quinta-feira, 7 de junho de 2012

O julgamento do mensalão

O Supremo Tribunal Federal aprovou ontem, em sessão administrativa, um cronograma de julgamento do processo do mensalão. Pelo cronograma, o julgamento começaria no dia 1º de agosto e se estenderia, pelo menos, até o início de setembro. O calendário, contudo, depende de o ministro Ricardo Lewandowski concluir a revisão do processo até o final de junho. Lewandowski garantiu que entregará a revisão do processo até o final do mês. Será muito bom que tudo isso se confirme. O país já convive com o assunto mensalão há sete anos. Afora o estardalhaço e o sensacionalismo em torno do tema praticado pela revista "Veja", o mensalão não teve maior repercussão junto à opinião pública. A prova disso é que, tendo ocorrido em 2005, o que "Veja" qualifica como "o maior escândalo político brasileiro de todos os tempos" não impediu que, no ano seguinte, o presidente Luís Inácio Lula da Silva conseguisse a sua reeleição, nem que, passados mais quatro anos, a candidata por ele apoiada se tornasse sua sucessora no cargo. Não estou aqui a minimizar a gravidade dos fatos acontecidos, nem a defender a impunidade das pessoas envolvidas. Saúdo a realização do julgamento ainda em 2012 para que não se corra o risco da prescrição de crimes, e para que tenhamos, finalmente um desfecho para o caso. Espero que, provada a culpa de quem quer seja, haja a devida punição. Seria bom que, em caso de condenação, a pessoa fosse banida da atividade política. O mensalão não pode se perpetuar como um assunto em pauta, tem de ser esclarecido de uma vez por todas. No entanto, no meu entender, seja  qual for o resultado do julgamento, não terá repercussão nas urnas. O mensalão é um assunto que empolga a oposição e frequenta rodas de conversa de pessoas mais bem situadas na escala social, mas é, praticamente, ignorado pela grande massa do eleitorado. O eleitor, como se sabe, não vota com o coração nem com o cérebro, mas com o estômago e o bolso. Como nesses dois aspectos, ao menos por ora, a maioria dos brasileiros parece satisfeita, o atual governo não tem o que temer. A tendência é que, em 2014, o PT e seus aliados ganhem mais uma eleição para presidente. Essa perspectiva é mais do que evidente. O resultado do julgamento do mensalão, para frustração de alguns, não terá o poder de alterá-la.