quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

A decadência da escola pública

Houve um tempo em que o ensino público era motivo de orgulho no Brasil. Escolas públicas ofereciam uma educação de altíssima qualidade. Não era necessário para as famílias recorrerem às escolas pagas para prover um ensino de alto padrão para seus filhos. Infelizmente, este tempo está cada vez mais distante. Num processo que se arrasta há décadas, a cada governo, independentemente de orientação ideológica, a escola pública vive uma realidade de abandono, precariedade, falta de professores, prédios em péssimo estado. Muitos culpam a universalização do ensino por tal quadro, como se o fato de garantir-se o acesso de todos à escola não tornasse possível oferecer uma educação de bom nível. Dessa forma, amplia-se o fosso social brasileiro. Os situados da classe média para cima na escala econômica garantem uma boa educação para seus filhos recorrendo às escolas pagas. Aos mais pobres, que não tem recursos para tanto, restam as escolas públicas, que vivem uma rotina de ensino de má qualidade, falta de professores para lecionar determinadas matérias, salas de aula em mau estado, atraso no início do ano letivo. A quem interessa tamanho descalabro? Por que os sucessivos governos, mesmo os de face popular, nada fazem para alterar este quadro? O Brasil possui milhões de analfabetos funcionais, isto é, pessoas que sabem ler e escrever, mas são incapazes de interpretar adequadamente o sentido de um texto. Nas pesquisas comparativas com o nível de ensino de outros países, estamos sempre nos últimos lugares. Se à grande massa carente do país é oferecido um ensino cada vez pior, como mudar esse panorama? Até quando a educação aparecerá como prioridade nos discursos de políticos em campanha, para, logo depois, ser esquecida? As matérias sobre a retomada das aulas nas escolas públicas, publicadas nos jornais, mostram uma situação desanimadora. Mais do que isto, revoltante. Afinal, um ensino público de má qualidade cria um abismo social entre os pobres e os demais segmentos da sociedade, perpetuando desigualdades. A indiferença com que os governos tratam a educação pública mostra que o Brasil, embora esteja se tornando mais próspero, continua um país, socialmente, muito injusto.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Podia ser ainda melhor

Para os interesses do Grêmio, o ideal era que o jogo Huachipato x Fluminense, hoje à noite, terminasse empatado. Porém, a vitória do Fluminense por 2 x 1 não chega a ser ruim. O Fluminense saltou da lanterna do grupo para a liderança provisória, até que o Grêmio jogue contra o Caracas, em casa, na terça-feira. Caso o Grêmio vença, como é de se esperar, a classificação dos dois brasileiros ficaria praticamente definida, já que o Huachipato, com a segunda derrota consecutiva em casa, e tendo como próximo jogo o Fluminense, no Engenhão, está quase sem chances, e o Caracas ainda terá de jogar, como visitante, com o clube carioca. Dessa forma, tudo o que restaria seria a definição de quem ficaria em primeiro lugar no grupo. O Fluminense tem a vantagem de já ter enfrentado Caracas e Huachipato fora de casa, o que o Grêmio ainda terá de fazer. Em compensação, o Grêmio goleou o Fluminense jogando no Engenhão, e agora irá enfrentá-lo em casa. Tudo indica que será uma disputa acirrada. O problema do Grêmio é que ele está quase obrigado a vencer Caracas e Huachipato fora de casa, pois o Fluminense já o fez. Se conseguir, contudo, deverá ser o primeiro colocado do grupo, pois, num confronto direto com o Fluminense, o fator campo deverá pesar a seu favor.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Erros e acertos do Oscar

Assisti a todos os nove filmes que concorriam ao Oscar da categoria, antes da cerimônia de entrega das estatuetas, ocorrida no domingo. Também assisti a todos os filmes que tinham nomes indicados para concorrer aos prêmios de ator e atriz, tanto principais como coadjuvantes, à exceção de "O Impossível", que valeu a indicação de Naomi Watts para melhor atriz. Assim, me sinto em condições de discorrer sobre as principais premiações do Oscar. Os prêmios para ator, principal e coadjuvante, foram os mais indiscutíveis. O ator austríaco Cristoph Waltz voltou a ganhar como coadjuvante, quatro anos depois de obter o mesmo prêmio. Em 2009, sua premiação se deu por "Bastardos Inglórios", filme dirigido por Quentin Tarantino. Agora, por "Django Livre", outro filme do mesmo diretor. Em ambos, sua atuação não é menos que magnífica. O Oscar de ator principal, para Daniel Day Lewis, era mais do que previsível. Este é o terceiro Oscar de Lewis, um recorde entre os homens e apenas um a menos que a recordista geral, Katherine Hepburn, até hoje imbatível com seus quatro prêmios. Lewis é um ator intenso, que incorpora um personagem como poucos são capazes de fazer. Sua atuação no papel-título de "Lincoln" já havia obtido outras premiações, e o Oscar veio, apenas, confirmá-las. Já os vitoriosos de outras das categorias mais importantes não foram tão incontestáveis. Anne Hathaway, por "Os Miseráveis", era mesmo a mais cotada para ganhar como melhor atriz coadjuvante, e, portanto, não houve qualquer injustiça em sua vitória. Porém, se Amy Adams, de "O Mestre", fosse a escolhida, seria justo da mesma forma. O prêmio de melhor diretor para Ang Lee, por "As Aventuras de Pi", não ficou mal, mas qualquer outro dos indicados que ganhasse faria por merecer a conquista. O mesmo não se pode dizer dos escolhidos para atriz principal e melhor filme. Jennifer Lawrence fez um bom trabalho em "O Lado Bom da Vida" e, aos 22 anos, já concorria a um Oscar pela segunda vez, o que é uma demonstração de seu talento. No entanto, o filme que lhe valeu a indicação é uma obra menor, uma comédia despretensiosa. Já Emmanuelle Riva, que completou 86 anos exatamente no dia da festa do Oscar, teve uma atuação grandiosa no multipremiado "Amor", que ganhou o Oscar de filme estrangeiro e também concorreu ao prêmio principal de sua categoria. Jennifer Lawrence tem toda uma vida pela frente para ganhar oscars. Sua vitória lembra o que aconteceu com outra veterana e extraordinária atriz, a brasileira Fernanda Montenegro, que, em 1998, concorrendo ao Oscar de Melhor Atriz por "Central do Brasil", foi derrotada pela então iniciante Gwyneth Paltrow, de "Shakespeare Apaixonado" . Em ambas as ocasiões, ficou a impressão de uma "patriotada" americana. A escolha do melhor filme também merece reparos. "Argo" é um bom filme, já havia ganho outros prêmios, mas nada tem de excepcional. Sua temática, a de uma operação bem sucedida para resgatar americanos em risco abrigados na embaixada do Canadá no Irã, pareceu ter sido decisiva. A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood quase sempre é mais simpática aos filmes laudatórios ao americanismo do que a obras mais críticas ou questionadoras. Particularmente, eu teria optado por "Django Livre", cuja longa duração, de duas horas e quarenta e cinco minutos, nem é sentida pelo espectador, tal o dinamismo de seu desenrolar. Se "Argo" é tão bom assim, como entender que seu diretor, Ben Affleck, não tenha sido indicado para concorrer ao prêmio de sua categoria? Enfim, são acertos e erros do mais prestigiado prêmio do cinema mundial, que alcançou, este ano, a sua 85ª edição.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Um dia para ser celebrado

