sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Desenvolvimento vertiginoso

Nascido que sou em Rio Grande, vejo com um misto de entusiasmo e preocupação o que está ocorrendo no município. Depois de décadas de estagnação econômica, em contraste com um passado próspero, eis que Rio Grande se vê numa onda de desenvolvimento, em função do Pólo Naval que ali se instalou. Assim, de uma hora para outra, condomínios residenciais, prédios comerciais, hotéis e shopping centers passaram a ser erguidos, numa sequência febril de construções, e já se projeta que o município, em dez anos, se tornará o segundo mais importante do Rio Grande do Sul, ficando atrás, apenas, da capital, Porto Alegre. A população saltará, nesse período, dos atuais 198 mil habitantes para 420 mil. Milhares de empregos estão sendo gerados e já há, até, escassez de mão-de-obra na construção civil. Um quadro, portanto, que parece muito bom, mas que enseja algumas preocupações. Rio Grande, por ser um município que está apenas 2 metros acima do nível do mar, tem um solo mais instável para edificações. Em função disso, até onde sei, a legislação do município não permite a construção de prédios com mais de dez andares. No entanto, para minha surpresa, entre os ediifícios que estão sendo erguidos em Rio Grande, alguns tem 16 andares. O que foi feito da lei que vedava tais construções? Houve um estudo técnico autorizando o aumento de patamar das edificações, ou os interesses financeiros falaram mais alto, pondo em risco os seus futuros ocupantes? Afora isso, a profusão de novos prédios residenciais e comerciais não poderá descaracterizar o belo patrimônio arquitetônico de Rio Grande? Como município mais antigo do Estado, Rio Grande tem uma linda história e uma arquitetura preciosa que deve ser preservada, a qualquer custo. Não é bom imaginar que a bela cidade de construções planas e casas antigas se veja transformada numa coleção de prédios que só iriam deformá-la visualmente. Rio Grande pode e merece crescer, em benefício de seus moradores. Porém, cabe às pessoas responsáveis não permitir que a cidade perca alguns de seus atributos mais apreciáveis, como o seu bonito casario, suas ruas impregnadas de história, sua tranquilidade, sua paisagem inspiradora. Espero que todos aqueles que tenham o poder de tomar decisões a respeito tratem de compatiblizar o desenvolvimento do município com a preservação do seu patrimônio histórico e da sua qualidade de vida.