quinta-feira, 4 de abril de 2013

A nova face do Brasil

Duas manifestações públicas, ocorridas nessa semana, de personalidades do meio musical, repercutiram fortemente junto ao público, e mostraram, para desconsolo dos conservadores, a nova face do Brasil, muito menos afeita ao ranço e ao preconceito. A primeira a manifestar-se foi a cantora Joelma, da Banda Calypso, adepta de uma igreja evangélica, que comparou os homossexuais a drogados, entre outras observações de cunho homofóbico. Suas declarações tiveram repercussão imediata, sendo muito mal recebidas pela maioria das pessoas. Joelma, ao perceber o impacto negativo do que dissera, tentou se retratar, sem êxito. Entre outras consequências de suas afirmações, o marido de Joelma, Chimbinha, seu companheiro na Banda Calypso, entrou em depressão e procurou ajuda de um psiquiatra, e o filme que ira ser produzido sobre o grupo foi cancelado. Dias depois, outra cantora agitaria o país com uma declaração. Daniela Mercury, mãe de cinco filhos, dois biológicos e três adotados, e que, em novembro, terminara um casamento, assumiu que está vivendo um relacionamento amoroso com uma mulher. A repercussão do que disse Daniela foi bem diferente em relação ao que falou Joelma. Várias mensagens de apoio a Daniela, tanto de anônimos quanto de famosos, surgiram, rapidamente, nas redes sociais. A coragem de Daniela em assumir sua bissexualidade, sem hipocrisias, foi vista com bons olhos pela maioria das pessoas. Claro que há muitas pessoas que partilham das posturas homofóbicas de Joelma e que condenam veementemente o comportamento de Daniela Mercury, mas elas já não são preponderantes. Seus berros são abafados pelas vozes, em bem maior número, dos que não mais toleram o obscurantismo e o falso moralismo disfarçados de princípios religiosos. Os dois fatos, acontecidos numa mesma semana, evidenciam um embate que se trava, nesse momento, na sociedade brasileira, entre os defensores do atraso e do medievalismo contra os arautos de novos tempos, plenos de liberdade. As reações verificadas na opinião pública não deixam dúvidas de qual grupo sairá vencedor dessa disputa. O Brasil ainda tem muto o que avançar como sociedade, mas já exibe uma nova face. Nela, não há mais futuro para quem aposta na discriminação, na segregação, no ódio e no preconceito. Os que desfraldam tais bandeiras continuarão a gritar seus impropérios, mas serão cada vez menos ouvidos.