quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Situação constrangedora

O futebol gaúcho vive uma situação constrangedora. Enquanto Santa Catarina conta com três clubes na Primeira Divisão brasileira, o Rio Grande do Sul tem apenas dois, os tradicionais Grêmio e Inter. Na Segunda Divisão, são dois clubes catarinenses, contra nenhum gaúcho. Os participantes do estado na Terceira Divisão, tentam, há anos, de modo infrutífero, subir para a Segunda. Assim, cada vez mais, o futebol do Rio Grande do Sul está se limitando à dupla Gre-Nal. O Brasil de Pelotas tem uma torcida numerosa e fiel, e acabou de subir da Quarta Divisão para a Terceira, onde irã se juntar à Juventude e Caxias, mas esbarra em grandes limitações financeiras para poder sonhar mais alto. Por outro lado, as grandes potências do futebol gaúcho não estão conseguindo êxito, nos últimos anos, na disputa com os demais grandes clubes brasileiros. O Grêmio não ganha uma competição nacional há 13 anos, e, no Inter, esse jejum é ainda mais longo, de 22 anos. Se os clubes do interior penam pela escassez de recursos, Grêmio e Inter gastam muito para obter poucos resultados. Hoje, em comparação com os outros três grandes centros do futebol brasileiro, Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, o Rio Grande do Sul está em nítida desvantagem. Cabe perguntar o que faz o presidente da Federação Gaúcha de Futebol, Francisco Noveletto, para alterar esse quadro? Cobrado a respeito, Noveletto insiste em dizer que os clubes do interior recebem uma boa verba de televisão pelos direitos de transmissão do Campeonato Gaúcho, e que é a dupla Gre-Nal que rouba todas as atenções para si, não permitindo o crescimento dos demais, o que é uma desculpa esfarrapada, pois os catarinenses conseguem fazer um bom trabalho, mesmo com escassos recursos e sofrendo a concorrência, junto ao público, dos maiores centros do futebol brasileiro. Ele, ate pouco tempo atrás, tinha pretensões de concorrer ao cargo de presidente da CBF. A julgar pelo seu desempenho no cargo que atualmente ocupa, o futebol brasileiro livrou-se de um desastre.

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

A exacerbação da intolerância

A eleição presidencial recém encerrada revelou um acirramento do clima político no país. De uma forma nunca antes vista, o Brasil se viu dividido em dois grupos altamente beligerantes, com objetivos e visões antagônicos. Com uma eleição decidida por pequena margem de votos, era óbvio que esse quadro não iria se alterar de uma hora para a outra. Nas redes sociais, onde as postagens, durante a campanha, atingiram níveis de agressividade inéditos, o enfrentamento entre dilmistas e aecistas continua, como se a eleição não tivesse acabado. A inconformidade dos derrotados atingiu uma proporção tamanha que eles propõem medidas radicalmente antidemocráticas, tais como separar as regiões Sul e Sudeste do resto do país, ou conclamar pela volta dos militares ao poder. Os brasileiros mais bem situados na escala social deixaram-se tomar pelo sentimento de intolerância. Não suportam a ideia de um país pluralista, que defenda os interesses de todos, não apenas de alguns. Por sentirem seus privilégios ameaçados, sonham em formar um novo país, só com a porção "Bélgica" do Brasil, branca e abastada, livrando-se da parte "Índia", mestiça e pobre, que é muito mais numerosa. A mesma intolerância e aversão à democracia faz com que muitos desejem a volta dos militares, para colocar "ordem na casa". Para o bem do país, tudo isso não passa de delírio, fomentado pelo despeito de quem não sabe perder. O país não será dividido, e os militares não deixarão os quartéis. Se quiserem chegar ao poder, os intolerantes terão de esperar mais quatro anos, e obtê-lo pelo voto, que é o único meio aceitável para tanto numa democracia.

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Hipocrisia

O presidente eleito do Grêmio, Romildo Bolzan Júnior, prometeu usar todo o seu trânsito político para por fim a proibição de se consumir bebidas dentro dos estádios do Rio Grande do Sul. Romildo foi, por muitos anos, presidente estadual do PDT. Ele tem toda a razão em buscar a revogação dessa medida. Ela não passa de uma hipocrisia, tão ao gosto dos tempos em que vivemos, onde o falso moralismo e a praga do politicamente correto se espalham como ervas daninhas. A intenção de diminuir os índices de violência com tal proibição é uma piada, já que, em torno dos estádios, há uma enorme quantidade de estabelecimentos que vendem bebidas alcoólicas. A ação de Romildo é motivada pelo fato de que o veto ao consumo de bebidas nos estádios inibe a venda dos "namings rights", ou seja, a associação de empresas do setor com o nome do estádio, tal como já acontece em outros estados. A lei, saudada por muitos incautos, não tem nenhum efeito prático em relação ao efeito que pretende, é apenas uma interferência autoritária e indevida sobre a liberdade individual, e que, como se vê, também causa prejuízos econômicos. Tomara que Romildo alcance o seu intento.

