sábado, 13 de junho de 2020

Uma ameaça nada velada

Os militares brasileiros não se emendam. Seu autoritarismo, arrogância, prepotência e desprezo pela democracia são orgânicos. Ontem, isso foi demonstrado mais uma vez. Ao tentar dissipar a possibilidade de ser deflagrado um golpe militar no país, o secretário geral de governo do presidente Jair Bolsonaro, general Luiz Eduardo Ramos, após negar essa hipótese, acrescentou que a oposição não deve "esticar muito a corda". Como se vê, Ramos fez uma ameaça nada velada sobre a chance de que, sim, os militares intervenham na política. O vice-presidente Hamilton Mourão também foi veemente ao negar que uma intervenção militar venha a ocorrer. Porém, ao comentar a possibilidade de cassação da chapa que compôs com Bolsonaro na eleição presidencial, Mourão disse ter certeza de que o Tribunal Superior Eleitoral julgará a questão com "equilíbrio", ou seja, fez o mesmo "morde e assopra" de Ramos. Desde sempre, as Forças Armadas brasileiras, e em especial o Exército, arrogam-se o "direito" de tutelar a política no país. Em nome de "restituir" a ordem, ao longo da história, conspiram contra o poder instituído, planejam e executam golpes. A ignorância e o servilismo de grande parte da população brasileira faz com que, num típico exemplo da Síndrome de Estocolmo, em que a vítima venera o seu algoz, essa posição totalmente descabida seja convalidada. O respeito à farda como se ela fosse um símbolo de integridade, o que, evidentemente, não é, tem custado um preço muito alto para o Brasil, ao longo dos anos, e explica o porquê um país com tanto potencial se encaminhe para ser uma república das bananas.