão tão óbvia. Se considerados, apenas, os números, de forma isolada, Luxemburgo até teve um aproveitamento razoável, de 64%, em sua trajetória no Grêmio. No entanto, toda vez que enfrentou jogos decisivos, Luxemburgo fracassou. Já na sua estreia, em fevereiro de 2012, foi eliminado nas semifinais do primeiro turno do Campeonato Gaúcho pelo Caxias. Seguiram-se, no ano passado, outros insucessos em jogos decisivos, como a eliminação, pelo Palmeiras, nas semifinais da Copa do Brasil, a desclassificação nas quartas de final da Copa Sul-Americana,  diante do Millonarios (COL), o empate em 0 x 0 no Gre-Nal da última rodada do Campeonato Brasileiro contra um adversário com nove jogadores em campo, quando uma vitória daria ao Grêmio o vice-campeonato e a classificação direta para a Libertadores. Some-se a isso, os resultados de 2013, com um ridículo 4º lugar no Gauchão, a medíocre participação na Libertadores, sendo eliminado logo nas oitavas de final.e o início insatisfatório nos cinco primeiros jogos do Brasileirão, e constata-se que sobravam motivos para a saída de Luxemburgo, que já devia ter ocorrido anteriormente. Porém, antes tarde do que nunca. A gota d'água teria sido um atrito de Luxemburgo com o assessor de futebol Marcos Chittolina, quando o técnico negou-se a atender o pedido do dirigente para deixar Welliton, que está por ser negociado por seu clube, o Spartak Moscou, de fora do jogo-treino contra o Caxias, na manhã de hoje. Luxemburgo teria dito que só o faria se o pedido viesse do presidente Fábio Koff, e os dois discutiram e trocaram palavrões. Seja, como for, a sensação da torcida do Grêmio, por certo, é de alívio. Ela não suportava mais a presença do técnico no clube, tendo de assistir a um time que jogava cada vez menos e frustrava todas as suas expectativas. Por enquanto, Roger Machado assume como técnico interino. Conforme o presidente do Grêmio, Fábio Koff, não há pressa na contratação de um novo técnico. Talvez seja melhor assim. Roger Machado, há muito tempo, vem dando indícios de que poderá ser um grande técnico. A questão era saber qual seria o melhor momento de testá-lo. Pode ser agora, porque não? O que é indiscutível é que a mudança era indispensável. Se Roger permanecerá ou virá outro técnico nos próximos dias, é algo a se conferir, mas o Grêmio, ao tomar a atitude de dispensar Luxemburgo, recupera a esperança do seu torcedor em dias melhores.

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Cura gay

O deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP), presidente da Comissão de Justiça e Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, desde que assumiu o cargo, esteve sempre envolvido em polêmicas. Sua mais recente e explosiva iniciativa foi o projeto da "cura gay", que visa permitir que psicólogos revertam, por meio de tratamento, a orientação homossexual. Como não poderia deixar de ser, o projeto recebeu uma saraivada de críticas e levou muitas pessoas às ruas para protestar. Depois de muitas manchetes e discussões a respeito, o próprio Feliciano reconhece que o projeto "já nasceu morto". Feliciano diz que o projeto foi aprovado na comissão, mas que sabe que ele jamais passará no Congresso. O deputado alega que o "lobby GLBT" e os protestos nas ruas influenciaram para que o projeto malograsse. Feliciano, que também é pastor evangélico, negou que tivesse dito que homossexualismo é doença, e sim um fenômeno comportamental, e acrescentou que não vai renunciar, pois representa aqueles que nele votaram. Em relação ao movimento GLBT, Feliciano entende que ele foi muito inteligente, por ter aproveitado o momento e entrado "no meio da multidão" dos que frequentam os protestos. "Eles pensam que é um clamor nacional, mas não é", declarou Feliciano, referindo-se à reprovação do projeto. Também a PEC 37, diz Feliciano, foi derrotada pelas manifestações populares, pois há 15 dias, ela estava aprovada". Como se percebe, Feliciano lamenta esses desfechos ditados pela pressão popular. Não deve ser o único do Congresso a fazê-lo. Nossos parlamentares, há muito tempo, se isolaram numa bolha. Agora, a realidade bateu-lhes à porta. Antes tarde do que nunca. Feliciano e seus pares ainda terão muito o que lamentar. Para o bem do país.

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Dificuldade inesperada

Depois de um empate em 0 x 0, no tempo normal e na prorrogação, a Espanha venceu a Itália, hoje, no Castelão, por 7 x 6, nas cobranças de tiros livres da marca do pênalti, e classificou-se para decidir a Copa das Confederações contra a Seleção Brasileira, domingo, no Maracanã. Foi um resultado esperado, mas obtido de forma surpreendente. Poucos poderiam imaginar que a Espanha, diante de uma Itália que havia levado quatro gols da Seleção e que estava, hoje, sem sua maior estrela, Balotelli, pudesse ter tantas dificuldades. O jogo demonstrou que a Espanha, embora poderosa, tem suas limitações. A Itália provou que é possível enfrentar a Espanha em condições de igualdade. A forma como a Espanha alcançou sia classificação para a decisão, por certo, deve ter aumentado a confiança da Seleção em obter um bom resultado no domingo. Afora isso, o fato de ter jogado um dia depois da Seleção, num calor escaldante, e numa partida que foi para a prorrogação e tiros livres da marca do pênalti, deverá ter um forte impacto no condicionamento físico da Espanha para a decisão. Será uma grande partida, num Maracanã lotado, e, depois do que foi visto da Espanha contra a Itália, a Seleção Brasileira tem sérios motivos para acreditar na conquista do título da Copa das Confederações.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Só falta mais um jogo

A Seleção Brasileira venceu o Uruguai por 2 x 1, hoje, no Mineirão, e está classificada para a decisão da Copa das Confederações. Foi um jogo difícil, como costuma acontecer num clássico. O Uruguai desperdiçou um pênalti, a Seleção saiu na frente no placar, mas cedeu o empate numa falha incrível da defesa. O gol da vitória veio quando parecia que a prorrogação seria inevitável. A Seleção não jogou bem, o que foi admitido pelo técnico Felipão. O que importa, no entanto, é que foi a quinta vitória consecutiva da equipe, e apenas um jogo a separa do título da competição. O temor de que a Seleção não recebesse, em Belo Horizonte, o mesmo apoio que obteve em outras praças, não se confirmou. Pelo contrário. Mais uma vez, foi arrepiante ver e ouvir a torcida e a equipe a cantarem, a plenos pulmões, a íntegra do Hino Nacional, embora o sistema de som dos estádios coloque apenas a primeira parte. Há quanto tempo não se via os jogadores brasileiros cantando o Hino Nacional, e, o que é melhor, de maneira tão emocionada? Essa era uma diferença que nos constrangia em relação a outras seleções. Nossos jogadores permaneciam displicentes durante a execução do hino. Não é mais assim. Felipão já conseguiu mudar a atitude da Seleção em comparação com o período de Mano Menezes. A equipe era amorfa, agora é vibrante. A torcida, antes indiferente, agora faz ecoar o seu grito, novamente. O sentimento de apego à Seleção, que diminuíra muito nos últimos anos, dá sinais de estar sendo retomado. Não se sabe, ainda, qual será o adversário da Seleção na decisão da Copa das Confederações. Tudo indica que será a Espanha, que jogará, amanhã, contra a Itália. Caso isso se confirme, a Espanha entrará, contra a Seleção Brasileira, como favorita. Porém, com o ânimo recuperado, em sintonia com a torcida, e num Maracanã lotado, todo a seu favor, a Seleção tem o pleno direito de sonhar com o título.