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Direita Miami

A polarização entre PT e PSDB, que atingiu níveis histéricos, fez surgir as expressões "esquerda caviar" e "direita Miami". Bem, a esquerda caviar parece ser apenas um contraponto argumentativo, mas a direita Miami apareceu na eleição para presidente claramente, sem nenhum disfarce. A maior vitória de Aécio Neves sobre Dilma se deu, justamente, entre os eleitores brasileiros residentes em Miami. Lá, Aécio teve quase 92% dos votos, índice que não conseguiu em nenhuma cidade do Brasil. Confirma-se, assim, a existência de um grupo ideológico muito bem identificado, de convicções antipetistas, formado por pessoas endinheiradas, fascinadas pelo consumismo e ostentação característicos dessa cidade litorânea dos Estados Unidos. São pessoas que tem horror à pobreza, e que deleitam-se com a opulência. Consideram seus privilégios um direito, e como despeitados e invejosos aqueles que os questionem. Para a direita Miami, nada é mais detestável do que um governo que traga 50 milhões de pessoas para o mercado de consumo. São elitistas convictos. Não querem repartir suas regalias. Os programas sociais do governo, as cotas para negros nas universidades, e tantas outras medidas de inclusão social são vistas com repúdio por esse grupo. A direita Miami acostumou-se com um Brasil com muito para poucos e quase nada para a maioria da população. Na famosa "Belíndia", definição do economista Edmar Bacha sobre a divisão social no Brasil, pertencem à porção "Bélgica", pequena e rica, em contraste com a "Índia", enorme e pobre. Porém, para o bem do país, não conseguem impor a sua vontade. A acachapante vitória de Aécio em Miami ficará, apenas, como um dado curioso do pleito. Na eleição como um todo, a presidente Dilma Rousseff foi reeleita, e a porção "Índia" do país continuará encolhendo, com mais justiça social para milhões de brasileiros.

domingo, 26 de outubro de 2014

Idiossincrasias gaúchas

O governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, do PT, não conseguiu a reeleição. O candidato do PMDB, José Ivo Sartori, ganhou a eleição, no segundo turno, com 61% dos votos. Os gaúchos, dessa forma, trocam um governador a que haviam eleito no primeiro turno, em 2010, por um candidato folclórico, despreparado intelectualmente, com enormes dificuldades de expressão, vazio de propostas, e que oculta suas verdadeiras intenções. Levados por suas idiossincrasias, quase inexplicáveis no plano racional, os gaúchos, mais uma vez, negam a reeleição para um governador, ainda que, no caso presente, se trate de um político testado e um intelectual de primeira linha. Partiremos, então para uma aventura de imprevisíveis consequências, com o estado sendo governado por um despreparado, tendo como vice de sua chapa um representante da plutocracia, que, assumidamente, não cumpre com os direitos trabalhistas dos empregados de sua fazenda. Um enorme retrocesso, a comprovar que o dito "estado mais politizado do Brasil" involuiu assustadoramente.

Tetra

A presidente Dilma Rousseff foi reeleita. O PT conquistou, assim, o seu quarto mandato consecutivo no governo federal, os dois primeiros com o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva. O PT, portanto é tetra. A vitória foi apertada, pouco mais de 3 milhões de votos de diferença, mas nem por isso é menos legítima. Nunca um governo sofreu uma campanha de mídia tão agressiva contra si, culminando com uma edição da revista "Veja" antecipada para tentar influir na eleição, com uma série de denúncias sem comprovação. Ainda assim, mais uma vez o PT derrotou o PSDB. Os brasileiros conscientes não querem ver de volta o PSDB com suas políticas recessivas, suas privatizações, arrocho salarial e desemprego em massa. A despeito de malfeitos que tenham ocorrido em seus governos, o PT resgatou brasileiros para a cidadania, e colocou 50 milhões de pessoas no mercado de consumo, numa das maiores ações de mobilidade social de que se tem notícia. Foi nisso que o eleitorado apostou para dar mais um mandato de presidente para o PT. O fenômeno ocorrido em Porto Alegre, com quatro mandatos sucessivos na prefeitura, de 1988 a 2004, se repete para o PT, que ficará no governo federal, no mínimo, até 2018. Nada disso é por acaso. Não se derruba um governo socialmente eficiente com terrorismo midiático. Se a direita brasileira continuar apostando nesse método, tantas vezes derrotado, vai colher muitos outros fracassos.

