sábado, 26 de junho de 2021

A rejeição do voto impresso

Uma das afirmações mais delirantes do presidente Jair Bolsonaro é a de que o sistema de votação pela urna eletrônica, adotado há 25 anos no país é inconfiável. Com base nessa alegação, Bolsonaro deseja implantar o voto impresso, de forma a ter um sistema "auditável" da votação na urna eletrônica. A absurda pretensão do ex-capitão, por partir de uma afirmação falsa e implicar em um custo financeiro altíssimo, era dada como tendo aprovação certa no Congresso. Porém, tudo se alterou. Um acordo entre onze partidos de centro determinou que a medida não será aprovada no Congresso. Como se sabe, é o "Centrão" que dá sustentação ao governo Bolsonaro na Cámara dos Deputados e no Senado. Se onze partidos de centro decidem rejeitar uma proposição tão importante para Bolsonaro, isso é indicativo de que o "Centrão" pode estar abandonando o barco. Os partidos do centro político estão sempre dispostos a aderir a qualquer governo, trocando seu apoio por cargis e vantagens. No entanto, eles detestam governantes impopulares, não gostam de ficar atrelados a administrações em crise. Ao perceberem que a popularidade de Bolsonaro começa a entrar em queda acentuada, os centristas já se preparam para cair fora. A rejeição do voto impresso é duplamente benéfica para o Brasil, por impedir a implantação injustificada de um sistema oneroso, e por evidenciar que Bolsonaro está perďendo o seu bloco de apoio no Poder Legislativo, o que pode abrir caminho para a sua queda.