terça-feira, 25 de junho de 2013

Primeira vitória

A ida do povo brasileiro ás ruas, em protesto contra várias mazelas do país, já mostrou seu primeiro efeito prático. A chamada PEC 37, proposta de emenda constitucional que visava retirar o poder investigativo do Ministério Público, foi rejeitada, hoje, em votação no Congresso Nacional. A derrubada da proposta se deu por ampla margem. Foram 430 votos contra a PEC 37. Apenas nove parlamentares votaram a favor. Foi apenas, a primeira vitória, mas muito significativa, e que indica a necessidade da continuidade da mobilização da população para que novas conquistas sejam alcançadas. Afinal, ainda há muito por fazer. A possibilidade de que os condenados do mensalão tenham suas penas aliviadas ou venham a ser absolvidos é uma ameaça que tem de ser afastada. Outras manobras ardilosas ainda estão em curso e tem de ser derrubadas, como, por exemplo, o retorno da aposentadoria para deputados estaduais no Rio Grande do Sul. Para isso, é preciso manter a pressão sobre os políticos. O importante, nesse momento, no entanto, é verificar que a classe política acusou o golpe. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), já propôs o passe livre para estudantes. Vários outros projetos de alcance popular estão sendo gestados pelos políticos, que deixaram o seu imobilismo e tratam de atender aos apelos das ruas para salvar a própria pele. O país não porá fim às suas iniquidades da noite para o dia, mas já começou a mudar. A população saiu da sua letargia e, mais do que pedir mudanças, deu início as transformações do Brasil. Um novo tempo está se iniciando no país. Os próximos dias deverão trazer mais novidades. O coroamento de todo esse processo será tirar do Brasil a condição de um dos países de maior desigualdade social no mundo. Antes, isso parecia uma utopia. Agora, ainda é um objetivo distante, mas possível de ser alcançado.

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Desistência

O Inter anunciou, hoje, sua desistência em contratar o centroavante Adriano. A justificativa dada foi a de que, embora o jogador esteja recuperado das cirurgias a que se submeteu no tendão de Aquiles do pé esquerdo, a retomada de seu condicionamento físico levaria um tempo maior do que o clube pode esperar, já que seu objetivo é conquistar o título do Campeonato Brasileiro. Isso até pode ser verdade, mas tem aparência de uma desculpa elegante para quem decidiu voltar atrás em uma contratação. Na verdade, Adriano seria uma aposta de altíssimo risco do Inter. Não havia nenhum indício consistente de que sua vinda, caso concretizada, resultaria numa aquisição exitosa. Pelo contrário. Durante as várias semanas em que a possibilidade da vinda de Adriano foi aventada, muitas foram as opiniões contra o negócio. O maior avalista da contratação de Adriano era o técnico Dunga, mas o presidente do Inter, Giovani Luigi, sempre se opôs à ideia. Outros nomes ilustres do Inter, e, também, torcedores e profissionais da imprensa, desaprovavam a vinda de Adriano. Essa alta rejeição, ao que parece, acabou sendo decisiva. O curioso é que, entre os poucos, afora Dunga e o preparador físico Paulo Paixão, que eram favoráveis a efetivação do negócio, estava o ex-presidente do Inter, e padrinho político de Luigi, Fernando Carvalho. Será que o maior cacique do clube já não tem o mesmo poder de outros tempos? De qualquer forma, sejam quais forem os motivos, a decisão tomada pelo Inter foi a mais acertada. No meu entender, infelizmente, Adriano, como jogador de futebol, não tem mais recuperação. Resta recuperá-lo como homem, e, se isso for conseguido, já será uma grande vitória.

domingo, 23 de junho de 2013

Sem surpresas

Os jogos de hoje à tarde pela Copa das Confederações não apresentaram surpresas. A Espanha goleou a Nigéria por 3 x 0, o que comprova que a equipe africana está longe dos seus grandes desempenhos nos anos 90. O Uruguai, mesmo com uma escalação quase toda de reservas, goleou o Tahiti por 8 x 0, e ainda se deu ao luxo de desperdiçar um pênalti. Assim, como era esperado, as semifinais da competição terão, na quarta-feira, Seleção Brasileira x Uruguai, e, na quinta-feira, Espanha x Itália. O favoritismo de brasileiros e espanhóis é alto, ainda que seus adversários, por sua tradição, mereçam respeito. Nota-se, no entanto, que torcedores e jornalistas brasileiros estão muito temerosos quanto ao provável enfrentamento da Seleção com a Espanha, numa hipotética decisão. Entendem que a Espanha é ampla favorita e que a Seleção poderá entra na roda. Não penso dessa forma. A Espanha até faz por merecer ser apontada como a mais cotada para vencer, mas daí a imaginar facilidades contra a Seleção Brasileira, vai uma distância muito grande. A Seleção está crescendo de produção e pode aspirar ao título. Porém, o importante é que, caso se confirme esse jogo na decisão, será o justo coroamento de uma competição que, até agora, tem sido um sucesso técnico e de bilheteria.

sábado, 22 de junho de 2013

Vitória em jogo empolgante

A Seleção Brasileira ganhou da Itália por 4 x 2, hoje á tarde, na Arena Fonte Nova, em Salvador. Foi um jogo digno de um enfrentamento entre as duas seleções mais vitoriosas da história. São cinco Copas do Mundo ganhas pela Seleção Brasileira, e quatro pela Itália. O jogo começou num ritmo intenso, com a Seleção emparedando a Itália, mas sem conseguir criar chances claras de gol. A Itália, por sua vez, mantinha uma postura defensiva, sem dar nenhum trabalho ao goleiro Júlio César. As duas equipes faziam muitas faltas, às vezes ríspidas. Isso, e mais a intensidade com que a partida era disputada, fez com que, ainda no  primeiro tempo, a Itália fizesse duas substituições, e a Seleção uma, todas por motivo de lesão. Ainda assim, o jogo, tecnicamente, não era bom, e se encaminhava para ficar sem movimentar o placar no primeiro tempo. Foi aí que, já nos acréscimos, aos 46 minutos, Dante, que havia entrado no lugar de David Luiz, que saíra lesionado, aproveitou que Buffon "bateu roupa" e completou para o gol, fazendo 1 x 0 para a Seleção. A partir daí, no segundo tempo, o jogo se transfigurou. Uma falha de marcação no setor esquerdo da defesa brasileira propiciou que a Itália empatasse o jogo com um gol de Maggio, curiosamente outro jogador que começara a partida no banco e entrara no transcorrer do primeiro tempo. A Itália, no entanto, não teve muito tempo para comemorar. Pouco depois do empate, Neymar, numa cobrança magistral de falta, fez 2 x 1 para a Seleção. Mais tarde, Fred desencantou de seu jejum e fez 3 x 1. O  jogo parecia decidido, até que, num erro do árbitro, que apitou um pênalti, mas deixou a jogada prosseguir, validando o gol, Chiellini fez 3 x 2. O jogo estava, novamente, indefinido, quando, já próximo do final, Fred fez mais um e definiu o placar em 4 x 2. Uma vitória importante da Seleção Brasileira, por vários aspectos. Pela confiança que a quarta vitória consecutiva incute na equipe. Pela relevância do adversário derrotado. Pela afirmação de Neymar como a grande estrela da Seleção Brasileira, confirmando a confiança nele depositada. Pelo fim da seca de gols de Fred, que, equivocadamente, já vinha sendo contestado por alguns. A Seleção ainda está longe do ideal, mas vem progredindo. Por enquanto, é o suficiente. Se continuar assim, poderá chegar à Copa do Mundo, daqui a um ano, em condições de conquistar o título.