sábado, 25 de outubro de 2014

Expectativa confirmada

O Inter venceu o Bahia por 2 x 0, hoje, no Beira-Rio, pelo Campeonato Brasileiro. Foi o que se pode chamar de uma expectativa confirmada. Depois de ter perdido quatro jogos nos últimos cinco que disputara, não se admitia qualquer resultado que não fosse a vitória do Inter, jogando em casa contra um adversário que está na zona de rebaixamento do Brasileirão. Não seria aceitável um novo tropeço do Inter para o Bahia, depois daquele que lhe eliminou da Copa Sul-Americana. Os autores dos gols foram Alan Patrick, que não vinha tendo boas atuações, e Nilmar, que marcou o seu primeiro no retorno ao clube. O resultado garantiu a volta do Inter à zona de classificação para a Libertadores, mas a tabela é bastante dura daqui para a frente. Os dois próximos jogos do Inter serão fora de casa, contra Santos e Grêmio. Duas pedreiras, em partidas nas quais o Inter precisará pontuar para se manter entre os primeiros colocados. Pelo futebol que o Inter tem mostrado, não será uma tarefa nada fácil.

Poderia ter sido melhor

O Grêmio empatou com o Coritiba em 1 x 1, hoje, no Couto Pereira, pelo Campeonato Brasileiro. Depois de um primeiro tempo em que jogou muito mal e sofreu um gol, o Grêmio dominou o segundo, mas marcou o gol de empate apenas aos 39 minutos, e não conseguiu chegar à vitória. O empate fez o Grêmio cair mais uma posição na tabela. Agora, é o sétimo colocado. Os próximos dois jogos, em casa, contra Vitória e Inter, terão de ser vencidos, obrigatoriamente, ou o Grêmio não conseguirá sua classificação para a Libertadores. O maior problema do Grêmio continua sendo sua crônica dificuldade de fazer gols. Mesmo quando as oportunidades são criadas, a sorte não ajuda, como no caso da cabeçada de Lucas Coelho no travessão no jogo de hoje. O resultado, pelo que se viu em campo, poderia ter sido melhor. O futebol mostrado pelo Grêmio ao longo do Brasileirão, no entanto, não tem sido consistente, mas a tabela lhe é bastante favorável. Resta saber tirar proveito disso e evitar o  fracasso absoluto no ano obtendo a classificação para a Libertadores.

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Limite excedido

A chegada às bancas, de forma antecipada, da revista "Veja", com mais uma capa panfletária contra o PT e, mais especificamente, contra a presidente Dilma Rousseff e seu antecessor no cargo, Luís Inácio Lula da Silva, excedeu todos os limites do mau jornalismo. Ficou evidente se tratar de uma tentativa desesperada de influir no resultado da eleição, daí a antecipação da chegada da revista às bancas. Nenhuma das "denúncias" da reportagem de capa tem qualquer comprovação. Esse filme já foi visto pelos brasileiros em todas as eleições presidenciais brasileiras, desde que elas foram retomadas. Os ataques aos candidatos do PT por parte de "Veja" são sempre furiosos e fóbicos. Numa sociedade democrática, nada há de errado em um veículo de comunicação expressar uma preferência partidária ou um determinado viés ideológico. No entanto, isso deve ser feito respeitando a veracidade dos fatos, sem denúncias que carecem de provas, nem com o rebaixamento da linguagem. O PT, há 12 anos no governo federal, tem sido leniente com a imunda prática editorial de "Veja". Há muito tempo, alguma medida prática no campo jurídico já deveria ter sido tomada contra a publicação. Se bem que a revista conte com um forte aliado no Supremo Tribunal Federal, o nefando ministro Gilmar Mendes, aquele que realizou uma antiga aspiração de "Veja" ao retirar a obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão de jornalista, comparando o seu ofício com o dos cozinheiros. Essa nova transgressão de "Veja" com os princípios do bom jornalismo não poderá ficar impune. Ela representa um atentado à democracia, uma atitude fascista. Num primeiro momento, a publicação deveria ser suspensa por um determinado período. Em caso de reincidência na prática do seu jornalismo mentiroso e panfletário, a medida a ser tomada teria de ser o seu fechamento.

