domingo, 17 de abril de 2016

Golpe

O Brasil está de luto. A democracia sofreu uma violenta agressão. A Câmara dos Deputados aprovou, hoje, a admissibilidade do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Numa votação abjeta e patética, muitos deputados federais obscuros e em busca de seus quinze minutos de fama, fizeram manifestações em favor do impeachment saudando familiares e reverenciando antepassados. Um espetáculo tremendamente asqueroso e deprimente, liderado pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), um canalha com contas bancárias na Suíça. A jovem e frágil democracia brasileira está sendo vítima de um golpe dos mais repugnantes. Para que isso se concretizasse, uma série de fatores contribuiu. A ação deliberada, mais uma vez, da grande imprensa, como ocorreu em 1964. A despolitização de grandes parcelas do eleitorado brasileiro, que as tornam presas fáceis de artimanhas golpistas. Os interesses contrariados de grupos políticos e econômicos insatisfeitos com o governo Dilma Rousseff e que não assimilaram a derrota nas eleições de 2014. A ambição de Michel Temer em obter, de forma indireta, um cargo que jamais conseguiria nas urnas. Uma presidente legitimamente eleita não pode ser afastada dessa forma. Resta a decisão do Senado, mas, perdida a primeira batalha, é improvável uma reversão. Pobre Brasil, jogado nas trevas do golpismo mais uma vez.