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Distorção emblemática

O técnico do Inter, Dunga, é uma figura sempre envolvida em polêmicas com a imprensa. Isso ocorre, basicamente, por dois motivos. O primeiro é que Dunga é um sujeito irascível, do tipo que se irrita por qualquer coisa. O outro é que o técnico julga-se injustiçado e perseguido pela imprensa, instituição pela qual nutre indisfarçado rancor. Sua mágoa iniciou quando o fracasso da Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1990 foi identificado como "Era Dunga". Bem, embora o técnico considere essa definição uma injustiça, ela não ocorreu de graça. Permanece nítido na retina dos brasileiros o lance em que Maradona deixa Dunga estatelado no chão antes de fazer o lançamento para Caniggia que redundaria no gol da vitória da Argentina e na eliminação da Seleção Brasileira naquela Copa. Ainda assim, Dunga permaneceu na Seleção, e levantou, como capitão, a taça do título da Copa de 94. Dunga, então, foi à forra. Ao receber a taça, disparou palavrões. A partir daquele momento, passou a ter um relacionamento cada vez mais tenso com a imprensa, o que se agravou quando tornou-se técnico da Seleção. O leitor desse texto deve estar se perguntando, no entanto, o que tudo isso tem a ver com o título acima. Explico. Em mais um de seus embates contra a imprensa, Dunga cobrou do repórter Fabrício Falkowski, do jornal "Correio do Povo", (cujo sobrenome não conseguiu pronunciar corretamente) o fato de que ele teria criticado o exercício da função de comentarista por parte do técnico, escrevendo que "hoje em dia qualquer um pode falar sobre futebol". Dunga, para variar, ficou extremamente ofendido com tal observação e, também como de costume, partiu para o ataque. Disse que descobriu que o repórter formou-se em jornalismo em 2009 e, então, disparou: "Em 2009 eu já havia disputado três Copas do Mundo como jogador, e trabalhado em duas como jornalista". Acrescentou: "Realmente, você tem razão, hoje em dia, qualquer um pode falar sobre futebol". A intenção de Dunga, óbvia, é a de dizer que ele está qualificado para falar sobre o assunto, e Fabrício Falkowski, não. Nada mais falso, e é aí que entra a distorção emblemática de que trata esse texto. A opinião de Dunga é um retrato do que pensa a média do povo brasileiro. Afinal, quem não conhece a frase "quem sabe, faz, quem não sabe ensina"? Historicamente, e isso explica muita coisa sobre o país, o brasileiro médio despreza o ensino formal e glorifica a experiência prática, os que se formaram na "escola da vida". Os jogadores de futebol, e Dunga foi um deles, costumam ironizar ou agredir aqueles que os criticam sem "nunca ter chutado uma bola". Ocorre que para analisar e comentar futebol não é necessário ter chutado uma bola, mas é indispensável saber interpretar o que se vê em campo e possuir vocabulário qualificado e fluência para transmitir impressões para o público. No país de Gilmar Mendes, o nefando ministro do Supremo Tribunal Federal que extinguiu a obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão, realizando o sonho acalentado pelos barões da grande imprensa, Dunga se sente no direito de dizer que, em duas Copas do Mundo, trabalhou como "jornalista". Não, Dunga, isso é falso. Se um jornalista, no seu entender, não pode falar de futebol por não ter jogado, você não pode atuar na função de jornalista, porque, nem mesmo o mais desqualificado profissional da área usa a palavra "menas", como você costumeiramente faz. Porém, Dunga e grande parte da população brasileira não percebem essa distorção. Afinal, as grandes redes de televisão, aos poucos, foram eliminando os comentaristas jornalistas, e, na busca do apelo fácil de audiência, substituindo-os por ex-jogadores que agridem o idioma e acabam com a paciência de qualquer espectador com maior grau de exigência. Ex-jogadores como Neto, Ronaldo Fenômeno e Ronaldo Giovanelli, de baixo nível instrucional, escasso vocabulário e pouca desenvoltura diante das cãmeras, tomaram o espaço antes ocupado por nomes como Sérgio Noronha, Márcio Guedes, Juca Kfouri, entre outros. Como explicar, por exemplo, que, na hierarquia de comentaristas da Rede Bandeirantes, Neto esteja na frente de Mauro Betting? Como se vê, é uma distorção, e emblemática, do valor que se dá à educação formal no Brasil.

quinta-feira, 20 de junho de 2013

A atitude da Globo

Um fato, por certo, surpreendeu muita gente no dia de hoje. A Rede Globo suspendeu durante três horas e meia a sua grade normal de programação para cobrir de forma contínua os protestos que se espalhavam pelo país. A medida, que jornalisticamente parece correta, chama a atenção, em se tratando da Globo, pois, em 1984, quando do movimento das Diretas-Já, a maior rede de televisão do Brasil praticamente ignorou as manifestações que empolgavam o país em favor da volta das eleições diretas para presidente. O que mudou? Será mero interesse jornalístico? Seria bom que fosse, mas, não se pode afastar a ideia de que uma cobertura tão exaustiva dos protestos possa abrigar intenções menos nobres. Não é segredo para ninguém que a imprensa conservadora e as elites brasileiras sonham em tirar a presidente Dilma Rousseff e o PT do poder. Nada melhor, para isso, do que estimular a ideia de que o Brasil se encaminha para uma guerra civil, de que o governo está perdendo o controle da situação. O passo seguinte é exaltar as forças de repressão e seu dever de "repor a ordem". Mais adiante, o incentivo ao golpismo, com a proposição do impechmeant da presidente. Por fim, a direita retomando o poder. Afinal, o grande temor da imprensa conservadora e das elites é de que, algum dia, o Brasil venha, verdadeiramente a mudar, e os grupos historicamente oprimidos se libertem. O Brasil vive uma oportunidade ímpar de concretizar mudanças estruturais há muito sonhadas. O povo, no entanto, não pode subestimar seus inimigos. Eles são muito ardilosos. A hora é de avanço, não de retrocesso. O Brasil tem um governo legitimamente eleito, e qualquer tentativa de derrubá-lo constitui-se em execrável golpismo.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Jogaço

A Itália ganhou de 4 x 3 do Japão, hoje, no segundo jogo de ambas as equipes na Copa das Confederações. Foi um jogo emocionante, como há muito tempo não se via e, sem dúvida, o melhor da competição, até aqui. O Japão chegou a abrir 2 x 0 no placar, permitiu a virada, empatou o jogo, perdeu a chance de passar na frente, novamente, colocando uma bola na trave e outra no travessão na sequência do mesmo lance, e, finalmente, sofreu o gol que determinou sua derrota. O destaque negativo foi a arbitragem, que marcou um pênalti para cada lado, ambos inexistentes. O que ficou dessa partida, no entanto, foi a satisfação de assistir a um jogo franco, com duas equipes buscando incessantemente o gol, como sempre deveria ser no futebol. Todos os que assistiram ao jogo, no estádio ou pela televisão, certamente, se sentiram plenamente gratificados. Foi mais uma partida a fazer da Copa das Confederações, até agora, uma competição exitosa, com estádios cheios, bons jogos, emoção e muito gols.

Outra vitória

A Seleção Brasileira ganhou do México por 2 x 0, em seu segundo jogo pela Copa das Confederações. Foi a terceira vitória consecutiva da Seleção, e o fim de uma série de maus resultados contra o México. A atuação da Seleção apresentou oscilações. Começou com um ritmo forte, abrindo o placar cedo, mas que decaiu a partir da metade do primeiro tempo. No final do jogo, o México ameaçava empatar, pressionando uma Seleção que já parecia sem forças, mas aí a técnica primorosa de Neymar fez a diferença. Numa jogada maravilhosa, passou entre dois adversários e tocou para Jô empurrar a bola para as redes. Neymar, já é, sem dúvida, o maior nome da Seleção Brasileira na Copa das Confederações, tal como se esperava. Por outro lado, Hulk continua a destoar na equipe. Hoje, perdeu um gol de forma inacreditável. O que importa, no entanto, é que a Seleção parece estar achando o seu rumo. Está longe de ser uma equipe pronta, mas exibe uma nítida evolução. O pessimismo de alguns dias atrás começa a dar lugar a uma crescente esperança.