No dia de hoje, 25 de fevereiro, há um fato a ser celebrado. Nesta data, em 1943, nascia George Harrison, que, portanto, se vivo fosse, estaria completando 70 anos. Infelizmente, vitimado por um câncer, George faleceu em 2001, com apenas 58 anos. George deixou uma legião de fãs espalhados pelo mundo. Guitarrista de inegável talento, era, também, um compositor inspirado. Embora, como músico, fosse o mais qualificado dos Beatles, condição reconhecida por Paul McCartney em entrevista concedida no Brasil, em 2010, George não teve o espaço que merecia no grupo. A batalha de egos entre Paul McCartney e John Lennon lhe relegava a um injusto segundo plano. George tinha imensa dificuldade em conseguir que suas composições fossem gravadas pelo grupo e, quando isto acontecia, muitas vezes lhe era reservado o lado "b" de um compacto. George teve apenas 22 composições gravadas pelos Beatles. Ainda assim, deixou sua marca. Uma destas composições, "Something", é a segunda música dos Beatles em número de regravações, atrás, apenas, de "Yesterday". Frank Sinatra, um dos artistas que a regravou, definiu "Something" como "a mais bela canção de amor já escrita". Também são inesquecíveis músicas como "While My Guitar Gently Weeps", "Here Comes The Sun" e "Taxman". Na carreira solo, George foi o primeiro beatle a atingir o primeiro lugar das paradas com "My Sweet Lord", em novembro de 1970, e também o último a alcançar tamanho feito com "Got My Mind Send On You", em janeiro de 1988. Seu primeiro disco solo, o álbum triplo "All Things Must Pass", de 1970, foi um sucesso absoluto de público e crítica, e é, na minha opinião, a melhor criação individual de um beatle. Por tudo isso, hoje é um dia para reverenciar a memória de George Harrison, e lamentar que ele tenha nos deixado tão cedo. Obrigado por tudo, George!

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Tudo como estava previsto

Não houve nenhuma surpresa no resultado do Gre-Nal de hoje à tarde, no estádio Francisco Stédile, em Caxias do Sul, válido pelas quartas-de-final do primeiro turno do Campeonato Gaúcho. O Grêmio se propôs a perder, o que, efetivamente, aconteceu. Não havia qualquer razão para que o Grêmio não escalasse os seus titulares, mas, ainda assim, o time entrou em campo com nove reservas. Como se não bastasse o fato de escalar um time com jogadores que não costumam atuar juntos, o técnico do Grêmio, Vanderlei Luxemburgo, adotou, no início da partida, o esquema 3-5-2, ao qual o grupo não está habituado. A consequência de todos esses desatinos foi mais uma derrota em Gre-Nal, fazendo com que o Inter tenha alcançado uma vantagem de 24 vitórias a mais que o Grêmio nos confrontos diretos. O placar foi o mesmo do Gre-Nal anterior, 2 x 1, e, novamente, o Grêmio só marcou seu gol depois de ter sofrido dois. Caso tivesse jogado com seus titulares, o Grêmio, provavelmente, teria ganhado o Gre-Nal, o que eliminaria  o Inter do primeiro turno do Gauchão, o colocaria em férias forçadas, e, certamente, deflagraria uma crise no clube. O Grêmio, contudo, abriu mão de tudo isto, em nome de argumentos inconsistentes, desculpas esfarrapadas. Em menos de um mês, a atual diretoria do Grêmio já conseguiu a "façanha" de perder dois Gre-Nais, mas, tanto ela quanto o técnico insistem em dizer que "está tudo dentro do planejado". Se este é o nível de "planejamento" do Grêmio para 2013, pobre do seu torcedor.

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Covardia

A decisão do Grêmio de jogar o Gre-Nal de amanhã, pelas quartas-de-final do primeiro turno do Campeonato Gaúcho, no estádio Francisco Stédile, em Caxias do Sul, com apenas dois titulares, é, rigorosamente, inaceitável. Por mais que o técnico Vanderlei Luxemburgo e a diretoria se esforcem para explicar a estúpida medida, não conseguirão. A única explicação para tal atitude é a da mais absoluta covardia. O Gre-Nal de amanhã é eliminatório, isto é, só um dos clubes irá adiante, classificando-se para as semifinais, novamente em jogo único. Portanto, caso ganhe o jogo, o Grêmio eliminará o Inter do primeiro turno, obrigando-o a jogar todas as sua fichas no segundo turno para tentar ser campeão. Afora isso, o Inter ficaria de férias forçadas até o dia 17 de março, quando iniciará sua participação no segundo turno. Com seu time completo, cuja qualidade é indiscutível e que vem de uma goleada afirmativa sobre o Fluminense, no Engenhão, as chances do Grêmio vencer o Gre-Nal seriam enormes, ainda que o time titular do Inter também tenha uma boa qualidade. Ao contrário do que ocorria até pouco tempo atrás, o Grêmio tem, hoje, um time tão bom ou melhor do que o do Inter, e um grupo muito mais qualificado. O próximo jogo do Grêmio pela Libertadores é apenas no dia 5 de março, e, portanto, o argumento de poupar o time titular para esta competição é algo que não convence. Uma das alegações de Vanderlei Luxemburgo para a inesperada derrota para o Huachipato, em plena Arena, foi que o time precisava jogar mais junto, ganhar entrosamento. Então, como explicar que um time que tem tido poucas partidas, e que precisa ganhar entrosamento, seja poupado para um jogo que só se realizará 11 dias depois? A escalação de um time com nove reservas revela, por parte do Grêmio, o medo das consequências de uma eventual derrota com o seu time completo, o que é deplorável. Afinal, medo é algo incompatível com um clube de tamanha grandeza.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Campanha deflagrada

Faltando um ano e oito meses para a sua realização, a eleição presidencial de 2014 já está tendo a sua campanha deflagrada. A festa de comemoração dos 33 anos de fundação do PT, e o discurso do senador Aécio Neves (PSDB-MG) na tribuna do Senado, ambos ocorridos no mesmo dia, não deixam dúvidas quanto a isto. Na comemoração do PT, ficou claro que a presidente Dilma Rousseff será candidata à reeleição, afastando a hipótese, que vinha sendo especulada, de que o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva tentaria uma volta ao cargo. O discurso de Aécio demonstrou que, ainda que não tenha ocorrido a oficialização, deverá ser ele o candidato a presidente pelo PSDB. Tais fatos confirmam uma velha tendência brasileira, a de estar sempre mirando na próxima eleição, mesmo que ela esteja distante. O país, por certo, tem várias questões exigindo solução, mas a disputa pelo poder já começa a assumir o protagonismo na cena política. Entre auto-elogios dos governistas, e críticas candentes do senador oposicionista, um fato merece ser destacado. O senador Lindbergh Farias (PT-RJ), dirigindo-se a Aécio Neves, após o seu pronunciamento, chamou a atenção para o dado de que, em toda a sua fala, o ex-governador de Minas Gerais jamais citou termos como povo, gente, e emprego. Lindbergh acertou na mosca. A razão dos sucessivos fracassos eleitorais do PSDB nas eleições presidenciais se deve, em grande parte, a natureza dos seus argumentos, voltados para a estabilidade da moeda, fundamentos macroeconômicos e assemelhados. Uma linguagem técnica, voltada para temas que empolgam setores acadêmicos, mas que não sensibilizam a grande massa do eleitorado. O chamado "povão" nada quer saber destes assuntos tão áridos e impenetráveis. Seus interesses são emprego e renda, fatores que cresceram no período em que o PT governa o país. Ainda falta um bom tempo para a eleição, mas a possibilidade de uma derrota dos atuais ocupantes do poder continua sendo muito improvável.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Punição exemplar

