quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Inveja

Dentre os sentimentos humanos, a inveja é um dos mais rasteiros. Ao desdenhar do sucesso alheio, questionando seu merecimento, o indívíduo expõe o tamanho do seu despeito. Tais conceitos me assaltam ao tomar conhecimento de uma declaração do ex-jogador de futebol moçambicano, naturalizado português, Eusébio. Atacante habilidoso, Eusébio foi o maior destaque de Portugal na Copa do Mundo de 1966, na Inglaterra, a primeira de que a seleção daquele país participou, fazendo grande campanha e obtendo o 3º lugar. Porém, se dentro do campo foi um grande jogador, fora dele Eusébio revela-se um homem pequeno. A declaração a que me refiro foi dada por Eusébio em um evento no Rio de Janeiro. O ex-jogador disse que lamentava as atitudes que Pelé tinha em campo contra os zagueiros, e acrescentou que Garrincha "paralítico" foi o maior jogador brasileiro de todos os tempos. Tanto no Brasil, como no exterior, há pessoas que, por inveja, ousam por em dúvida a condição de maior jogador de todos os tempos atribuída a Pelé. Maradona insiste em provocar Pelé e em reivindicar para si a condição de o melhor entre todos. Messi disse que nunca viu os lances de Pelé, mas que isso não lhe faz falta. Leônidas da Silva, um dos grandes jogadores brasileiros da era pré-Pelé, também mostrava mágoa pelo fato do Rei do Futebol ter lhe suplantado em fama e reconhecimento. Leônidas, Eusébio, Maradona e Messi tem em comum a condição de grandes craques, que foram ou são, mas mostram-se, também igualados pela inveja diante de alguém que, sabidamente, foi superior a eles e a qualquer outro jogador. Só a inveja ou a mais absoluta burrice podem fazer com que alguém deixe de reconhecer em Pelé um talento insuperável, sua indiscutível condição de melhor jogador de todos os tempos. No caso de Eusébio, sua declaração, além de despeitada, foi extremamente deselegante, pois foi feita no Brasil, o país de Pelé. Ao agirem dessa forma, Eusébio, Maradona e outros demonstram que seus talentos se resumem ao trato com a bola dentro do campo. Fora dele, melhor seria que permanecessem de boca fechada.