sexta-feira, 11 de abril de 2014

Capitulação

O presidente da Portuguesa, Ilídio Lico, anunciou, hoje, que o clube desistiu de brigar na Justiça, e irá disputar o Campeonato Brasileiro da Segunda Divisão. Uma capitulação que já era esperada. Desde o início ficou claro que a Portuguesa não teria forças para lutar contra um rebaixamento que proporcionou a manutenção do poderoso Fluminense na Primeira Divisão. Eis aí o execrável de todo esse caso. A Portuguesa fez o suficiente, dentro de campo, para se manter na Série A. O Fluminense, ao contrário, cometeu o vexame de cair um ano depois de ter sido campeão brasileiro. A escalação irregular de um jogador, por parte da Portuguesa, quando faltavam apenas alguns minutos para terminar a partida contra o Grêmio, cujo resultado de 0 x 0 convinha aos dois clubes, redundou no seu rebaixamento, pela perda de pontos no tribunal, e manteve o Fluminense na elite do futebol brasileiro. Mesmo que a Portuguesa tenha incorrido num erro ao escalar o jogador Héverton irregularmente, sua punição não poderia implicar numa queda de divisão e, o que é pior, no não rebaixamento do Fluminense. O clube carioca recebeu um enorme benefício, sem nada fazer para merecê-lo. A melhor maneira de punir a Portuguesa seria mantê-la na Primeira Divisão, mas imputando-lhe um déficit de pontos com o qual iniciaria a competição. Essa solução já foi adotada na Itália. Com isso, a Portuguesa receberia uma sanção por uma falha cometida, mas sem que um terceiro fosse, indevidamente, beneficiado. O castigo acabou sendo excessivo para a Portuguesa, e o favorecimento ao Fluminense, um prêmio à incompetência de quem, dentro do gramado, foi incapaz de se garantir na Série A. Essa já é a terceira vez em sua história que o Fluminense se mantém ou sobe para a Primeira Divisão em função de decisões de gabinete. A Portuguesa tem pouca torcida e não dispõe de força política. Nessa semana, foi eliminada da Copa do Brasil, em pleno Canindé, pelo modesto Potiguar, de Mossoró (RN). Acabou tendo de se submeter à punição que lhe impuseram, por que ninguém estaria disposto a comprar a sua causa, o que certamente aconteceria em se tratando de um grande clube. Particularmente, acho essa situação revoltante, e um retrocesso no futebol brasileiro, que evoca as tristes "viradas de mesa", tão comuns no passado. Mais uma vez, valeu a "lei do mais forte", e o esporte saiu arranhado na sua ética.