A decisão da Confederação Sul-Americana de Futebol de punir o Corinthians determinando que o clube, nas partidas que terá daqui para a frente na Libertadores deste ano, jogue de portões fechados quando for o mandante, e sem presença de sua torcida como visitante, merece aplausos pela celeridade e pelo rigor. A medida foi tomada no dia seguinte à morte de um torcedor boliviano, de 14 anos, atingido por um sinalizador náutico disparado pela torcida do Corinthians, durante o jogo do clube brasileiro contra o San José, em Oruro, na Bolívia, pela Libertadores. O Corinthians ainda pode encaminhar recurso contra a decisão, mas espero que ela seja mantida. O que aconteceu em Oruro foi inaceitável! Os tais sinalizadores náuticos não deveriam ser utilizados em estádios de futebol. O fato de que torcedores consigam ingressar nos estádios portando tais objetos já demonstra o quanto a fiscalização é ineficiente. Arremessar um sinalizador na direção da torcida contrária é um ato criminoso, que resultou na perda da vida de um garoto de apenas 14 anos. A medida, se tiver sua aplicação confirmada, deverá ter consequências muito benéficas para o futebol. Ela desestimulará práticas semelhantes por parte de outras torcidas, e fará com que os torcedores do Corinthians, em particular, tenham de revisar o seu comportamento. O futebol é o esporte mais popular do mundo, e, sendo assim, desperta paixões, mas a maioria dos seus apreciadores são pessoas pacíficas. Infelizmente, pequenos grupos de malfeitores infiltram-se no meio da maioria de torcedores de boa índole e transformam os estádios em cenários de horrores. Era preciso deter esta escalada de barbaridades, e a decisão da Confederação Sul-Americana de Futebol atua neste sentido. A imprensa também poderia dar sua parcela de contribuição para sanear o futebol, se parasse de referir-se aos torcedores do Corinthians como o "bando de loucos" e de propagar que a torcida do clube é "diferente" de todas as outras. Não é verdade. A torcida do Corinthians, em relação às outras do país, é apenas mais numerosa, exceção feita à do Flamengo. No mais, os corintianos devem se comportar como todos os demais torcedores. A paixão por um clube não autoriza que se pratiquem atos violentos no interior dos estádios. Tomara que o trágico episódio de ontem sirva como um divisor de águas no futebol, favorecendo a pacificação dos estádios. O esporte deve ser um meio de celebração da vida, jamais servir de cenário para o sofrimento.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Goleada

Foi melhor do que qualquer torcedor poderia imaginar. O Grêmio goleou o Fluminense por 3 x 0, hoje à noite, no Engenhão, e saltou da lanterna para a liderança do seu grupo na Libertadores. A atuação do time foi de altíssimo nível. Sobraram destaques individuais. Barcos foi o melhor de todos. Fernando esteve esplêndido. Cris não cometeu nenhum erro. André Santos jogou demais. Werley esteve a altura de Cris, seu companheiro de zaga. Entre os demais, Souza destacou-se na combatividade, e Zé Roberto pela movimentação. Dida não foi exigido. Vargas, mesmo marcando um gol, e Pará, foram apenas razoáveis. Só Elano, mesmo tendo chutado uma bola na trave, esteve num nível abaixo de todos os demais. O Grêmio não deu chances ao Fluminense. Depois de marcar o primeiro gol, tomou conta do jogo. Venceu com autoridade. Após o terceiro gol, a torcida do Fluminense começou a deixar o estádio e, pouco depois, começaram os gritos de "olé" dos torcedores do Grêmio. Uma vitória inesquecível que desanuvia o ambiente  do Grêmio, tomado por aflições a partir da derrota para o Huachipato. O que poderia ser uma semana trágica, poderá se constituir numa apoteose, caso o Grêmio também vença o Gre-Nal de domingo, pelas quartas-de-final do primeiro turno do Campeonato Gaúcho. Até por isso, seria importante o Grêmio jogar completo no Gre-Nal, em vez de colocar um time misto, como parece ser a tendência. Talvez não apareça, tão cedo, tamanha oportunidade de aproveitar o "embalo" de uma grande vitória para obter um triunfo afirmativo sobre o seu maior rival. O próximo jogo pela Libertadores será em casa e ainda faltam 12 dias para a sua realização. Não há porque poupar jogadores. Se somar a eliminação do Inter do primeiro turno do Gauchão á vitória sobre o Fluminense, o Grêmio garantirá a sua paz por muito tempo e instalará uma crise no adversário. Uma chance assim não pode ser desperdiçada.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Elitização

Existem assuntos que me sinto obrigado a enfocar, ainda que já o tenha feito em oportunidades anteriores. A elitização do futebol é um deles. Volto ao tema depois de saber o preço dos ingressos para o Gre-Nal do próximo domingo, em Caxias do Sul, pelas quartas-de-final do primeiro turno do Campeonato Gaúcho. Serão apenas dois tipos de ingressos, arquibancadas, a R$ 70,00, e cadeiras, que custarão R$ 100,00. Ora, tais preços são, claramente abusivos. Trata-se de um Gre-Nal que decide apenas a classificação para as semifinais de um turno do Gauchão, competição que Grêmio e Inter tratam com desprezo, pois, em grande parte dos jogos escalam seus reservas. O estádio Francisco Stédile, do Caxias, onde o jogo será realizado, não possui cobertura, o que fará com que aqueles que adquiram o ingresso para o setor de arquibancada estejam expostos à intempérie. Cobrar R$ 70,00 para alguém sentar no cimento duro, exposto ao calor e a uma possível chuva é um abuso. Um fator que colabora para o aumento do valor das entradas é o estranho processo de encolhimento dos estádios brasileiros. Estádios como Maracanã, que já foi o maior do mundo, e Mineirão, tiveram, com as reformas realizadas para a Copa do Mundo de 2014, suas capacidades reduzidas para menos da metade das originais. Nos estádios que não são reformados, os orgãos responsáveis pela "segurança" tratam de encolhê-los arbitraria e injustificadamente. O Francisco Stédile tem capacidade para 30 mil pessoas. Porém, para o Gre-Nal, apenas 21.500 ingressos foram colocados à venda. Tem sido assim, nos últimos anos, em todos os estádios. Para evitar uma "superlotação" e suas "indesejáveis consequências", os estádios ficam com grandes espaços ociosos, o que rouba muito do brilho do espetáculo. Frequento estádios há 42 anos, e já assisti muitos jogos em que fiquei espremido feito uma sardinha na lata, tamanho a presença de público, sem ter sofrido nenhum dano em decorrência disso. Muitos falam que é preciso dar mais comodidade ao torcedor, que não é justo colocá-lo a assistir jogos em pé ou em locais desconfortáveis. A consequência de tantas "boas intenções" são estádios cada vez menores, sem acomodações de preço mais baixo, que permitam a frequência dos torcedores mais pobres. Alguns argumentavam que os estádios brasileiros reproduziam a desigualdade social do país, com seus camarotes e cadeiras convivendo, no mesmo ambiente, com a geral, em que torcedores assistiam jogos em pé. A "solução" que encontraram para resolver tal questão foi manter os setores para os mais bem aquinhoados e extinguir as localidades mais baratas. Cedendo à imposição consumista dos tempos atuais, em que tudo é voltado para quem pode gastar, o mais popular dos esportes vira as costas para quem construiu a sua grandeza, a imensa massa de torcedores humildes e apaixonados. Um quadro que, ao contrário do que muitos sustentam, não pode ser tido como irreversível. Precisa ser modificado. O futebol é o esporte das multidões, e os estádios tem a obrigação de acolhê-las.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Semana decisiva