terça-feira, 18 de junho de 2013

Contramão

Só os muito distraídos podem ter ficado surpresos com os protestos que tomaram conta do país. Há muito tempo que se percebia que a classe política estava pagando para ver até onde iria a proverbial paciência do brasileiro. A ideia de que o povo brasileiro permanece passivo diante de qualquer patifaria fez com que a desfaçatez e a corrupção no meio político se tornassem a regra nos últimos tempos. A conta está chegando agora. O total distanciamento entre as expectativas da população e as ações dos políticos chegou ao que se costuma dizer que é a gota d'água que transborda o copo. Os círculos do poder se isolaram da realidade, vivendo encastelados no seu mundo particular, feito de mordomias, favorecimentos, enriquecimento ilícito, tráfico de influências e malfeitos de toda a ordem. Com uma classe política operando na contramão da vontade popular, a resposta das ruas teria de vir mais cedo ou mais tarde. Ao contrário do que possam pensar muitos, os tempos que virão não tendem a ser perigosos, mas, sim, excitantes. Afinal, é pouco provável que os protestos que se espalham pelo país caiam no vazio. Eles forçarão o governo e os políticos a tomarem posição. Não será um processo sem traumas, mas o país sairá melhor dele. O problema é que, talvez, a ficha custe a cair para a classe política. Uma demonstração disso é que a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados, presidida pelo pastor Marco Feliciano (PSC-SP), aprovou o projeto da "cura gay", um rematado absurdo. Ao contrário da "Marcha com Deus e a família pela liberdade", que foi às ruas em apoio ao espúrio golpe militar de 1964, os manifestantes de hoje estão ligados a causas libertárias, não ao obscurantismo. Os que apostam em fazer prevalecer posições conservadoras, tanto no campo moral quanto no político, vão quebrar a cara. Está surgindo um novo Brasil, rompendo com velhos ranços, comandado por uma juventude que, usando a força das redes sociais, alcançou uma capacidade de mobilização de que nunca dispôs antes, e que não tem como ser contida. Somos privilegiados por estarmos vendo a História se desenrolar diante de nossos olhos. O Brasil, depois dos protestos, nunca mais será o mesmo, e isso é muito bom.

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Manifestações

Há poucos dias, abordei um assunto que ganhava corpo em todo o país, o das manifestações populares. Hoje, tenho de tornar a fazê-lo, pois nenhum outro fato foi mais relevante em todo o país, do que os protestos que tomaram as ruas de cidades como Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre, Brasília e Belo Horizonte. No texto anterior, expressei minha ideia de que tais manifestações são próprias da democracia. Continuo pensando assim, mas vejo que protestos que são legítimos na sua proposição, estão servindo, também, para abrigar aqueles que, simplesmente, desejam promover a desordem, bem como para alimentar intenções desestabilizadoras e golpistas em relação ao governo federal, por parte da direita ressentida. Os movimentos de rua que tem se espalhado pelo país tem uma origem sincera e lutam por causas relevantes. Sua finalidade se perderá, no entanto, se forem desvirtuados por arruaceiros ou servirem de massa de manobra para uma oposição sem discurso e sem voto. Também é necessário que haja foco nas reivindicações. Protestar contra tudo e contra todos, num imenso balaio de causas, só serve para desacreditar um movimento legítimo e de saudável expressão de cidadania. Transformar o país numa praça de guerra, da mesma forma, não trará qualquer vantagem para ninguém, pois a depredação do patrimônio público é um tiro no próprio pé. As manifestações que crescem a cada dia pelo país devem ser um sinal do vigor de nossa democracia e não uma incitação à barbárie e à incivilidade.

domingo, 16 de junho de 2013

Confirmações

Os jogos de hoje pela Copa das Confederações confirmaram as expectativas quanto aos seus vencedores. À tarde, no Maracanã, a Itália ganhou do México por 2 x 1. Até mesmo os gols da equipe vitoriosa foram dos seus jogadores mais destacados. O primeiro, de Pirlo, numa cobrança de falta, item em que é especialista. O segundo, de Balotelli, num gol típico de um centroavante oportunista. Até mesmo o gol do México, ainda que tenha sido de pênalti, foi marcado por sua maior estrela, Chicarito Hernandez. Foi, portanto, um jogo que não apresentou surpresas. Venceu a equipe de maior tradição e melhor qualidade, e os grandes nomes de cada lado construíram o placar. O México jogará, na quarta-feira, contra a Seleção Brasileira, e, apesar do seu bom retrospecto recente nesse confronto, a tendência é de que, dessa vez, seja derrotado. A Itália fará sua próxima partida contra o Japão, e é favorita para vencer. Tudo indica, portanto, que na última rodada, Seleção Brasileira e Itália decidam o primeiro lugar do grupo, e México e Japão apenas cumpram tabela. Por outro lado, à noite, na Arena Pernambuco, a Espanha ganhou do Uruguai, também por 2 x 1. O placar, no entanto, não traduz a superioridade que a Espanha teve sobre seu adversário. A Espanha fez dois gols no primeiro tempo, mas poderia ter ampliado ainda mais o score. No segundo tempo, refreou seu ímpeto, mas, ainda assim, o Uruguai conseguiu apenas descontar, já no final do jogo, em um gol de falta. A tendência é de que a Espanha ganhe todos os jogos nessa primeira fase, já que seus dois outros adversários no grupo, Taiti e Nigéria, não devem lhe opor resistência. O Uruguai, por sua vez, com uma equipe envelhecida e em crise técnica, terá de se esforçar para impedir que a Nigéria lhe roube o segundo ligar no grupo. Até agora, a Copa das Confederações está transcorrendo com êxito. Os estádios receberam grande público, e os jogos tiveram bom nível técnico. Uma agradável amostra do que está por vir na Copa do Mundo de 2014.

sábado, 15 de junho de 2013

Estreia animadora

A Seleção Brasileira goleou o Japão por 3 x 0, hoje à tarde, no Mané Garrincha, em Brasília, no jogo de abertura da Copa das Confederações. Foi uma estreia animadora. Eram decorridos, apenas, três minutos do primeiro tempo, e a Seleção já fazia 1 x 0 no placar, num belo gol de Neymar. A equipe seguiu jogando bem, e teve outras oportunidades para marcar, mas o placar não se modificou até o final do primeiro tempo. Logo no início do segundo tempo, curiosamente também aos três minutos, veio o 2 x 0, e quando tudo indicava que o placar não seria mais movimentado, aconteceu o terceiro gol, nos acréscimos. Foi uma vitória convincente, no primeiro jogo oficial da Seleção Brasileira desde a Copa América de 2011. Neymar, que vinha gerando preocupações pelos seus desempenhos modestos e pela ausência de gols, quebrou o jejum e jogou bem. Oscar foi outro destaque individual da equipe, que, coletivamente, apresentou-se bem. A segunda vitória consecutiva, novamente goleando por 3 x 0, mostra que há evolução no trabalho da Seleção e aumenta o ânimo e a confiança dos jogadores e da torcida. O próximo jogo, quarta-feira, será contra o México, em Fortaleza. Muitos estão temerosos, pois o México tem sido a "touca" da Seleção nos últimos anos. Não penso assim. Jogando no Brasil, contra um estádio lotado de torcedores apoiando a Seleção, o México não deverá opor maior resistência. O incômodo tabu tem tudo para acabar. Ainda falta muito para a Seleção Brasileira ser uma equipe confiável, mas o pessimismo já pode ser substituído pela esperança.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Vai começar

