terça-feira, 25 de agosto de 2015

Um estranho no ninho

A busca da governabilidade leva, muitas vezes, à coalizões exóticas e concessões estapafúrdias no campo político, mas para tudo existe um limite. A escolha de Joaquim Levy para ministro da Fazenda do governo da presidente Dilma Rousseff foi uma demasia. Com a gravidade da crise econômica que se abateu sobre o país, Dilma Rousseff procurou, com a nomeação de Levy, provavelmente, "acalmar o mercado", mas a iniciativa, como não poderia deixar de ser, já se mostra fracassada. Comenta-se que já se cogita da saída de Levy, e de sua substituição pelo atual ministro do Planejamento, Nélson Barbosa. A alegação é a de que Levy não tem "traquejo político". Na verdade, Levy é um estranho no ninho do governo. Seus conceitos são neoliberais, e os remédios que prescreve para a economia são os costumeiramente utilizados pela direita, ou seja, "austeridade", corte de gastos públicos, redução dos direitos trabalhistas, contenção dos salários. Seu figurino se adaptaria exemplarmente a uma administração do PSDB, mas nada tem a ver com um governo encabeçado pelo PT. A nomeação de Levy teve efeitos bem mais modestos junto ao mercado do que os pretendidos. A frequente revogação de medidas defendidas pelo ministro apenas evidencia que ele é um corpo estranho no governo. O melhor que poderia acontecer para o Brasil seria a sua queda. Um governo não pode administrar pensando em controlar insatisfações de quem quer que seja. Tem de governar de acordo com seus postulados e convicções. Se Levy sair do cargo, não deixará saudades.