segunda-feira, 3 de setembro de 2018

O incêndio do Museu Nacional

Nunca um acontecimento traduziu com tanta precisão o estágio deprimente em que se encontra o Brasil. Num país governado por um golpista, com a cultura sucateada, mergulhado na corrupção e com um candidato a presidente que propõe o uso da violência como solução administrativa, o incêndio do Museu Nacional, no Rio de Janeiro, é a demonstração de que nada é tão ruim que não possa piorar. Um enorme e qualificado acervo de mais de 20 milhões de itens, vira cinzas em poucas horas, resultado direto da indiferença com que os detentores do poder tratam os bens culturais. O contingenciamento de verbas, que impede a preservação e manutenção dos museus do país, ocorre porque a prioridade do governo é atender os interesses do grande capital, favorecido com toda a sorte de incentivos e isenções. A direita não preza a cultura, nem a educação. Por motivos óbvios, já que o seu projeto de subjugação da sociedade se fortalece com uma população privada do conhecimento. Num país em que as más notícias parecem soterrar a todos, o incêndio de ontem foi o ápice. O Brasil é um barco à deriva. Cabe aos eleitores lembrarem disso na eleição presidencial, para que tamanho descaso com a história e memória do país não volte a acontecer.