Amanhã terá início a Copa das Confederações. A competição ainda não firmou uma tradição, pois é, relativamente, recente. Como seu próprio nome diz, reúne as seleções campeãs de cada confederação, e mais a detentora do título da Copa do Mundo. Teve como embrião uma competição promovida pelo Rei Fahd, da Arábia Saudita, mas, em 1997, foi encampada pela Fifa. Inicialmente, era realizada a cada dois anos. A partir de 2005, passou a ser realizada a cada quatro anos, e no mesmo país-sede da Copa do Mundo. Assim, um ano antes da maior competição do futebol mundial, a Copa das Confederações lhe serve de evento teste. A Seleção Brasileira já a conquistou por três vezes, em 1997, 2005 e 2009, sendo portanto a atual campeã. Ganhar essa competição não é algo diretamente relacionado com a conquista da Copa do Mundo, tanto é assim que a Seleção venceu as duas últimas edições da Copa das Confederações mas não teve o mesmo êxito na competição maior. No entanto, a Copa das Confederações de 2013 terá um significado especial para o Brasil. Ela servirá de teste para a Copa do Mundo de 2014, permitindo que se avalie o que precisará ser feito para que, no ano vem, tenhamos um evento exitoso no país. Será a hora de testar a acessibilidade e o conforto dos estádios, o tratamento dispensado aos turistas, a mobilidade urbana, a receptividade local a competições dessa magnitude. Em meio a tudo isso, será a oportunidade para a Seleção Brasileira firmar uma equipe e conquistar a confiança do torcedor para a Copa do Mundo. A Seleção está com sua imagem desgastada junto à torcida, e já não desperta a mesma paixão. Duas competições de tão alto nível, em dois anos consecutivos, trazendo ao país o melhor do futebol mundial, representam a chance de resgatar a velha chama. Agora, deixemos de lado as críticas rançosas contra a realização dessas competições no Brasil, e desfrutemos o privilégio de tê-las em nosso país. A partir de amanhã, a hora é de torcer pela Seleção, e apreciar o espetáculo que vai começar.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Cidadania

Os protestos contra o aumento nos preços das passagens de ônibus que estão acontecendo em várias capitas brasileiras, mostram que o país está mudando. Como era de se esperar, os mais conservadores classificam os manifestantes de baderneiros e vibram com atitude violentas de repressão por parte da polícia. Também não faltam governantes, como foi o caso dos governadores do Rio de Janeiro e de São Paulo, Sérgio Cabral Filho e Geraldo Alckmin, respectivamente, que classificam os protestos como atos políticos e não uma manifestação espontânea da população. Há, infelizmente, quando de movimentos desse tipo, aqueles que se excedem, agindo como vândalos, aproveitando-se do anonimato dos que se misturam a uma multidão. Porém, não me parece que seja uma "ação orquestrada" para desestabilizar administrações. O que está ocorrendo é que, depois de longos períodos ditatoriais que sufocavam as manifestações próprias da condição de cidadãos, o Brasil vive um período de continuidade democrática que já dura 28 anos. Com isso, a passividade do povo brasileiro, sempre tão criticada, está, aos poucos, cedendo lugar ao ímpeto reivindicatório. As pessoas não estão mais dispostas a aceitar, resignadamente, os ataques ao seu bolso. As tarifas dos ônibus urbanos, com seus constantes aumentos, causam sensíveis perdas financeiras aos usuários. Esse tipo de transporte é essencial, não eletivo. Milhões de pessoas necessitam dele para se deslocar ao local de trabalho ou estudo. Trata-se de um serviço de largo alcance social, que não pode ser visto sob a vil perspectiva do lucro. As pichações e depredações que acompanham alguns desses protestos, devem ser repudiadas, e o excesso dos atos de repressão, também. Não se justifica o uso de balas de borracha, ferindo várias pessoas, entre elas jornalistas. Ainda que com alguns excessos criticáveis por parte dos manifestantes, os protestos que estão se espalhando pelo país são a demonstração de que, finalmente, os brasileiros estão aprendendo a exercer a sua cidadania.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Vendendo ilusões

O Grêmio empatou em 1 x 1 com o São Paulo, hoje à noite, na Arena, pelo Campeonato Brasileiro. Pela enésima vez, Vanderlei Luxemburgo arriscou começar o jogo com três atacantes. Sacou Elano do time e escalou Welliton. Também pela enésima vez, não deu certo. Luxemburgo tomou essa decisão de última hora pelo fato do São Paulo ter sido escalado com três atacantes. Na prática, o desempenho do Grêmio com essa escalação, no primeiro tempo foi desastroso. O time foi envolvido pelo São Paulo, e teve uma péssima atuação. Enquanto, no ataque do São Paulo, só Aloísio destoava, com Luis Fabiano e Osvaldo se destacando, no Grêmio, Welliton, novamente, foi horroroso, Kléber continuou dando encontrões nos zagueiros, e Barcos errava quase todos os lances. A consequência foi a derrota parcial por 1 x 0. No segundo tempo, o Grêmio voltou com Elano e Guilherme Biteco, e com outro ânimo, emparedando o São Paulo. Ainda assim, conseguiu apenas o empate, no final do jogo, no "abafa" em uma cobrança de escanteio. Um empate que, talvez, não tenha sido o melhor para o Grêmio, pois uma derrota potencializaria a hipótese da saída do técnico Vanderlei Luxemburgo, a quem a torcida não suporta mais. No entanto, não tendo sido o Grêmio derrotado, Luxemburgo prosseguiu com seu discurso de que o time está no caminho certo e de que o Grêmio é candidato ao título, e o presidente Fábio Koff reiterou sua confiança no trabalho do técnico. As falas de Luxemburgo e Koff estão tão desconectadas do que se observa em campo, que eles podem ser classificados de vendedores de ilusões. Porém, depois de tudo que já foi visto, até aqui, de um Grêmio que só frustra o seu torcedor, é improvável que alguém ainda se disponha a comprá-las.

terça-feira, 11 de junho de 2013

Lobby gay

Em encontro com membros da Confederação Latino-Americana e Caribenha de Religiosas e Religiosos, o Papa Francisco reconheceu a existência de um "lobby gay" dentro da Cúria Romana, fato que lamentou. A afirmação, partindo do papa, deverá ter grande repercussão e escandalizar os fiéis mais sensíveis e puritanos, mas não deveria espantar ninguém. A homossexualidade é algo inerente à humanidade. Não é uma doença, nem uma perversão, é uma condição sexual de algumas pessoas. Como o sexo sempre foi um tabu em quase todas as sociedades, uma atividade sexual tida como fora da "normalidade" sempre gera desconforto. Com isso, ao longo do tempo, a homossexualidade foi coberta pelo véu da hipocrisia. A sociedade fingia que não a percebia, obrigando os homossexuais a viverem nas sombras. Não lhes era dado o direito de "saírem do armário", pois o repúdio social era enorme. Os que ousavam fazê-lo eram colocados num papel caricato e estigmatizado, servindo de chacota para as pessoas "normais". Muitos se espantam, e se mostram inconformados, com a visibilidade e a influência dos gays nos tempos atuais. Nunca se falou tanto sobre eles, seus direitos e reivindicações. Eles vão para as ruas, mostram a sua cara, estão nas mais diferentes profissões, não mais apenas como cabeleireiros ou maquiadores. Não há nisso nada a ser recriminado, pelo contrário. Os tempos em que vivemos abrigam muitas iniquidades, como, de resto, aconteceu em qualquer época. Porém, se há algo de bom nesse período da história que atravessamos, é a disposição das chamadas "minorias sociais" de ganharem vez e voz. Elas buscam o seu espaço, não aceitam mais a discriminação e a segregação. Encontram, é claro, a resistência dos mais conservadores, mas não se dobram mais diante dela. Não há mais lugares onde não se façam presentes. Porque a Cúria Romana ficaria de fora? Seus integrantes, ainda que devotados à vida religiosa, são seres humanos. Sendo assim, estão sujeitos a todas as manifestações próprias da condição humana, e a homossexualidade é uma delas.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Troca desvantajosa

