terça-feira, 8 de abril de 2014

Caciquismo

O caciquismo, isto é o culto a líderes que se tornam quase donos de seus partidos, é uma velha característica da política brasileira. Isso se confirma, mais uma vez, com o anúncio, feito no dia de hoje, de que o senador Pedro Simon (PMDB-RS) irá concorrer a mais um mandato. Simon é, há décadas, a maior expressão do PMDB no Rio Grande do Sul. Nada se faz no partido, em nível estadual, sem a sua anuência. Durante meses, houve a indefinição sobre se Simon concorreria a mais uma reeleição ou não. Outros nomes, como o do ex-governador do Estado, Germano Rigotto, foram cogitados, mas, enfim, Simon será candidato novamente. A biografia de Simon é expressiva e sua alta densidade eleitoral é conhecida de todos. Porém, há um fator relevante que parece estar sendo ignorado pelo candidato e pelo partido. O mandato de um senador é de oito anos. Pedro Simon já está com 84 anos. Portanto, se vier a se eleger, e conseguir concluir o seu mandato, o fará com a idade de 92 anos. Sem querer recorrer ao negativismo, mas sendo realista, é provável que não o consiga, quer por que venha a falecer em meio a esse período de tempo, ou seja abatido por uma doença incapacitante. Simon inscreveu seu nome na história política do Rio Grande do Sul, mas que contribuição ainda teria a dar em tão provecta idade? Não seria muito mais lógica a indicação pelo partido de um nome como o de Rigotto, de boa aceitação junto ao eleitorado e quase vinte anos mais jovem? Os caciques costumam se grudar como cracas à política, de tal sorte que só saem de cena com a morte. Não deveria ser assim. Ainda em vida, poderiam dar um fecho digno à sua trajetória, recolhendo-se à intimidade do seu lar, escrevendo suas memórias, proferindo palestras, participando das ações partidárias, mas abrindo caminho para a necessária e inevitável renovação dos quadros políticos.