O começo de ano não tem sido nada ameno para o Grêmio. Os tempos exitosos que deveriam se abrir para o clube, a partir da inauguração de seu novo estádio, a Arena, tem se mostrado turbulentos. O Grêmio apostou todas as suas fichas, em 2013, na combinação Arena-Libertadores. Porém, teve de disputar a  Pré-Libertadores, e por pouco não ficou de fora da fase de grupos da competição, na qual já iniciou sua participação perdendo, em casa, para o Huachipato (CHI). O estádio, que deveria ser um trunfo, foi apontado como uma das causas da derrota, devido a má condição de seu gramado. No jogo seguinte, contra o lanterna do Campeonato Gaúcho, o Veranópolis, não passou de uma magra vitória por 1 x 0, no Olímpico, quando se esperava uma goleada. A fraca campanha no Gauchão levou o Grêmio a ter de enfrentar o Inter, em jogo único eliminatório, pela quartas-de-final do primeiro turno, no estádio Francisco Stédile, em Caxias do Sul, já no próximo domingo. Sendo assim, estando apenas no segundo mês do ano, o Grêmio terá uma semana decisiva para o seu futuro. Na quarta-feira, jogará com o Fluminense, no Engenhão. A partida, que já seria naturalmente difícil, adquire contornos dramáticos, pois, em caso de derrota, a classificação do Grêmio para a próxima fase da Libertadores se tornará quase inviável. Como se não bastasse, quatro dias depois, o Grêmio terá de disputar um Gre-Nal decisivo. Os próximos dias, portanto, poderão levar o Grêmio à tranquilidade dos vitoriosos ou mergulhá-lo numa crise, cuja consequência inicial deverá ser a saída do técnico Vanderlei Luxemburgo. Há um ano no Grêmio, Luxemburgo perdeu todas as decisões que disputou, à exceção da Pré-Libertadores. O ataque do time sofre de uma crônica ineficiência, mesmo com jogadores de qualidade no setor. O desempenho do Grêmio em campo, é, geralmente, lento e burocrático. O clube tem, hoje, uma das folhas de pagamento mais altas do futebol brasileiro, sem que os resultados correspondam a tamanho investimento. Vanderlei Luxemburgo tem se mostrado um mestre da dissimulação e do diversionismo, mas nem toda a sua habilidade no trato com a imprensa poderá compensar a ocorrência de novos fracassos. Luxemburgo terá, nesta semana, a sua prova de fogo. Se não obtiver bons resultados contra Fluminense e Inter, sua saída será inevitável, e o Grêmio terá de reformular seus planos para um ano que está apenas começando.

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Gre-Nal

Grêmio e Inter deixaram tanto a desejar na fase classificatória da Taça Piratini, o primeiro turno do Campeonato Gaúcho, que terão de se enfrentar, em jogo único, pelas quartas-de-final da competição. O Inter ficou em segundo lugar em seu grupo, atrás do São Luiz. O Grêmio terminou em terceiro lugar no seu grupo, ficando atrás de Lajeadense e Caxias. Mesmo que o Grêmio tenha priorizado a Libertadores, e o Inter tenha ampliado a sua pré-temporada, o que fez com que usassem reservas em muitos jogos do Gauchão, tal desempenho não está de acordo com a grandeza dos dois clubes. O resultado prático da postura adotada por ambos é a realização prematura de um Gre-Nal eliminatório. Repetindo o que aconteceu em 2012, Grêmio e Inter se enfrentarão nas quartas-de-final, e não na decisão do turno, que seria o mais lógico. No ano passado, o Inter tinha ficado em 1º lugar no seu grupo, e o Grêmio em 4º no seu. Mais uma vez, o mando de campo caberá ao Inter, pela melhor campanha. A diferença é que, em 2012, o jogo foi Beira-Rio. Este ano, com o estádio em obras, será realizado no Francisco Stédile, em Caxias do Sul. As circunstâncias do enfrentamento, agora, também são diferentes. O Grêmio, no ano passado, foi para o Gre-Nal em crise, com Roger Machado como técnico interino, depois de demitir Caio Júnior após apenas oito jogos. Jogando uma partida de superação, ganhou por 2 x 1 de um Inter que era amplo favorito, mas, nas semifinais, já com a estreia de Vanderlei Luxemburgo, foi eliminado pelo Caxias. Agora, o Grêmio terá um jogo importantíssimo na quarta-feira, contra o Fluminense, pela Libertadores, cujo resultado poderá influir positiva ou negativamente no Gre-Nal de domingo. O time, contudo é bem mais qualificado que o do ano anterior, o Inter não é favorito, e o estádio, é praticamente, neutro. A realização de um Gre-Nal decisivo, neste momento, é, sem dúvida, inconveniente para ambos os clubes, mas eles não podem se queixar, pois foram sua fracas campanhas, contra adversários modestos, que os lançaram nesta situação. O lado bom do jogo é que, ao contrário do Gre-Nal de Erechim, realizado há poucos dias, este será decisivo e, portanto, bem mais emocionante.

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Sem norte

Ao, finalmente, lançar o seu especulado novo partido, a ex-senadora Marina Silva, disse que o mesmo não será de situação nem de oposição. Curiosamente, Marina Silva é a segunda personalidade política brasileira que, nos últimos tempos, decide criar um partido e dá a mesma definição sobre ele. O ex-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, ao criar o PSD, também afirmou que a nova sigla não estaria na situação nem na oposição. Ora, a existência de partidos só faz sentido se eles tiverem ideologia e linha programática claras. Não sendo assim, reduzem-se a uma sopa de letras sem nenhum significado. Nos tempos em que vivemos, contudo, quanto mais "em cima do muro", melhor. Curvados a interesses fisiológicos e a todos os tipos de barganha, os políticos brasileiros resistem, cada vez mais, a adotarem posições definidas a respeito seja lá do que for. Tudo depende das "circunstâncias", assim mesmo, com aspas, dada sua extrema suspeitabilidade. No caso de Marina Silva, tal postura soa estranha. Marina, sabidamente, é vinho de outra pipa, se comparada a Kassab. A própria Marina diz que seu posicionamento poderá ser tachado de ingênuo por se propor a apoiar o governo no que julgar devido e criticá-lo quando entender necessário. O que fica no ar é o que ganha um país que já tem excesso de partidos com o surgimento de novas siglas que apresentem posturas tão vagas. Ao contrário do PSD, um partido de corte tradicional, o de Marina Silva, que ainda não tem um nome definitivo, irá congregar entusiastas da causa ecológica e da sustentabilidade, temas muito em evidência nos tempos atuais. Teoricamente, estará em posição confrontante com as demais siglas, sempre suscetíveis a influências dos grandes interesses corporativos em detrimento da preservação ambiental. Porém, ao adotar uma posição tão amena como a de não apoiar nem se opor sistematicamente ao governo, o novo partido poderá até angariar alguma simpatia junto a alguns pelo seu "não radicalismo", mas fica sem um norte que possa orientar sua ação. Resta esperar para ver como se dará na prática, mas o partido de Marina Silva parece ser um conjunto de boas intenções que tende a se perder pela falta de objetividade quanto aos seus propósitos.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Desastre