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

A cartilha de Dunga

O técnico da Seleção Brasileira, Dunga, estabeleceu uma cartilha comportamental para os jogadores. Ela estipula, entre outros aspectos, a proibição de manifestações de cunho religioso ou político e a utilização de brincos e piercings, obriga que se cante o hino nacional, veda o uso de celulares e tablets durante as preleções. A criação de uma cartilha de conduta para os jogadores é algo com a cara de Dunga. Com uma visão tacanha de mundo, consequência de seu pouco preparo intelectual, Dunga é adepto do estilo "sargentão". Os defensores dessa linha de atitude entendem que a disciplina é essencial para que os objetivos de um grupo sejam atingidos. Claro, de forma genérica, o conceito não está errado, pois é preciso foco para que conquistas sejam alcançadas. Porém, cercear a livre manifestação política, por exemplo, é inconcebível atualmente. Os jogadores da Seleção são homens adultos, afirmados na vida, e ganham polpudos salários. Não podem ser tratados como colegiais. Dunga insiste em cultivar a ideia de que é um comandante rigoroso e exigente em todos os itens. Faz parte do personagem que criou para si, o de grande líder. Bobagem. No futebol, o que importa são os resultados. A Seleção está vencendo, e isso consolida o trabalho de Dunga, ao menos por enquanto. A cartilha, com  o tempo, será mais um item folclórico de sua passagem pela Seleção, a exemplo do que aconteceu com seus estranhos figurinos no seu primeiro período treinando a equipe.

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Futebol varzeano

O  Grêmio ganhou do Figueirense por 1 x 0, hoje à noite, na Arena, pelo Campeonato Brasileiro. Foi mais um jogo em que só o que valeu foi o resultado. O futebol demonstrado pelo Grêmio foi de nível varzeano, e a vitória só veio com um gol de pênalti, por sinal inexistente, cobrado por Barcos. Aliás, Barcos teve uma atitude imperdoável, quando, diante da possibilidade de marcar o segundo gol, que tranquilizaria o Grêmio no jogo, tentou fazê-lo de letra, em vez de chutar forte. Não houve nenhum destaque individual no Grêmio. Alguns jogadores irritaram por seu mau desempenho, como Dudu que, mais uma vez, se limitou a correr, e Ramiro, disparadamente o pior em campo. Com o resultado, o Grêmio igualou o Inter em pontos, só perdendo no número de vitórias, mas nada garante que vá chegar na frente do seu tradicional adversário, e muito menos que vá obter classificação para a Libertadores. Afinal, não se pode confiar num time que, em sua casa, se deixou acuar pelo Figueirense e, contra um adversário tão modesto, terminou o jogo com quatro volantes.

Derrota previsível

O Inter perdeu para o Flamengo por 2 x 0, hoje, no Maracanã, pelo Campeonato Brasileiro. Era uma derrota previsível. Foi o quarto jogo que o Inter perdeu, nos últimos cinco disputados. Contra um Flamengo que tem compensado em casa a sua fragilidade nos jogos como visitante, era pouco provável que o Inter obtivesse um bom resultado. Na verdade, o Inter repete o seu desempenho, de modo enfadonho, a cada ano que passa. Como em outros anos, o clube começa o Brasileirão como um dos favoritos, e vai decaindo com o decorrer da competição. Com a derrota de hoje, o Inter saiu da zona de classificação para a Libertadores, onde se encontrava há 19 rodadas. O fato acontece justamente quando o campeonato se encaminha para o seu final. Em campo, as circunstâncias de mais um resultado negativo se repetiram, com falhas grotescas da defesa e apatia do time. As chances de obter uma classificação para  a Libertadores ainda são, do ponto de vista matemático, consideráveis para o Inter. Porém, o futebol que o time está jogando tornam essa hipótese cada vez menos provável.

terça-feira, 21 de outubro de 2014

Aventura

Certos fatos são incompreensíveis. A liderança nas pesquisas do candidato a governador do Rio Grande do Sul pelo PMDB, José Ivo Sartori, é uma delas. A cada dia que passa, Sartori se mostra mais despreparado, atrapalhado, simplório e desastrado nas suas manifestações. Sempre que questionado sobre seus projetos para governar o Estado, nada consegue revelar. Ontem, fez uma ironia sobre o piso salarial dos professores A repercussão foi péssima e ele tratou de se desculpar, mas o estrago já estava feito. O eleitor, ao escolher Sartori, parece ter optado pela flagelação, pelo castigo autoimposto, sabe-se lá por qual razão. Sartori não tem estatura para o cargo que postula. O candidato a vice-governador em sua chapa, José Paulo Cairoli, é um latifundiário que ignora as leis trabalhistas em sua fazenda. No governo de Antônio Britto, de terrível memória para todos os gaúchos, Sartori teve participação ativa. Eleger Sartori é jogar o Rio Grande do Sul numa aventura, cujo final será, inevitavelmente, trágico. Ainda há tempo para o eleitor refletir e impedir que essa hecatombe se consuma. Caso contrário, o Rio Grande do Sul, sempre tido como um estado politizado, vai "pagar um mico" diante de todo o Brasil, elegendo para governador um candidato meramente folclórico.