O futebol brasileiro está se desfazendo, cada vez mais cedo, das suas jovens revelações, e contratando veteranos como nunca fizera antes. Foi-se o tempo em que os torcedores se entusiasmavam com os novos valores que assistiam nos jogos preliminares (que, por sinal, não existem mais). Hoje, quanto mais qualificado for o jogador, menos tempo ele permanecerá no clube que o revelou. Em pouco tempo, tomará o caminho do exterior, onde fará sua independência financeira. Sequer resta aos clubes o consolo de receber uma grande quantia quando da venda do jogador, pois só uma fatia dos seus direitos econômicos lhe pertence. Hoje em dia, antes mesmo de se profissionalizarem, os jogadores já estão ligados a empresários e outros sanguessugas do futebol que adquirem partes dos seus direitos. Assim, aqueles jogadores revelados por um clube e que nele permaneciam por longos anos, conquistando títulos e agregando novos torcedores que o tomavam como ídolo, são, apenas lembranças do passado. Incapazes de  reter suas revelações, os clubes se obrigam a vendê-las, e para ocupar o seu lugar, trazem veteranos de grande nome, os quais carregam consigo alguns inconvenientes. Em primeiro lugar, por serem jogadores de idade avançada, sua utilização não pode ser por um prazo muito longo. Outra desvantagem é que, também em função da idade, tem pouca ou nenhuma chance de serem negociados, mais adiante, com outro clube. Por último, seu currículo vitorioso faz com que venham ganhando altos salários. Dessa forma, enquanto as três maiores revelações dos últimos anos no Brasil, Neymar, Lucas e Oscar, já tomaram o caminho da Europa, veteranos que já não interessam ao futebol daquele continente aportam por aqui. São muitos os exemplos. Zé Roberto, 38 anos, e Cris, 35, do Grêmio. Seedorf, 37 anos, do Botafogo. Alex, 35 anos, do Coritiba. Juan, 35 anos, e Diego Forlán, 33, do Inter. Deco, 35 anos, do Fluminense. Ao contrário do que dizem alguns, o futebol brasileiro continua a produzir novos valores, incessantemente, mas de que adianta, se eles não permanecem no país?. Fernando, grande revelação do Grêmio, também já está indo jogar lá fora. Guilherme Biteco e Misael, outros jovens surgidos no Grêmio, nem tinham jogado pelos profissionais e já estavam negociados com o exterior. Agora, vindos do Torneio de Toulon, onde foram campeões pela Seleção Brasileira de Novos, surgem com destaque, Ygor Mamute e Mateus Biteco, que já tinham tido participações no time principal do Grêmio. Se confirmarem a expectativa em torno do seu futebol, quanto tempo permanecerão por aqui? Vale a mesma pergunta para Otavinho, grande revelação do Inter. São jogadores que, por sua qualidade e por serem formados no próprio clube, teriam tudo para se transformarem em grandes ídolos de suas torcidas, mas não se lhes dá tempo para isso, pois logo tomam o rumo do exterior. Um triste quadro, que se agravou desde a edição da malfadada "Lei Pelé", que favorece jogadores, empresários, e todo o tipo de aproveitadores ligados ao futebol, e sacrifica justamente o que há de mais importante nele, que são os clubes.

domingo, 9 de junho de 2013

Goleada

A Seleção Brasileira goleou a França por 3 x 0, hoje à tarde, na Arena do Grêmio, em jogo amistoso. O resultado, é claro, deve ser visto com as devidas reservas. O primeiro tempo terminou empatado em 0 x 0, e a França criou várias chances de gol. No segundo tempo, o panorama seguia semelhante até a Seleção abrir o placar. A partir daí, o entusiasmo brasileiro, somado ao cansaço do adversário, fez com que a França se limitasse a se defender, conformada em perder de pouco. Nem isso, no entanto, foi possível, e, nos minutos finais de jogo, a Seleção Brasileira marcou mais dois gols, um deles de pênalti. O valor maior dessa vitória foi quebrar o ciclo de resultados negativos contra grandes seleções, que vinha desde 2009, e o tabu de não ganhar da França desde 1992. Afora isso, o resultado serve de alento para a Seleção para a estreia na Copa das Confederações, contra o Japão, sábado, no Mané Garrincha, em Brasília. Como destaques individuais no jogo de hoje, podem ser apontados Oscar, Marcelo e Hernanes. Este último, mesmo jogando por pouco tempo, marcou um gol e mostrou que, sempre que entra na equipe, colabora de maneira efetiva. Outro que merece ser lembrado é Hulk. Embora tenha feito reiteradas críticas ao seu futebol, devo reconhecer que teve grande movimentação e foi um atacante perigoso e insinuante. O destaque negativo foi David Luiz, que esteve inseguro no jogo, abusando das faltas e quase marcando um gol contra. Merece ser realçada, também, a linda festa proporcionada pela torcida, emoldurada pela belíssima Arena do Grêmio, estádio que colheu elogios entusiasmados dos que vieram de longe para assistir ao jogo, ou fazer a sua cobertura para os meios de comunicação. Tomara que, a exemplo do que ocorreu em 2001, o Rio Grande do Sul tenha sido o local do início de uma caminhada vitoriosa da Seleção Brasileira.

O mesmo de sempre

O Grêmio perdeu por 2 x 0 para o Atlético Mineiro, na Arena do Jacaré, pelo Campeonato Brasileiro. A atuação do Grêmio foi uma repetição enfadonha de tantas outras. Um time de pouca intensidade, lento, com excessiva troca de passes e sem poder ofensivo. Kléber e Barcos, atacantes caros e famosos, continuam jogando mal. Seus salários, somados, devem chegar a R$ 1 milhão, ou quase. Muito dinheiro para nenhum retorno. O técnico Vanderlei Luxemburgo acabou por se render à realidade e trocou os dois por Welliton e Lucas Coelho. Não adiantou. Welliton comprovou que não tem futebol para jogar no Grêmio, e Lucas Coelho desperdiçou uma oportunidade de gol imperdível. O Atlético Mineiro vinha de seis jogos sem vitória, e encontrou no Grêmio um adversário que facilitou a sua reabilitação. O tempo passa e o Grêmio não evolui. Jogadores saem, outros chegam, mas o rendimento segue insuficiente. O ideal seria que, depois do jogo atrasado contra o São Paulo, na quarta-feira, independentemente do resultado, o Grêmio trocasse o seu técnico, mas isso, infelizmente, não deverá acontecer.

sábado, 8 de junho de 2013

O gol do alívio

O Inter empatou em 2 x 2 com o Cruzeiro, hoje á tarde, na Arena do Jacaré, pelo Campeonato Brasileiro. O resultado, que em outras circunstâncias seria bom, dessa vez não tem porque ser festejado, pois o Inter está muito atrasado na tabela, tendo ganho apenas um jogo em cinco disputados. Ainda assim, o belo gol de Gabriel, que determinou o placar final, trouxe um certo alívio. Afinal, o Inter saiu ganhando mas permitiu a virada, que aconteceu após um pênalti ridículo cometido por Rafael Moura, que deu um tapa na bola. O Inter estava se encaminhando para mais uma derrota, o que, certamente, faria eclodir uma crise no clube, aferventando o ambiente durante os 30 dias em que o Brasileirão ficará paralisado. Até a continuidade de Dunga como técnico do Inter poderia ficar ameaçada. Nesse sentido, o gol de Gabriel foi providencial. Ele permitiu ao técnico e aos dirigentes a valorização do resultado, destacando que o Inter jogou melhor que o Cruzeiro e que o adversário é qualificado e um dos grandes clubes do futebol brasileiro. Em termos objetivos, no entanto, a campanha do Inter é preocupante. Nos cinco jogos que realizou antes da parada da competição, obteve apenas seis pontos em 15 disputados. Para se ter uma ideia da precariedade desse desempenho, seu maior rival, o Grêmio, ganhou sete pontos em nove disputados, ou seja, mesmo que perca os dois jogos que tem atrasados em relação ao Inter, ainda assim ficará com um ponto a mais. Se ganhar as duas partidas, o Grêmio abrirá sete pontos de vantagem sobre o Inter. O que, verdadeiramente, o jogo deixou de bom para o Inter foi a atuação de Otavinho. O menino foi o melhor jogador do Inter em campo, e parece ser mais uma grata revelação das categorias inferiores do clube. Afora isso, ficou, mais uma vez, a certeza de que o Inter precisará agregar muita qualidade, tanto ao time quanto ao grupo, para poder sustentar pretensões maiores no campeonato.