Não poderia ter sido pior a estreia do Grêmio na fase de grupos da Libertadores. A derrota por 2 x 1 para o Huachipato, ontem à noite, na Arena, é um balde de água fria no entusiasmo do torcedor, que estava motivado pelas recentes grandes contratações, e já deixa a classificação do clube para a próxima fase seriamente comprometida. O Grêmio terá, agora, de jogar, fora de casa, contra o Fluminense, enquanto o Huachipato enfrentará, como mandante, o Caracas. Se o Grêmio perder novamente, e o Huachipato vencer, a luta pela classificação se tornará dramática. O pior é que o resultado nada teve de injusto. O Grêmio foi surpreendido por um adversário que mostrou um futebol de conjunto, de muita consciência tática. Afora isso, contou com um grande destaque individual, Brian Rodriguez, que fez o cruzamento para o primeiro gol, de Falcone, marcou o segundo, e atormentou a defesa do Grêmio durante o jogo inteiro. O Grêmio, por sua vez, foi um caos coletivo, e poucas individualidades se salvaram. Pará voltou a ser o lateral limitado e confuso de quase sempre. Saimon esteve inseguro. Elano continua sem repetir suas grandes atuações. Zé Roberto peca pela falta de maior objetividade. Vargas foi uma figura ausente. No que diz respeito aos estreantes, André Santos não brilhou, mas não comprometeu, e Barcos, depois de um primeiro tempo fraco, fez um grande segundo tempo e foi o melhor jogador do Grêmio em campo. Agora, um capítulo a parte foi o terceiro estreante do Grêmio, Adriano. Sua escalação foi, simplesmente injustificável. Ao optar por ele, o técnico Vanderlei Luxemburgo mexeu no setor mais sólido do time, o meio de campo, e retirou um jogador de muito maior qualidade e que vive grande fase, Fernando. Adriano teve péssima atuação, e, já com poucos minutos de jogo, a torcida gritava o nome de Fernando. Luxemburgo usa de seu poder para fazer escolhas que não são as melhores para o Grêmio. A contratação de Dida, barrando Marcelo Grohe, foi a primeira grande injustiça que praticou. A troca de Fernando por Adriano é a segunda. Luxemburgo faz e desfaz, mas o Grêmio, há um ano sob o seu comando, só colhe decepções em campo. Para completar, mais dois destaques negativos na noite de ontem. O primeiro é a nova camisa do Grêmio, especial para a Libertadores, absolutamente sem graça, com as listras bem mais largas, num efeito estético nada agradável. O segundo foi o público, de apenas 29 mil pessoas. Em se tratando de uma estreia na fase de grupos da Libertadores, uma decepção, mas que tem uma razão bem clara. Os preços cobrados pelos ingressos não eram os de um jogo de futebol, mas, sim, de um show de Paul McCartney, por exemplo. São coisas muito diferentes. Os que apostam nessa nova realidade, apoiados por alguns coleguinhas que dizem que é assim mesmo e que o "povão" vai ter de se contentar em assistir os jogos pela tevê, vão quebrar a cara. O Brasil não é a Europa, e futebol a preços elevados é inviável no país. O público de ontem já foi uma evidência disso. Não precisa ser nenhum gênio para perceber que, daqui a pouco tempo, todas estas novas empresas "gestoras" de estádios vão desistir de seus empreendimentos e tentar, é claro, repassar a fatura para os clubes ou o poder público. Futebol, no Brasil, é artigo popular. Com ingressos caros, teremos estádios belíssimos entregues às moscas. Enfim, a noite de ontem, que culminou com um temporal que deizou os torcedores ensopados à saída do estádio foi um desastre para o Grêmiio. Uma noite para ser esquecida.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Vitória tranquila

Nem mesmo a boa campanha que realiza no Campeonato Gaúcho, o fato de jogar em casa, e o campo pesado em função de uma forte chuva, foram capazes de fazer com que o Caxias evitasse a derrota por 2 x 0 para o Inter, esta noite, no estádio Francisco Stédile. Mesmo com um gramado quase impraticável, o Inter saiu na frente e, depois ampliou. A arbitragem, é bem verdade, mais uma vez, deu uma "mãozinha" para o Inter, ao não marcar um pênalti cometido por Rodrigo Moledo quando o jogo ainda estava empatado em 0 x 0. De uma forma ou de outra, o resultado comprova que, diante dos titulares da dupla Gre-Nal, os clubes do interior não conseguem opor resistência. O destaque negativo, contudo, fica com uma informação dada depois do jogo. O Cruzeiro, mandante do próximo jogo do Inter, aceitou transferir o local da partida do estádio do Passo da Areia para o Complexo Esportivo da Ulbra. O pedido de transferência partiu do Inter, que não desejava jogar na grama sintética do Passo da Areia. No Gauchão de 2011, diante da mesma situação, o Grêmio fez idêntico pedido, que foi recusado pelo presidente do Cruzeiro. Agora, quando da solicitação do Inter, houve a aceitação. Dois pesos e duas medidas, atitudes que ferem as relações entre os clubes e mancham a imagem da competição.

Facilidade

A goleada do time misto de reservas e júniores do Grêmio por 5 x 0 sobre o Santa Cruz, hoje á noite, no Olímpico, pelo Campeonato Gaúcho, surpreendeu pela facilidade. Mesmo com um time desentrosado e com alguns jogadores ainda em busca de afirmação, o Grêmio foi superior durante a partida inteira. O primeiro tempo terminou apenas em 1 x 0, mas o placar já poderia ser bem mais amplo, tal o número de chances de gol perdidas pelo Grêmio. No segundo tempo, finalmente, o Grêmio deslanchou, marcando mais quatro gols e perdendo várias outras oportunidades. O Santa Cruz, praticamente, não ameaçou o Grêmio. O resultado demonstra, mais uma vez, a enorme diferença que separa a dupla Gre-Nal dos clubes do interior. Mesmo com um time improvisado, o Grêmio goleou o Santa Cruz como quis, comprovando o baixíssimo nível técnico do Gauchão. As boas notícias da partida foram as atuações de Bertoglio, que fez dois gols e, novamente, jogou muito bem, e William José, que também marcou duas vezes, uma delas de pênalti. Foram os dois primeiros gols de William José com a camisa do Grêmio. Com a vitória, o Grêmio voltou à zona de classificação do seu grupo e ganhou mais um estímulo para o jogo de seu time principal, amanhã, na Arena, contra o Huachipato, pela Libertadores.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Imposição absurda

O Corpo de Bombeiros deu um ultimato ao Grêmio. A corporação só emitirá o alvará definitivo para o funcionamento da Arena, o novo estádio do clube, depois que o Grêmio comprar e instalar cadeiras na área destinada à "avalanche", que se encontra momentaneamente interditada, após a ocorrência de um incidente no jogo contra a LDU, no dia 30 de janeiro. O Grêmio, com toda a razão, indignou-se com a imposição. Desde o início, é visível que o incidente está sendo explorado por diversas pessoas e instituições que encobrem suas verdadeiras intenções argumentando, demagogicamente, que estão priorizando a segurança dos torcedores. Jornalistas identificados com o Inter, assumidos ou não, bradam pela colocação das cadeiras. Claro, caso elas venham a ser instaladas, a Arena terá sua capacidade diminuída, aproximando-se da do Beira-Rio reformado. Afora isso, sonham com a extinção da avalanche, cujo sucesso nunca suportaram. No caso dos bombeiros, estão se valendo da comoção ocorrida com a tragédia de Santa Maria, para tentar demonstrar seu "compromisso" com a segurança. Na verdade, o ultimato dos bombeiros representa uma inaceitável inversão de valores. Orgãos como o Corpo de Bombeiros existem para servir à sociedade, não para lhe fazer imposições. Numa sociedade democrática, não cabe a uma instituição de cunho militar dar ordens a um clube. Bombeiros são servidores, ou seja, como a própria palavra expressa, servem à sociedade. Para ser mais claro, bombeiros não dão ordens, cumprem-nas. O Grêmio não pode deixar passar batido tamanho acinte. A Arena é uma questão do Grêmio e da empresa que administra o estádio, e de ninguém mais. Aos bombeiros cabem agir como colaboradores, quando solicitados, e adequando-se aos interesses e determinações previamente estabelecidos pelo Grêmio e pela empresa administradora do estádio. O Grêmio não deve se dobrar às intenções e aos interesses desta ou daquela corporação. A Arena é um estádio particular, e sendo assim, não pode sofrer interferência de uma instituição pública. Mesmo com toda a gritaria em contrário, o Grêmio tem a obrigação de resistir às pressões e manter a área da avalanche sem a colocação de cadeiras. Para tudo há solução, e o estádio pode ter sua área popular preservada sem que se tenha de colocar cadeiras. O ultimato dado ao Grêmio é um ato absurdo, coercitivo, descabido e autoritário. Deve entrar para a história, apenas, como uma bravata. Não pode e nem deve ser levado em conta.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