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Neoliberalismo patológico

Ontem, ao ler uma entrevista com César Grafietti, consultor do Itaú BBB, convenci-me de que o modo neoliberal de pensar é, antes de tudo, uma grave patologia psiquiátrica. A entrevista tratava do futebol pós-Copa do Mundo, no Brasil e em relação a dupla Gre-Nal, pela ótica da economia. Fiel à obsessão dos que integram a sua corrente de pensamento pela ideia de que não se pode gastar mais do que se arrecada, Grafietti sustenta que é fundamental que os clubes entendam que sua existência depende de forte "ajuste de custos". A primeira providência a se tomar, defende ele, é reduzir salários. Buscar títulos a qualquer custo costuma terminar mal, afirma o consultor. Grafietti diz que é preciso mudar a "mentalidade da estrutura futebol" e que isto leva tempo. Avançando em suas considerações, conceitua que reduzir custos significa limitar capacidade de investimentos e competitividade e isto certamente  nos levará a aceitar que o Brasil não tem 12 clubes grandes e que disputam títulos relevantes. Estes seriam apenas quatro ou cinco, com mais alguns outros que, eventualmente, lutariam por conquistas. Com  base nessa linha de raciocínio, Grafietti projeta que, se tudo "funcionar bem", se os clubes se organizarem, se os jogadores entenderem que os altos salários não se sustentam e se os torcedores aceitarem que nem todos os clubes podem lutar por títulos, o futebol brasileiro, em 2018, estará melhor. Cabe perguntar, melhor para quem? Na verdade, as ideias de Grafietti em relação ao futebol refletem a visão neoliberal sobre a economia como um todo. Nelas estão presentes conceitos como o de que nem todos podem ter acesso ao que há de melhor e que os excluídos desse grupo privilegiado devem conformar-se com essa condição. A proposição de cortes de custos e salários também é típica do neoliberalismo, que adora afirmar que não existe almoço grátis para poder tungar o bolso alheio. Depois de ler as sandices de Grafietti, só possíveis de ser sustentadas por quem nada entende das especifidades do mundo do futebol e da paixão que lhe é intrínseca, cheguei a conclusão de que o neoliberalismo não é apenas uma demonstração de falta de caráter, mas sim uma condição patológica.

domingo, 19 de outubro de 2014

Realidade

O Inter perdeu por 2 x 1 para o Corinthians, hoje à tarde, no Beira-Rio, pelo Campeonato Brasileiro. Mais uma vez, a realidade se mostrou bem mais dura do que o sonho dourado de que o Inter ainda poderia conquistar o título do Brasileirão. Alguns tropeços do Cruzeiro, e a consequente diminuição da diferença no número de pontos entre os dois clubes, fizeram com que muitos começassem a acalentar, novamente, essa possibilidade. A derrota de hoje, combinada com a vitória do Cruzeiro sobre o Vitória, levaram a diferença dele para o Inter voltar a ser de nove pontos. Como faltam nove rodadas para o fim da competição, a possibilidade do Inter ainda ser campeão é, apenas, um exercício de ficção. Convenhamos, um time que perde para o Figueirense por 3 x 2, depois de estar vencendo por 2 x 0, e é goleado pela Chapecoense por 5 x 0, está longe de ser confiável. Nem mesmo o fato de jogar contra um adversário em crise, depois de uma humilhante eliminação da Copa do Brasil com uma goleada para o Atlético Mineiro, no seu estádio e com um grande público, foi capaz de permitir uma melhor sorte do Inter diante do Corinthians. Ainda que o Inter tenha bons jogadores do meio para a frente, sua defesa é muito precária, e ela foi decisiva, com suas falhas, para o resultado de hoje. Se tiver bom senso, o Inter estabelecerá como seu grande propósito, daqui para a frente, a sua manutenção na zona de classificação da Libertadores. Afinal, a tabela de jogos para o Inter será muito exigente, e a hipótese de uma queda para fora do grupo dos primeiros colocados é bastante considerável.

