quinta-feira, 7 de julho de 2011

Mais um ministro que cai

Em apenas seis meses de mandato, a presidente Dilma Roussef já perdeu o seu segundo ministro. Depois da saída de Antônio Palocci Filho do cargo de ministro-chefe da Casa Civil, agora foi o ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, que deixou o governo. Palocci caiu devido ao espantoso aumento de seu patrimônio, que se multiplicou 20 vezes em apenas quatro anos, quando cumpria um mandato de deputado federal paralelamente à atividade de consultor de empresas. Alfredo Nascimento também sai por motivos semelhantes. As denúncias contra Nascimento incluem um esquema, montado no ministério, de superfaturamento e recebimento de propinas por meio de empreiteiras. Afora isso, o arquiteto Gustavo Morais Pereira, filho de Nascimento, criou uma empresa, a Forma Construções, com um capital social de R$ 60 mil. Dois anos depois, a Forma Construções já amealhava um patrimônio de R$ 50 milhões, num espantoso crescimemto de 86.500%! O Ministério Público Federal do Amazonas investiga um elo entre a firma de Gustavo e uma empresa que recebeu verba do Minsitério dos Transportes. Assim como Paloccci, Nascimento foi uma herança que o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, deixou para Dilma. Não foram escolhas pessoais da atual presidente. Aos poucos, devido aos escândalos, Dilma está tendo a oportunidade de colocar pessoas escolhidas por ela em áreas estratégicas do governo. No caso do Ministério dos Transportes, isso tende a ser mais difícil. O ministério é da cota de poder do PR, que insiste em indicar o nome do substituto de Nascimento seguindo critérios políticos, em vez de aceitar o preferido de Dilma, o atual secretário executivo da pasta, Paulo Sérgio Passos. Esse é o grande problema do atual modelo de governabilidade, baseado no loteamento de cargos entre os partidos da base aliada. O governante fica refém de indicações políticas que, quase sempre, não são as melhores para o interesse do país. Menos mal que, no entanto, os membros do governo envolvidos em denúncias de corrupção não estejam sendo mantidos em seus cargos. Ao demitir ministros sobre os quais pesam graves suspeitas quanto à conduta, Dilma preserva a imagem de seu governo e reafirma seu conceito de administradora austera, que não compactua com deslizes éticos. Dois casos rumorosos em tão pouco tempo de governo, inquietam a opinião pública, mas, pelo menos, resta o consolo de que a presidente Dilma não tem procrastinado as medidas para enfrentar tais situações. As demissões de Palocci e Nascimento mostram que o governo federal tem enormes focos de corrupção em seu interior, mas que Dilma Roussef não hesita em tentar debelá-los.