A renúncia do Papa

O Papa Bento XVI anunciou a sua renúncia. Bento XVI permanecerá em sua função somente até o próximo dia 28. A notícia, por certo, causou grande surpresa para todas as pessoas, católicas ou não. A última renúncia de um papa de que se tem conhecimento ocorreu em 1415! Em princípio, todo aquele que assume a condição de papa, sabe que o posto é vitalício, isto é, seu ocupante só sai dele morto. Porém, o instrumento da renúncia é permitido, e Bento XVI fez uso dele. Embora não seja religioso, considero elogiável a atitude de Bento XVI. Sua explicação sobre a decisão que tomou me pareceu bastante convincente. Bento XVI reconheceu que a dor e o sacrifício também fazem parte da vida de um papa, mas argumentou que, diante de um mundo de constantes e aceleradas mudanças, um papa tem de dispor de saúde física e mental. Como sente que, nos últimos tempos, sua saúde tem se tornado acentuadamente mais precária, Bento XVI optou pela renúncia. Uma atitude corajosa, mas, sobretudo, ponderada. Ao tomá-la, Bento XVI deve ter se lembrado de seu antecessor, João Paulo II, que permaneceu como papa até o fim, tendo mostrada ao mundo uma dolorosa decrepitude física, causada pela idade avançada somada a uma série de graves enfermidades. Na tentativa de, quem sabe, através da exposição de seu martírio, encaminhar um futuro processo de canonização, a Igreja atentou contra a própria dignidade do ex-pontífice, e chocou os católicos de forma desnecessária. Claramente, em seus últimos meses de vida, João Paulo II era um papa só no aspecto formal. Vergado pelas enfermidades que lhe acometiam, não tinha condições de exercer a função de fato. Sabendo disso, Bento XVI não quis o mesmo roteiro para si e para a Igreja. Uma matéria da revista "Veja" publicada há algumas semanas, dava conta da extrema fragilidade de seu estado de saúde, o que fazia com que se considerasse pouco provável a sua vinda ao Brasil para o Encontro Mundial da Juventude, em julho próximo. A renúncia hoje anunciada, confirma o teor da matéria, e mostra um homem que escolheu a racionalidade, antes de qualquer outra coisa, para tomar sua decisão. Uma atitude incomum, e, por consequência, surpreendente, mas consciente e lúcida.

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Encantamento

Os promotores do desfile de Carnaval da Avenida Marquês de Sapucaí, no Rio de Janeiro, costumam defini-lo como "o maior espetáculo da Terra". Há, talvez, um exagero em tão grandiloquente afirmação, mas trata-se, sem dúvida, de um espetáculo envolvente e encantador. Como ocorre todos os anos, nas duas próximas noites, 12 escolas de samba irão para a avenida mostrar a exuberância do Carnaval do Rio de Janeiro. Não são poucos os que tecem críticas ao desfile do sambódromo da Marquês de Sapucaí. Argumentam que o evento é sustentado por contraventores, que as comunidades em torno das escolas e os seus integrantes mais autênticos são postos em segundo plano, que a espontaneidade do Carnaval é sufocada pelas regras de um espetáculo televisivo e midiático. São críticas ponderáveis. Neste ano, especificamente, há quem critique a realização do Carnaval, em qualquer parte do país, tendo em vista a tragédia de Santa Maria. Seja como for, para quem, como eu, já teve a oportunidade de assisti-lo ao vivo, o desfile da Marques de Sapucaí configura-se numa experiência fascinante e inesquecível. Um espetáculo de imenso brilho e notável precisão em cada um dos seus itens, que demonstra o talento e a capacidade do povo brasileiro, ao contrário do que expressa o nosso "complexo de vira-latas". Sei que há muitas pessoas que não suportam o Carnaval. Mesmo sem ser um típico folião, estou entre os que apreciam esta festa vibrante e colorida, e irei assistir, pela televisão, a mais uma edição do magnífico Carnaval da Marquês de Sapucaí. Para os permanentemente tristonhos e acabrunhados, que se inquietam com a explosão de euforia típica do Carnaval, e para os que entendem que o ocorrido em Santa Maria justificaria uma suspensão da folia, lembro que esta festa é uma exaltação à vida. Afinal, a vida tem de ser celebrada em todo o seu esplendor, sobrepondo-se a dor e ao luto.

sábado, 9 de fevereiro de 2013

Goleada

O Inter, jogando como mandante no Estádio do Vale, em Novo Hamburgo, goleou o Pelotas por 3 x 0, hoje à noite, em, jogo válido pelo Campeonato Gaúcho. Depois de, inexplicavelmente, colocar em campo, na quarta-feira, o seu time reserva, e perder para o Lajeadense, o Inter tornou a jogar com os titulares, e não teve dificuldades para golear o Pelotas. A grande notícia do jogo foi Diego Forlán. Depois de marcar um gol no Gre-Nal, o atacante uruguaio fez mais dois hoje, um deles belíssimo, consolidando a ideia de muitos de que, depois de um período de férias e de uma boa pré-temporada, conseguiria recuperar o seu bom futebol. Sem outras competições com as quais se preocupar no momento, e com o Grêmio sofrendo constantes derrotas no Gauchão, o Inter caminha tranquilo para conquistar o primeiro turno da competição. Resta saber se, em disputas de maior exigência, onde fracassou rotundamente em 2012, o time poderá dar uma boa resposta.

Outra derrota

O Grêmio perdeu, de virada, para o Juventude, por 2 x 1, hoje à tarde, no Alfredo Jaconi. Foi a quarta derrota do Grêmio em seis jogos realizados, até agora, pelo Campeonato Gaúcho. Em apenas um destes seis jogos foi utilizado o time titular. O Grêmio investe todas as suas forças na Libertadores, o que é correto,   mas expõe-se a uma situação constrangedora no Gauchão, em se tratando de um clube grande. Como o seu próximo jogo pela competição será na véspera de sua primeira partida pela fase de grupos da Libertadores, o Grêmio deverá jogar ainda mais descaracterizado, o que torna muito provável a ocorrência de uma nova derrota. No jogo de hoje, o Grêmio poderia ter tido melhor sorte. Depois de um primeiro tempo em que não conseguiu levar perigo ao Juventude, o Grêmio abriu o placar logo no início do segundo tempo, com um gol de Yuri Mamute, que havia entrado no intervalo no lugar de William José. No entanto, o time, estranhamente, arrefeceu seu ímpeto e permitiu a virada do Juventude. O resultado complicou muito o Grêmio na tabela de classificação. O jogo teve dois grandes destaques negativos. O primeiro deles foi o desempenho de William José, que, mais uma vez, foi péssimo. Afora não conseguir marcar gols, o que já é problemático para um atacante, a cada partida tem praticado lances bisonhos, que enfurecem o torcedor. O segundo destaque negativo foi a atuação do árbitro Francisco Neto, igualmente péssima. Francisco Neto impediu que o jogo ganhasse fluidez, picotando-o com um excesso de marcações. O pênalti marcado em favor do Juventude, considerado pelos colegas que cobriram a partida como "claro", foi, para ser ameno, no mínimo duvidoso. O Grêmio está com sua cabeça inteiramente voltada para a Libertadores, o que é compreensível, mas submeter-se a derrotas constantes no campeonato estadual não é bom.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Grandeza