Mediocridade

O Grêmio empatou em 0 x 0 com o Goiás, ontem, no Serra Dourada, pelo Campeonato Brasileiro. O jogo foi mais uma demonstração da mediocridade que caracteriza o Grêmio atual. Um time que, novamente, não marcou gols, teve péssimo desempenho técnico, e mostrou-se conformado com um resultado insatisfatório diante de um adversário modesto. O técnico do Grêmio, Felipão, incrivelmente, substituiu, durante o jogo, dois volantes por jogadores da mesma posição, parecendo gostar do empate. O torcedor, no entanto, parece negar as evidências e prefere apostar nos ídolos Felipão e Fábio Koff. Ainda no dia de ontem, os sócios deram ampla vitória para o candidato da situação, na eleição para presidente do Grêmio. Como expressa o ditado, quem corre por gosto não cansa. Depois não adianta chorar pelos fracassos em campo.

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

O voto do ódio

As eleições de 2014 estão sendo marcadas pelo voto do ódio. Uma parte do eleitorado escolhe votar em determinados candidatos não pelas qualidades que eventualmente possuam, mas por um ódio irracional a seus adversários. O caso do Rio Grande do Sul é claro nesse sentido. O candidato José Ivo Sartori, do PMDB, chegou na frente no primeiro turno, e lidera as pesquisas no segundo, a despeito de suas evidentes e constrangedoras limitações. O antipetismo, insuflado por uma campanha incessante da grande imprensa, está fazendo com que o atual governador, e candidato a reeleição, Tarso Genro, um intelectual do mais alto nível, ex-ministro da Justiça e da Educação, possa ter de ceder seu lugar a um político sem expressão, vazio de ideias e propostas, totalmente despreparado para o cargo, mero títere dos interesses de uma elite demófoba. No plano nacional, o mesmo ocorre com a candidatura de Aécio Neves a presidente pelo PSDB. A diferença é que as pesquisas apontam um empate técnico de Aécio com a presidente, e candidata a reeleição, Dilma Rousseff (PT). O ódio instilado contra o PT faz com  que setores do eleitorado queiram colocar em cargos tão importantes pessoas desqualificadas tecnicamente, como Sartori, ou inabilitadas eticamente, como Aécio. Caso ambos venham a ser vitoriosos, o preço a ser pago, pelo Estado e pelo país será altíssimo. Arrocho salarial, privatizações, flexibilização das leis trabalhistas, desemprego. Os méritos dos governos de Tarso e de Dilma são infinitamente maiores do que suas falhas. Reconduzi-los para mais um mandato, é uma imposição do bom senso.

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

A agonia do Botafogo

A goleada de 5 x 0 sofrida pelo Botafogo para o Santos, hoje, no Pacaembu, pela Copa do Brasil, é apenas mais um capítulo da agonia que tem sido a vida do clube, atormentado por problemas financeiros. Muitos se apressam, até porque é o recurso mais fácil, em condenar a diretoria do Botafogo por tudo o que está acontecendo. Logo surgem os arautos da "modernidade" dizendo que isso é culpa da administração dos clubes ser feita por amadores. Puro oportunismo. O Botafogo não consegue honrar seus compromissos financeiros porque todas as suas receitas são retidas, o que, convenhamos, é um absurdo. Nada justifica que uma pessoa ou instituição fique privada de todos os seus recursos financeiros, isso só leva a uma situação de insolvência. Os problemas financeiros dos clubes brasileiros não são novidade, e a questão precisa ser solucionada. Eles tem de pagar o que devem, mas sem que suas receitas sejam retidas, nem suas administrações comprometidas. Na verdade, pelo papel social que desempenham, os clubes de futebol deveriam ser enquadrados como instituições de utilidade pública, ficando isentos do furor tributário. A quem pode interessar que grandes clubes se inviabilizem? Eles representam a paixão de milhões de brasileiros. Um dia, as pessoas perceberão que nada é mais importante na estrutura complexa do futebol do que os clubes. Eles precisam ser protegidos, e não maltratados.

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Grande jogo

A goleada de 4 x 1 do Atlético Mineiro sobre o Corinthians, hoje, no Mineirão, pela Copa do Brasil, é um desses jogos que justificam toda a paixão que o futebol desperta em milhões de pessoas no mundo inteiro. O Atlético Mineiro havia perdido o primeiro jogo, no Itaquerão, por 2 x 0. Com isso, para se classificar para as semifinais da competição, precisaria ganhar por três gols de diferença. Como o Corinthians abriu o placar logo no início do jogo, o Atlético se viu obrigado a marcar quatro gols para alcançar seu objetivo. Para incredulidade de todos, conseguiu. Uma vitória épica, dessas que marcam a história de um clube. Visto pelo ângulo do Corinthians, um resultado desastroso, de consequências imprevisíveis. Para os que não tem envolvimento emocional com nenhum dos dois clubes, um espetáculo gratificante. O futebol sai engrandecido de jogos como esse. São partidas assim que vão, ao longo do tempo, mantendo o futebol como o esporte da preferência da maioria. Se você não assistiu esse grande jogo, não sabe o que perdeu.