sexta-feira, 7 de junho de 2013

A interdição do Engenhão

Num país em que novos escândalos surgem a cada dia, o do momento é o da interdição do Engenhão. O estádio, construído há, apenas, seis anos, em 2007, para os Jogos Pan-Americanos, no Rio de Janeiro, foi interditado em março, por deformações em sua cobertura metálica. Agora, três meses depois, revela-se que a reforma necessária levará um ano e meio, o que fará com que o estádio só venha a ser reaberto em 2015! Cabe lembrar que o Engenhão custou mais de 300 milhões de reais. Como pode um estádio tão novo e caro já apresentar defeitos estruturais que resultem na sua interdição? Não se trata, é óbvio,de uma fatalidade, mas, sim, do resultado de uma construção mal realizada. O curioso é que ninguém assume a responsabilidade pelo ocorrido. O consórcio que construiu o estádio diz que nada teve a ver com isso. Como sempre, ninguém deverá ser responsabilizado. Os clubes do Rio de Janeiro continuarão com o prejuízo de não ter um estádio para jogar, tendo de realizar partidas no interior, ou até, em outros estados. A reforma, por certo, não custará barato, em mais uma farra com dinheiro público. O futebol, é claro, não é uma ilha. Ele reproduz, em seu âmbito, as vicissitudes do país como um todo. O cidadão comum, no caso o torcedor, é o pato da história. Ele encara o futebol com paixão, enquanto outros enxergam esse esporte, somente, como uma oportunidade de ganhos financeiros. A reforma do Engenhão servirá para que as empresas que a realizarem obtenham altas somas pelo serviço, pago com dinheiro público. Até que ela seja concluída, o torcedor e os clubes continuarão privados do uso do estádio, o que lhes causa grandes transtornos. O pior é que sequer há previsão de quando as obras iniciarão. No país da impunidade, uma obra mal construída não é motivo para punição, é apenas mais uma chance de ganhar dinheiro.

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Aliança oportunista

A imprensa conservadora e reacionária não mede esforços na luta para impor a sua visão de mundo. Pessoas que pouca atenção mereceriam de sua parte podem, de uma hora para a outra, receber uma enxurrada de elogios, desde que adotem o mesmo discurso preconceituoso e bolorento que ela tanto aprecia. Forma-se, então, uma aliança oportunista entre um inocente útil e a imprensa de direita. Exemplo disso é o que acontece, no momento com o cantor e compositor Lobão, que acaba de lançar um livro, "Manifesto do Nada na Terra do Nunca", em que dispara uma série de colocações que soam como música aos ouvidos dos direitistas. Entre outras coisas, Lobão ataca o escritor Oswald de Andrade, a Semana de Arte Moderna de 1922, o atual estágio da Música Popular Brasileira, e compara a presidente Dilma Rousseff com uma anta. Diante da repercussão aos seus disparates, Lobão diz que "é uma delícia provocar a fúria dos idiotas".As manifestações de Lobão, é claro, não passariam em branco para a revista "Veja", símbolo maior do reacionarismo no Brasil. Um dos colunistas da edição on-line da revista, Augusto Nunes, conhecido pelo seu exacerbado direitismo, realizou uma entrevista com Lobão, a quem classificou como alguém que esbanja inteligência e humor. Será possível acreditar que, não fosse o seu livro cheio de ideias reacionárias, Lobão chamaria a atenção de uma pessoa como Augusto Nunes? Muito provavelmente, o jornalista tivesse desprezo por Lobão, mas, diante das suas declarações, teve o seu interesse pelo cantor despertado. Na verdade, Lobão não esbanja inteligência nem humor. Trata-se de alguém que procura gerar polêmica para se manter em evidência. Há pouca coisa de relevante na obra musical de Lobão, que obteve algum destaque quando da explosão do rock brasileiro, no início dos anos 80. Ao contrário de outros nomes que alcançaram sucesso naquele período, no entanto, Lobão viu sua carreira definhar, e procura evitar o ostracismo com declarações de impacto. Lobão classifica os que criticam suas afirmações de idiotas, mas pode-se dizer, sem medo de ser injusto, que o cantor é um pobre coitado. Ao ser cumulado de elogios por Augusto Nunes, está, apenas, sendo usado pelos setores mais espúrios do jornalismo brasileiro. Afinal, um veículo americanófilo e entreguista como "Veja" não pode mesmo ver com simpatia as ideias nacionalistas de Oswald de Andrade e dos modernistas de 1922, e a aversão da revista a Dilma Rousseff é sobejamente conhecida. Porém, é uma aliança tão oportunista quanto inócua. Gera algum barulho, mas nenhuma consequência prática. Para o bem do país.

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Nova frustração

O Inter empatou em 1 x 1 com a Portuguesa, hoje á noite, no Canindé, pelo Campeonato Brasileiro. Foi mais um resultado frustrante para o Inter. Até agora, foram apenas cinco pontos obtidos em 12 disputados. O agravante é que os adversários enfrentados pelo Inter, até aqui, Vitória, Criciúma, Bahia e Portuguesa, tem times modestos e não são postulantes ao título. Contra eles, o Inter conseguiu, apenas, uma vitória, dois empates e uma derrota. Na inevitável comparação com o rival, o Grêmio, que fez um jogo a menos, tem dois pontos a mais. Foram sete pontos ganhos em nove disputados. Mesmo saindo na frente no placar, com um gol de Rafael Moura, que há muito tempo não balançava as redes, o Inter não conseguiu sustentar a vitória, mesmo tendo ficado a maior parte do segundo tempo com um  homem a mais, já que a Portuguesa teve um jogador expulso. Falta para o Inter mais um jogo antes da paralisação para a Copa das Confederações, e será justamente contra o líder do Brasileirão, o Cruzeiro, na Arena do Jacaré. A probabilidade de uma derrota é bastante alta, o que faria o Inter atravessar o período de parada da competição sobre pressão, e sem o tão desejado acúmulo de pontos para enfrentar a retomada dos jogos com mais otimismo. Jorge Henrique já foi contratado, e é provável que Júlio Batista também venha. São bons reforços, mas será preciso agregar ainda mais qualidade ao grupo, principalmente em alternativas para o ataque, se o Inter quiser algo melhor dentro da competição.

Boa vitória

O Grêmio ganhou do Vitória por 1 x 0, hoje à noite, na Arena, pelo Campeonato Brasileiro. Embora com um placar escasso, construído com um gol de falta, o resultado foi merecido. Ao contrário de outras partidas, o Grêmio teve volume de jogo, insistência no ataque e a tão cobrada atitude. Criou várias situações de gol e poderia ter ganho por um score mais alto. Isso só não ocorreu porque os atacantes continuam devendo melhores atuações. Kléber, que dessa vez saiu jogando, teve mais um desempenho insuficiente. Barcos segue com seu jejum de gols. Welliton, que entrou no segundo tempo, novamente, foi muito mal. Ainda em relação às atuações individuais, Souza continua produzindo pouco, e Pará, decididamente, está muito abaixo das necessidades do Grêmio. Com a vitória de hoje, o Grêmio é o quarto colocado e, por ter um jogo a menos, é o segundo em aproveitamento. Poderia ser ainda melhor, caso não tivesse desperdiçado a chance de ganhar do Santos, mas é uma boa campanha. Se nos dois jogos que ainda terá antes da paralisação para a Copa das Confederações, contra o Atlético Mineiro, fora de casa, e o São Paulo, na Arena, o Grêmio obtiver bons resultados, conseguirá a chamada "gordura" para enfrentar o restante da competição com mais tranquilidade.

