terça-feira, 27 de março de 2012

Falso moralista

O senador Demóstenes Torres (DEM-GO) é mais um exemplar de uma espécie prolífica no Congresso Nacional, a dos falsos moralistas. Como líder de seu partido no Senado, Demóstenes mostrou-se um obstinado oposicionista dos governos dos presidentes Luís Inácio Lula da Silva e Dilma Roussef. Constantemente, o senador goiano vinha a público com denúncias contra o governo, farejava escândalos, posava de paladino em defesa da ética. Eis que o tempo passou e Demóstenes e seu personagem de homem impoluto foram desmascarados. Descobriu-se que Demóstenes tem uma sólida amizade com o bicheiro Carlinhos Cachoeira, o qual já lhe deu presentes caros, e a quem recorreu para o pagamento de algumas despesas, como, por exemplo, os gastos com um táxi aéreo. O envolvimento do senador com o bicheiro, descoberto em gravações de conversas telefônicas, repercutiu amplamente entre seus pares e já levou Demóstenes a renunciar ao cargo de líder do DEM no Senado. Demóstenes Torres terá, é claro, ampla possibilidade de se defender das acusações que lhe são imputadas, mas, se não conseguir provar sua inocência, poderá, até mesmo, ser expulso de seu partido. O DEM é um partido que, nos últimos anos, tem frequentado o noticiário com escândalos envolvendo seus integrantes. José Roberto Arruda, por exemplo, perdeu o cargo de governador do Distrito Federal pela comprovação de práticas de corrupção. Com escassez crescente de eleitores, o DEM, que nada é mais é do que o antigo PFL com outro nome, caminha a passos largos para sair de cena. O partido, um dos sucedâneos, junto com o atual PP, da antiga Arena, legenda de sustentação da ditadura militar, caso venha a desaparecer do cenário político, não deixará saudades.