Um clube grande tem de agir de acordo com tal condição. O Grêmio, ao contratar, por empréstimo, o lateral esquerdo André Santos, do Arsenal (ING) e, em definitivo, o centroavante Barcos, do Palmeiras, mostra uma postura condizente com o tamanho do clube. Sem conquistar um título de expressão desde 2001, quando foi campeão da Copa do Brasil, o Grêmio demonstra que está determinado a por fim a este ciclo negativo e reconciliar-se com as glórias e grandes conquistas. A nova diretoria do clube, empossada no final de dezembro, ao que parece, não medirá esforços na busca do terceiro título da Libertadores. Com as contratações de André Santos e Barcos, o Grêmio passa a ter um time que, se não é o melhor da Libertadores, em relação aos brasileiros da competição, nada fica a dever a Corinthians, Fluminense, Atlético Mineiro e São Paulo, e é, claramente, superior ao Palmeiras. Os participantes de outros países parecem estar abaixo do nível do futebol brasileiro. O torcedor gremista, que já vive um momento de euforia pela inauguração da magnífica Arena, mesmo com todos os problemas que o estádio ainda apresenta, tem, agora, mais um motivo de orgulho e entusiasmo, com o time de qualidade que o clube está montando. Na negociação de Barcos, o Grêmio, afora uma quantia em dinheiro, cedeu, de forma definitiva, para o Palmeiras o zagueiro Vílson, que se incompatibilizou com o técnico Vanderlei Luxemburgo, o volante Léo Gago, cuja saída já está coberta pela chegada de Adriano, do Santos, e Rondinelly, que não conseguiu se firmar. Outro jogador cedido foi Leandro, que irá por empréstimo, o que lhe permitirá, caso consiga confirmar o potencial demonstrado em 2011, quando foi lançado pelo então técnico do Grêmio, Renato, a possibilidade de retornar ao clube. O Carnaval dos gremistas começou animadíssimo.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Avalanche

A queda de grades de proteção no setor ocupado pela  "Geral do Grêmio" na Arena, ocorrida no jogo Grêmio x LDU, pela Pré-Libertadores, no dia 30 de janeiro, e que resultou em oito pessoas feridas, fez com que a imprensa iniciasse uma campanha pelo fim da "avalanche", tradicional comemoração desta torcida. A ideia é de que o setor deixe de ser uma arquibancada, e receba cadeiras como no restante do estádio. O presidente do Grêmio Fábio Koff já teria dito que acata a sugestão. Não concordo com a posição de Koff. O incidente do jogo Grêmio x LDU não teve a dimensão que lhe está sendo dada. A tragédia de Santa Maria, com o incêndio na boate Kiss, aconteceu apenas três dias antes, e, com o trauma que gerou, redundou numa supervalorização do fato. Nenhuma das oito pessoas feridas sofreu lesões graves. Bastaria, para resolver o problema, que houvesse a instalação de grades mais fortes e de que sua fixação ao concreto também fosse mais resistente, e a avalanche seria mantida. A instalação de cadeiras na área trará uma série de prejuízos. Um deles é de que o estádio, sem a arquibancada, terá diminuída sua capacidade total de 60 mil pessoas para cerca de 56 mil. Outro é que, com a colocação das cadeiras, o preço do ingresso naquele local do estádio também subiria, elitizando o futebol. O ministro do Esporte, Aldo Rebelo, ao contrário de Koff, não foi definitivo quanto à colocação das cadeiras, e disse compreender a vontade da torcida de comemorar com espontaneidade. O presidente da Arena Porto Alegrense, Eduardo Pinto, declarou que esta não é uma decisão isolada, mas, sim, algo que tem de ser discutido pelas partes envolvidas. A imprensa, sabe-se lá o porquê, continua pedindo o fim da avalanche. As declarações de Aldo Rebelo e Eduardo Pinto, contudo, trazem a esperança de que esta solução mais radical não seja a adotada, preservando o belo espetáculo da avalanche e mantendo o estádio com a capacidade projetada.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Olé

Nada pode ser mais constrangedor para um clube da expressão do Inter do que ver seu time, independente de qual seja a escalação, levar "olé" de um adversário do interior. Foi o que aconteceu com o Inter, hoje à noite, ao perder, por 1 x 0, para o Lajeadense, na Arena Alvi-Azul. O Lajeadense vem fazendo boa campanha no Campeonato Gaúcho, e o Inter jogou com os reservas, mas olé já é demais. Até agora, não descobri o porquê do Inter não escalar os seus titulares em Lajeado. Os argumentos apresentados para justificar tal decisão são, para mim inconvincentes. Não há nenhuma razão para que um clube que, no momento, disputa uma única competição não coloque em campo o que tem  de melhor. O resultado não chegou a causar grandes prejuízos ao Inter na classificação do Gauchão, mas o que se viu no gramado evidenciou que, se o time titular possui uma boa qualidade, o mesmo não se pode dizer do grupo de jogadores como um todo. Se precisar se valer de peças de reposição ao longo do ano com o que dispõe no momento, as perspectivas do Inter não são nada animadoras.

Ordem natural

A goleada do Grêmio sobre o São José, por 5 x 1, hoje à noite, no Olímpico, repôs a ordem natural do futebol. O Grêmio vinha de três derrotas consecutivas no Campeonato Gaúcho, sem jamais jogar com seu time titular na competição. O São José havia vencido os quatro jogos que realizara no Gauchão e não sofrera nem um gol. Bastou, contudo, que o Grêmio escalasse seu time principal e mostrasse muito empenho, para que esmagasse o líder do campeonato, implacavelmente, numa demonstração do abismo técnico que existe entre os dois times. Com o resultado, o Grêmio deixou a zona de rebaixamento e entrou na de classificação. Porém, contra o Juventude, sábado, no Alfredo Jaconi, voltará a jogar com reservas, o que diminui suas chances de obter um bom resultado. No entanto, se levar para Caxias do Sul um time com uma potencialidade parecida com a do que jogou o Gre-Nal, o Grêmio aumentará suas possibilidades dentro da partida. De qualquer forma, ganhar sempre é bom, e a vitória de hoje desanuvia o ambiente e abre espaço para a total mobilização para o jogo de quinta-feira contra o Huachipato, campeão chileno, na Arena, pela Libertadores, a prioridade do Grêmio.

Felipão estreia com derrota

Foi apenas o primeiro jogo de Felipão na sua volta ao cargo de técnico da Seleção Brasileira, mas, diante de um adversário de tradição, a Inglaterra, a derrota, por 2 x 1, repetiu os insucessos do período de Mano Menezes. Vencer a Inglaterra em Wembley é uma tarefa muito difícil, mas, até por isso, seria um grande impulso para o começo da segunda era Felipão. A Seleção esteve desfalcada de alguns titulares absolutos como Thiago Silva e Marcelo, que estão lesionados, mas a equipe que entrou em campo está muito perto do que é possível escalar de melhor. Sendo assim, essa nova derrota para um adversário de grande nível dá margem a preocupações, pois falta pouco mais de um ano para o início da Copa do Mundo de 2014, e a Seleção Brasileira não consegue despertar a empolgação do torcedor. A boa notícia é que os amistosos da Seleção, daqui por diante, serão sempre de alto nível, o que permitirá que se avalie devidamente o potencial da equipe.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Tudo em nome do dinheiro

