quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

Trocando seis por meia dúzia

Cumprindo com a tradição, os eleitores do Rio Grande do Sul, em 2018, mais uma vez, rejeitaram a hipótese de reeleger um governador. Dessa vez, com inteira razão, pois José Ivo Sartori (MDB) foi, sem dúvida, o pior governador do Estado em todos os tempos. Ocorre que, ao eleger Eduardo Leite (PSDB ) como novo governador, o eleitor só mudou a forma, mas manteve o conteúdo, trocando seis por meia dúzia. Sartori é um tipo rude, quase bronco. Leite é educado, cortês. Porém, na essência, são o que popularmente se define como farinha do mesmo saco. Ambos defendem o ideário neoliberal, que busca diminuir o tamanho do Estado, e escolhe como alvo permanente o funcionalismo público, que é apresentado como o grande vilão da corrosão das contas estaduais. Ao mesmo tempo que perseguem covardemente o funcionalismo, são coniventes com os grandes grupos econômicos sonegadores, eles sim responsáveis pela crise econômica estadual. Leite já sinalizou que terá o funcionalismo como o seu maior alvo, a exemplo de Sartori e, também como o ex-governador, tentará derrubar a exigência de plebiscito para vender estatais. Ao trocar Sartori por Leite, o eleitor apenas tirou de cena um lobo selvagem colocando em seu lugar outro disfarçado com uma pele de cordeiro. Na prática, os prejudicados serão os de sempre, e os beneficiados, também. A mudança de governo foi meramente cosmética. Serão mais quatro anos tortuosos para os mais pobres, e sob encomenda para o empresariado.