quarta-feira, 18 de janeiro de 2023

A autonomia do Banco Central

Uma bobagem. Assim o presidente Luíz Inácio Lula da Silva classificou a autonomia do Banco Central. Lula foi sutil na sua declaração. Na verdade, a autonomia, ou independência, do Banco Central, é um absurdo. Antiga aspiração da elite conservadora, foi implantada em 2021, aprovada pelo Congresso e sancionada pelo então presidente Jair Bolsonaro. Nada mais é do que um ardil da direita para que, mesmo num governo de esquerda, as políticas econômicas neoliberais e a propalada "austeridade fiscal" continuem prevalecendo. Como o mandato do presidente e diretores do Banco Central também é de quatro anos, mas não coincidente com os dos governos, suas decisões estariam livres de "pressões políticas". Conversa fiada. O atual presidente do banco, Roberto Campos Neto, tem mandato até 2025, quando o governo Lula já estará em seu penúltimo ano. Campos Neto é um neoliberal de carteirinha. Seu avô, Roberto Campos, era uma nefasta figura que foi ministro da Fazenda do governo Castelo Branco, o primeiro da ditadura militar. Como bem colocou Lula, a independência do Banco Central de nada está servindo, pois a inflação disparou. Governar é um ato político. Nada mais legítimo do que um governo influir na atuação do Banco Central. A ideia de "blindar" o Banco Central das ações do governo só favorece os grupos econômicos privilegiados de sempre, não serve aos interesses da maioria da população. Lula não deveria se limitar à crítica, mas tentar revogar essa medida.