O futebol é o esporte das multidões, uma paixão em quase todos os países do mundo. Tamanho interesse por parte das pessoas fez com que, inevitavelmente, o futebol se transformasse num grande e rentável negócio. Porém, a sede de lucros e ganhos em torno do "esporte bretão" está pondo em xeque a sua credibilidade. A Organização Europeia de Polícia (Europol) divulgou a descoberta de um esquema de corrupção internacional no futebol, que movimentou 8 milhões de euros entre os anos de 2009 e 2011, envolvendo  mais de 15 países. Foram identificados mais de 380 jogos pela Europa nos quais houve prática de apostas ilegais. Ásia, América do Sul e América Central também foram afetadas. A rede criminosa é comandada a partir da Ásia.. Ficou provada a combinação de resultados em 150 jogos, válidos pelas Eliminatórias da Copa do Mundo, Eurocopa, Liga dos Campeões, campeonatos nacionais europeus, e competições menores. Um total de 425 pessoas, em todo o mundo, participaram do esquema, mas não tiveram seus nomes divulgados porque o processo judicial ainda está em curso. Cinquenta pessoas já foram presas, e a Europol já emitiu mais 28 mandados internacionais de prisão. Uma situação lamentável e preocupante, que pode minar a credibilidade do futebol junto ao público. O futebol italiano, por exemplo, depois de sucessivos escândalos de manipulação de resultados, que culminaram até com a cassação de títulos, vive um período de decadência. A avidez em obter ganhos com o futebol poderá fazer com que se mate a "galinha dos ovos de ouro". O mínimo que se exige numa disputa esportiva é que ela seja leal e com lisura. Se não for assim, o encanto se perde, e as multidões se afastam.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Afronta

A volta do senador Renan Calheiros (PMDB/AL) à condição de presidente do Senado, mesmo cargo ao qual havia renunciado, em 2007, por denúncias de corrupção, é um acinte, uma afronta ao povo brasileiro. Mais do que isto, mostra o ânimo da classe política em estabelecer uma "queda-de-braço" com a opinião pública, indicando homens inidôneos para postos de tamanha relevância num momento em que o país repudia os sucessivos escândalos envolvendo homens públicos. Nada parece deter os políticos brasileiros. Tal e qual a massa que quanto mais sovada mais cresce, eles mostram uma desfaçatez crescente, na mesma medida em que aumentam as críticas que recebem. Certos de que permanecerão impunes em suas manobras, desdenham do repúdio da imprensa e da população às suas atitudes, parecendo se considerarem acima do bem e do mal. O pragmatismo e a busca da "governabilidade" na política brasileira chegou no fundo do poço. Não há o que justifique o apoio do governo federal a indicação de Renan Calheiros para o cargo. O senador Paulo Paim (PT/RS), particularmente, manchou de forma irrecuperável a sua biografia ao votar em Calheiros, enquanto os outros dois membros do Rio Grande do Sul no Senado, Pedro Simon (PMDB) e Ana Amélia Lemos (PP), escolheram o nome de Pedro Taques (PDT/MT). O novo presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB/RN), também tem uma ficha das mais sujas entre os integrantes do parlamento brasileiro. Com a escolha de nomes como os de Calheiros e Alves para presidir as duas casas do Congresso, o poder Legislativo brasileiro vira as costas para a população e entrega-se, única e exclusivamente, à defesa de seus próprios interesses e conveniências.

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Resultado previsível

A vitória do Inter sobre o Grêmio, por 2 x 1, hoje, no Colosso da Lagoa, em Erechim, nada teve de surpreendente. Afinal, o Inter jogava com o seu time titular, e o Grêmio com reservas, à exceção de Werley e Fernando. Também é sabido que, quando estão envolvidos com a Libertadores, Grêmio e Inter dão prioridade absoluta para esta competição. Em 2012, era o Inter que estava na Libertadores, em 2013 é o Grêmio. O Inter jogou melhor, mas não muito, do que o Grêmio. Para quem estava com seu time praticamente completo, o Inter mostrou bem menos do que se esperava. Seus dois gols nasceram de falhas do goleiro Busatto. Aliás, o único gol do Grêmio nasceu, também, de uma falha do goleiro Muriel. A arbitragem de Fabrício Neves Corrêa foi fraca, e um erro seu prejudicou gravemente o Grêmio. Leandro Damião já tinha um cartão amarelo quando cometeu uma falta passível de punição. O árbitro marcou a falta, mas não lhe deu o segundo cartão amarelo, que deveria resultar na sua expulsão. Para agravar ainda mais a situação, Leandro Damião chutou a bola para as redes depois do apito de Fabrício  Neves Corrêa paralisando o lance, o que também deve ser punido com cartão amarelo, e, novamente, não aconteceu. Favorecido pela omissão do árbitro, o atacante do Inter permaneceu em campo, e marcou o segundo gol do seu time, que foi fundamental para o resultado final. Uma ressalva, contudo, deve ser feita em relação á maneira como Grêmio e Inter se comportam quando estão na Libertadores. O Inter, no ano passado, mesmo priorizando a competição sul-americana, conquistou o título do Campeonato Gaúcho. No primeiro Gre-Nal do ano, jogando com os reservas, no Olímpico, obteve um empate em 2 x 2. O Grêmio, no atual Gauchão, já está com três derrotas consecutivas e em penúltimo lugar no seu grupo. A prioridade para uma competição de maior relevância é natural, mas isto não autoriza o Grêmio a cometer fiascos como a goleada de 4 x 0 sofrida para o São Luiz, em Ijuí, na quinta-feira. Não se pode tratar uma competição com tamanho desdém, pois, por menos importante que ela seja, quando o Grêmio entra em campo tem de honrar a sua camiseta e a sua tradição. A verdade é que o Grêmio, até agora, não deu nenhum motivo para que seu torcedor sinta-se confiante em alcançar glórias durante o ano.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Furor fiscalizatório

O Brasil, infelizmente, é um país que se caracteriza pela omissão do poder público no cumprimento de suas obrigações, e na leniência da população para com tal situação. Tal estado de coisas só é rompido diante de um fato terrivelmente dramático, que cause grande comoção. Evidentemente, a tragédia de Santa Maria (RS), onde mais de 230 pessoas morreram no incêndio da boate Kiss, se encaixa neste contexto. Depois do ocorrido, o país foi varrido, de norte a sul, por um furor fiscalizatório sobre boates e demais casas noturnas, teatros e locais de diversão pública, para verificação de suas condições de segurança. Isto, sem dúvida, é muito bom e deve ser saudado. Duas perguntas, contudo, ficam no ar. A primeira é porque é necessário que aconteça algo tão pavoroso como o incêndio de Santa Maria para que haja tamanha mobilização? O rigor na fiscalização destes locais, em nome da segurança e da integridade de seus frequentadores, deveria ser permanente. A segunda indagação é a de quanto tempo durará o empenho das autoridades nesse sentido. Com o transcorrer do tempo, e o progressivo esquecimento do que houve na boate Kiss, a tendência é que tudo volte ao marasmo de sempre. Numa comprovação de que o mundo se transformou, mesmo, numa aldeia global, um fato ocorrido num município do interior do Rio Grande do Sul, repercutiu em todos os continentes. No Brasil, seus efeitos se fizeram sentir em todos os lugares, até mesmo nas duas megalópoles do país, Rio de Janeiro e São Paulo. Em Manaus, já no dia seguinte à tragédia, 17 casas noturnas foram lacradas por falta de condições ideais de funcionamento. Tem sido assim em praticamente todos os lugares, do Oiapoque ao Chuí. Bom seria que tal aplicação no cumprimento do dever fosse a regra e não a exceção por parte dos poderes constituídos, não dependendo de estímulos como grandes desastres para ser posta em prática. Só assim poderemos confiar em que, no futuro, não se tenha de viver, novamente, algo tão doloroso e traumático como o incêndio do último domingo.