terça-feira, 14 de outubro de 2014

Discurso vazio

Depois do debate de hoje pela manhã, na Rádio Gaúcha, entre os candidatos a governador do Rio Grande do Sul, torna-se cada vez mais incompreensível a grande votação alcançada por José Ivo Sartori (PMDB), no primeiro turno. O candidato que usa como slogan "Meu partido é o Rio Grande", age assim, certamente, para apostar que o eleitor faça uma escolha pela pessoa, ignorando a sua sigla, já que o PMDB tem um passado nada recomendável nas vezes em que administrou o Estado. Em termos de conteúdo, seu desempenho no primeiro debate do segundo turno foi idêntico aos realizados anteriormente. Suas respostas são evasivas, ocas, não passam de tergiversações. Um autêntico discurso vazio. Tudo porque, Sartori não pode revelar ao eleitor quem ele é, efetivamente. Precisa vender a imagem, construída por seus marqueteiros, do sujeito simples, bonachão, de sotaque carregado, característico da colônia italiana. Porém, mesmo com todo o cuidado para não expor sua verdadeira face, Sartori se revelou em algumas respostas que deu a perguntas formuladas pelo governador, e candidato á reeleição, Tarso Genro (PT). Ao dizer que o salário mínimo regional não é uma política pública e que o governo deve ser um interlocutor entre trabalhadores e empresários, revelou toda a sua índole neoliberal, o que confirmou, mais adiante, ao defender as privatizações de empresas como a CRT e a CEEE, tão danosas ao interesse público. A cada vez que Sartori fala fica mais clara a dimensão do desatino que seria elegê-lo. Ainda há tempo do eleitor evitar essa calamidade.

O craque faz a diferença

A Seleção Brasileira goelou o Japão, hoje, por 4 x 0, em Cingapura, em mais um amistoso de pouca relevância. Porém, ainda que o jogo não tivesse grande importância, e o adversário não fosse dos mais fortes, o fato de Neymar ter marcado todos os gols da Seleção é algo muito relevante. Neymar já superou, em número de gols marcados pela Seleção, grandes craques como Ademir de Menezes e Rivelino. A fragilidade da Seleção na Copa do Mundo ficou evidente ao longo da competição, e ela não estava em condições de ganhar a disputa. No entanto, um desastre como a goleada de 7 x 1 para a Alemanha se explica, em grande parte pela ausência de Neymar, que, lesionado, não teve condições de jogar. Com ele em campo, a Seleção, ainda que perdesse, não seria submetida a tamanho vexame. Se alguém ainda tinha dúvidas sobre o futebol de Neymar, elas devem ter se dissipado depois do jogo de hoje.

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Olhando para o passado

O candidato a governador do Rio Grande do Sul pelo PMDB, José Ivo Sartori, acusa o atual ocupante do cargo, e candidato à reeleição, Tarso Genro, do PT, de ficar olhando para o passado, enquanto ele se propõe a projetar o futuro. A declaração de Sartori decorre do fato de que, em sua campanha, Tarso relembra as ações anteriores do candidato peemedebista, seja como secretário estadual ou como parlamentar. Elas apontam um nítido viés neoliberal, apoiando ações como privatizações de empresas estatais e a criação dos famigerados pedágios nas estradas. Sartori já se beneficiou, no primeiro turno da eleição, de sua tática de apresentar-se como um candidato "apolítico", que foge do confronto com os demais, mantendo uma imagem de "bonzinho". Correndo por fora, fugindo do embate com Tarso e a candidata do PP, Ana Amélia Lemos, Sartori forjou uma imagem de homem bem intencionado, conciliador, que não aprecia o confronto. O artifício deu certo, e Sartori obteve 40% dos votos no primeiro turno, chegando na frente dos demais candidatos. Agora, Sartori tenta uma segunda artimanha, para ganhar de vez a eleição. Ela consiste em fugir da análise de suas ações anteriores, projetando apenas suas proposições para o futuro. O motivo de tal comportamento é óbvio. Ainda que queira se apresentar como algo novo, Sartori é uma velha raposa da política, tem um longo passado na área, que está longe de ser róseo. Por isso, ao rememorar ações de Sartori em tempo idos, Tarso não está requentando o passado, e, sim, projetando o futuro do Rio Grande do Sul. Afinal, basta olhar o que Sartori fez anteriormente, quando seu partido governou o Estado, para se perceber que, saído de sua boca, o termo "futuro" é apenas uma palavra jogada ao vento. Por tudo que já fez antes, Sartori representa, para os interesses do Rio Grande do Sul, uma aposta no retrocesso.

