quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Homenagem descabida

Tendo nascido no município de Rio Grande (RS), terra pela qual sou apaixonado, não posso ficar indiferente ao fato de que o prefeito Fábio Branco (PMDB) pretende construir uma estátua para homenagear Golbery do Couto e Silva, o execrável mentor do abjeto golpe militar de 1964. Golbery, infelizmente, também nasceu em Rio Grande, o que deveria ser encarado como uma nódoa pela municipalidade, e não como algo a ser exaltado. O pior é que, à exceção de um vereador do PC do B, os demais aprovaram a proposta. Rio Grande tem muitos filhos ilustres, nas mais diversas atividades, mas esse não é o caso de Golbery. Só grandes personalidades, autoras de feitos magníficos, são merecedoras de tão grandiosa homenagem como a de ter erigida uma estátua em local público. O nefasto Golbery, ao contrário, merece ser relegado ao rodapé da história, como um dos artífices de uma ditadura militar que interrompeu o ciclo democrático do país, perseguiu, prejudicou, torturou e assassinou pessoas que lutavam por um Brasil mais justo. Num país que, há 26 anos, retomou a caminhada democrática, a construção de tal monumento constitui-se num acinte, uma afronta inaceitável para todos os que buscaram o retorno ao estado de direito, alguns até com o sacrifício da própria vida. Caso a estúpida idéia venha a se concretizar, Rio Grande será motivo de comentários em todo o país, e talvez até no exterior, não para receber elogios pela iniciativa, mas como motivo de chacota pelo apreço despropositado por uma figura repugnante e desprezível da história do Brasil.