terça-feira, 4 de junho de 2013

O embate da razão com o obscurantismo

A sociedade brasileira tem alcançado notáveis avanços na área do comportamento. Velhos tabus e preconceitos vão, aos poucos, sendo deixados de lado. Paralelamente, no entanto, forças propagadoras do atraso, apologistas de ideias retrógradas e medievais, tentam deter a marcha inexorável das mudanças nos usos e costumes, apelando para uma retórica tão estridente quanto cínica e hipócrita, sempre calcada na religião, eterna muleta dos defensores do obscurantismo. Nesse aspecto, poucos superam o pastor Silas Malafaia. Basta ter um mínimo de senso crítico para perceber que Malafaia é um lobo em pele de cordeiro. Sua entrevista, tempos atrás, nas páginas amarelas da revista "Veja", deixa isso bem claro. Malafaia é um dos tantos pastores das chamadas igrejas evangélicas, organizações que se especializaram em adotar posturas arcaicas e tungar o bolso dos incautos que se tornam seus fiéis. Pois eis que Malafaia volta às manchetes ao afirmar, referindo-se ao jurista Luís Roberto Barroso: "Vamos descer a ripa nele". Barroso foi indicado pela presidente Dilma Rousseff para ocupar uma cadeira no Supremo Tribunal Federal. O jurista manifestou-se a favor das pesquisas com células-tronco embrionárias, do reconhecimento das uniões homoafetivas e da interrupção da gestação de fetos anencéfalos, assuntos estigmatizados pelos evangélicos. Malafaia estará em Brasília amanhã, na mesma ocasião em que Barroso será sabatinado pelo Senado, para participar de uma "manifestação pacífica" em favor das posições defendidas pelo rebanho evangélico. O pastor também disse não acreditar que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL} vá colocar em votação a criminalização da homofobia. Todo o barulho que Malafaia tenta fazer, felizmente, não deverá ter nenhum efeito prático. Barroso deverá ter sua indicação para o Supremo Tribunal Federal confirmada, e o projeto de criminalização da homofobia será levado à votação. O que Malafaia tenta é fazer uma chantagem com o governo e os parlamentares baseado no grande contingente de eleitores que são evangélicos. Como os políticos detestam perder votos, poderiam se deixar pressionar e voltar atrás em algumas posições para não se incompatibilizarem com essa fatia do eleitorado. Os políticos, contudo, andam a reboque da sociedade, que, em sua maioria, deixou bem claro para onde quer caminhar. Ainda que numericamente expressivos, os evangélicos não constituem a maior parte do eleitorado. No embate entre a razão e o obscurantismo, os brasileiros já firmaram posição em favor da primeira..

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Os desafios de Neymar

Neymar é, indiscutivelmente, o maior jogador brasileiro da atualidade. Porém, suas atuações em 2013, pelo Santos e Seleção Brasileira, estão longe da qualidade de anos anteriores. Com sua ida para o Barcelona, Neymar terá sua prova de fogo. Não será mais a estrela solitária de um time, como ocorria, nos últimos tempos, no Santos. Num grupo recheado de estrelas, sequer será a maior delas, pois esse posto, incontestavelmente, é de Messi, o melhor jogador do mundo. A apresentação de Neymar no Barcelona ocorreu hoje à tarde, pelo horário brasileiro. Milhares de torcedores foram até o Nou Camp para lhe recepcionar. No Brasil, redes de televisão transmitiram o acontecimento ao vivo. Para sua breve estada em Barcelona, já que amanhã, se reapresentará à Seleção Brasileira, Neymar levou um extenso grupo de acompanhantes, incluindo sua namorada, a atriz Bruna Marquezine. Pouco antes de ser negociado, Neymar gravou uma participação numa novela da Rede Globo. Única grande estrela do futebol brasileiro no momento, Neymar tem sobre os seus ombros a responsabilidade de ser o condutor da Seleção ao sexto título de campeã mundial, na Copa do Mundo de 2014. Em se tratando de uma competição que a Seleção disputará dentro de casa, já tendo perdido uma Copa nessas circunstâncias, esse fardo é ainda maior. Até agora, Neymar tem demonstrado um notável equilíbrio diante dessa roda-viva em que se transformou sua existência. Sua queda de rendimento técnico, no entanto, pode ser sintomática. Com tanta tietagem ao seu redor, a imprensa monitorando seus passos, gravações de comerciais, e uma vida pessoal movimentada, Neymar pode estar dispersando o foco de seu compromisso principal, que é jogar futebol. O técnico da Seleção Brasileira, Luís Felipe Scolari, já disse, que, quando retornar para a Seleção, Neymar terá de se concentrar apenas nos treinos e jogos, sem dividir seu tempo com outros atividades. No Barcelona, por certo, o alto grau de profissionalismo do futebol europeu também fará com que Neymar tenha que pisar no freio em relação a seus movimentos fora do campo. Agora, resta torcer para que, em sua nova realidade, Neymar comprove tudo o que dele se espera, e possa tornar-se, em  breve, mais um brasileiro a ganhar o prêmio de melhor jogador do mundo.

domingo, 2 de junho de 2013

Fracasso

O Inter perdeu por 2 x 1 para o Bahia, hoje, no Francisco Stédile, pelo Campeonato Brasileiro. O jogo chegou a estar 2 x 0 para o Bahia. O resultado representa um enorme fracasso do Inter. Todos contavam esse jogo como uma vitória certa do Inter. As previsões para as cinco partidas do Inter antes da paralisação do Brasileirão para a realização da Copa das Confederações eram amplamente otimistas. Afinal, com exceção do Cruzeiro, os demais adversários são clubes pequenos ou médios no contexto nacional. Porém, já na estreia, as expectativas foram frustradas. O Inter, contra o Vitória, na Arena Fonte Nova, já perdia por 2 x 0 aos 11 minutos do primeiro tempo. Ainda conseguiu o empate em 2 x 2, mas a decepção foi evidente. A seguir, veio a vitória sobre o Criciúma, como era esperado, e o otimismo voltou a tomar conta do Inter e do seu  torcedor. O tropeço de hoje, no entanto, coloca  as coisas numa perspectiva mais realista. O Inter tem alguns bons jogadores, mas não um grande time. Depende demais de D'Alessandro e carece de opções no banco de reservas. Seu ataque, que já sofre com a ausência de Leandro Damião, estará, também, nos próximos dois jogos, sem Diego Forlán. Considerando as opções existentes no grupo para escalar na ausência dos dois atacantes, as perspectivas não são nada animadoras. A verdade é que o Inter carece, e muito, de reforços. Se não os contratar, será um mero participante da competição, sem poder aspirar nenhum objetivo maior dentro dela.

sábado, 1 de junho de 2013

Oportunidade desperdiçada

O Grêmio empatou em 1 x 1 com o Santos, hoje à tarde, na Vila Belmiro, pelo Campeonato Brasileiro. O resultado, que em outros tempos poderia ser saudado, foi uma oportunidade de vitória desperdiçada pelo Grêmio. Como já aconteceu várias vezes em 2013, o Grêmio saiu ganhando, mas encolheu-se, inexplicavelmente, permitindo que o adversário empatasse. Para piorar, o gol de empate do Santos foi consequência  de um pênalti claro e infantil cometido por Souza, e a cobrança foi feita por William José, de péssima passagem pelo Grêmio. Os quatro pontos em seis disputados, até aqui, não são ruins. Porém, o Grêmio tinha tudo para obter mais uma vitória, e novamente deixou-a escapar. Algumas situações são inquietantes em relação aos jogadores. Vargas não só marcou o gol do Grêmio, como foi o melhor do time em campo. No entanto, é possível que o Nápoli requisite o seu retorno, o que seria terrível para os interesses do Grêmio. Barcos continua no seu jejum de gols, o que é extremamente preocupante. Fernando fez muita falta, mas talvez seja vendido. Pará continua um lateral direito muito abaixo das necessidades do Grêmio. O próximo jogo do Grêmio, contra o Vitória, quarta-feira, na Arena, aparentemente, seria fácil. Porém, em três jogos, o Vitória obteve sete pontos, com, pela ordem, um empate e duas vitórias. A impressão que ficou, após o jogo de hoje, é que o Grêmio do técnico Vanderlei Luxemburgo continua o mesmo, isto é, sempre que precisa mostrar imposição, repetidamente, fracassa. O melhor a fazer, independentemente dos resultados que venham a ser colhidos nas três partidas que restam até a parada para a Copa das Confederações, é aproveitar esse período sem jogos para trocar o técnico e injetar um novo ânimo no grupo.