quinta-feira, 24 de abril de 2014

Nivelamento

O futebol, no Brasil e na América do Sul, vive um nivelamento poucas vezes visto. Porém, lamentavelmente, é uma equiparação por baixo. Os exemplos surgem a cada dia. O campeão paulista de 2014 foi o modesto Ituano, superando os grandes clubes de seu Estado. No Campeonato Paranaense, a decisão foi entre dois clubes do interior, Londrina e Maringá, com o título ficando com o primeiro. Na Libertadores, a confirmação de que todos se parecem, independentemente da tradição, veio logo nas oitavas de final. Vélez Sarsfield, Grêmio e Atlético Mineiro, primeira, segunda e quarta melhor campanha da fase de grupos da competição, respectivamente, perderam o jogo inicial, fora de casa, e terão de buscar a reversão em seus domínios. O Santos Laguna, terceira melhor campanha, já foi eliminado. Os clubes mais tradicionais possuem camisetas de grande apelo e folhas de pagamento altas, mas dentro de campo todos se parecem. Não há grandes craques que façam a diferença, pois quando eles surgem, logo ganham o rumo da Europa. Camisetas outrora vestidas por nomes notáveis, hoje são defendidas por jogadores, na maioria, apenas medianos e esforçados. Curiosamente, numa época de um futebol tão escasso em qualidade, os preços dos ingressos estão cada vez mais altos. A verdade é que o que move o torcedor é a identificação com o seu clube, pois o futebol apresentado em campo não é capaz de seduzir ninguém. Só por isso ele ainda não abandonou os estádios. Por um lado, esse nivelamento torna as competições mais equilibradas e imprevisíveis, o que é interessante. Por outro, no entanto, por ser resultado de uma mediocridade compartilhada, proporciona jogos muito pobres tecnicamente. Num esporte em que os valores financeiros envolvidos são muito altos, a qualidade do futebol apresentado em campo está sendo inversamente proporcional ao que é investido.