quinta-feira, 23 de setembro de 2021

Punindo o jogo bonito

O futebol tornou-se um negócio milionário. Porém, na mesma medida em que as cifras de aquisições de jogadores e de seus salários cresceram espantosamente, a qualidade do futebol diminuiu. Várias são as razões para que isso tenha acontecido. Há menos disponibilidade de áreas livres nas cidades onde crianças podem jogar livremente e desenvolver sua técnica, por exemplo. No entanto, o futebol de pouco brilho técnico em comparação com outros tempos também se explica pelo fato de que, hoje, as jogadas de efeito são vistas como um desrespeito ao adversário, o que é um total absurdo. Estào punindo o jogo bonito, que encanta o público. Ontem, no Campeonato Francês, o jogador brasileiro Lucas Paquetá, do Lyon, recebeu um cartão amarelo por aplicar uma "carretilha" num adversário, na vitória de seu clube sobre o Troyers por 3 x 1, de virada. Neymar ao tomar conhecimento do fato, protestou, por não entender porque se pune quem faz uma bela jogada. Na verdade, ninguém pode entender tamanha aberração. Com tais critérios, Garrincha não poderia jogar atualmente, pois seu futebol se baseava na individualidade, aplicando muitos dribles em seus marcadores. Com um calendário cada vez mais inchado de competições, e punindo a criatividade, o futebol aposta, cada vez mais na quantidade de jogos, em detrimento da qualidade. Em vez de jogadores inventivos, robôs de grande preparo físico. Para quem viveu a época de ouro do futebol, com grandes craques em profusão, o panorama atual é desolador.