domingo, 12 de outubro de 2014

Sorte

O Inter ganhou do Fluminense por 2 x 1, hoje à tarde, no Beira-Rio, pelo Campeonato Brasileiro. Foi uma tarde de emoções e desabafos pelo lado do Inter, com direito a choro de Alex e Valdívia, os autores dos gols. A resposta anímica que se exigia do Inter, após a goleada de 5 x 0 sofrida para a Chapecoense, foi dada. O time foi vibrante e buscou a vitória o tempo inteiro. A técnica apurada de seus melhores jogadores também apareceu. Nos dois gols, D'Alessandro fez belíssimos passes, e, no primeiro, a conclusão de Alex foi primorosa. Para que a vitória fosse alcançada, no entanto, também era preciso sorte, e ela apareceu quando, depois de ter sofrido um gol aos 40 minutos do segundo tempo, o Inter, dois minutos depois, conseguiu o desempate numa desatenção da defesa do Fluminense. Após o jogo, o técnico Abel Braga, fez um desabafo, e disse que ninguém deu força para o Inter depois da goleada. Abel destacou, inclusive, que só três pessoas ligadas ao mundo do futebol, entre elas o técnico do Palmeiras, Dorival Júnior, lhe ligaram prestando solidariedade. Por isso, argumentou, o grupo apoiou-se em si mesmo para dar a volta por cima. Com o resultado, o Inter voltou a ser o segundo colocado do Brasileirão, beneficiado que foi pela derrota do São Paulo e, como o Cruzeiro foi outro que perdeu na rodada, sua distância para o líder diminuiu para seis pontos. Foi um grande dia para o Inter, com bom futebol, emoção na ponta da chuteira, desabafos e, indispensável para quem se propunha a superar um mau momento, muita sorte.

sábado, 11 de outubro de 2014

Ingenuidade

O Grêmio perdeu por 2 x 1 para o Palmeiras, hoje, no Pacaembu, pelo Campeonato Brasileiro. Mostrando a solidez defensiva que o tem caracterizado, o Grêmio saiu na frente no placar com um gol de pênalti, cobrado por Barcos. Porém, o Grêmio foi vitimado pela ingenuidade de seu técnico e de seus jogadores, e permitiu a virada. A ingenuidade de Felipão se deu ao não substituir Barcos logo após ele marcar o gol. Barcos já havia feito a sua parte, e tinha recebido o terceiro cartão amarelo, o que lhe retira do próximo jogo. Ele já estava marcado pela arbitragem e pelos adversários, e corria o risco de ser expulso. Felipão, que já havia sido previdente retirando Fellipe Bastos aos 28 minutos do primeiro tempo para evitar que ele fosse expulso, não fez o mesmo com Barcos. Com isso, sete minutos depois de abrir o placar, Barcos recebeu o cartão vermelho, de forma injusta, devido à pressão de um adversário sobre o árbitro. A ingenuidade dos jogadores se deu em relação à Valdívia, catimbeiro e simulador de lances, que cavou faltas a partida inteira, sem que ninguém do Grêmio soubesse como marcá-lo. Foi uma ótima oportunidade de subir na tabela que foi desperdiçada pelo Grêmio. O próximo jogo, contra o Goiás, no Serra Dourada, também deverá ser muito difícil. A campanha do Grêmio, em linhas gerais, é boa, mas o time não consegue deslanchar, frustrando o seu tão sofrido torcedor.

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Novidades velhas

A direita, cujo arcaísmo e conservadorismo são facilmente reconhecíveis, adora apresentar-se como "moderna". Seus defensores são propagadores de novidades velhas. Seus conceitos econômicos privilegiam o arrocho salarial, fomentam o desemprego, favorecem poucos e prejudicam muitos. Ainda assim, se intitulam modernos, pois afirmam que os governos de esquerda hipertrofiam o Estado, o que geraria "ineficiência" e "baixo crescimento da economia". O correto, sustentam, é um estado mínimo, enxuto, que cumpra, apenas, poucas funções básicas, deixando tudo o mais para a iniciativa privada. Corruptos até a raiz dos cabelos, arvoram-se em denunciadores de escândalos alheios, posando de paladinos da ética. Nada disso resiste a um exame mais atento, e aí é que está o problema. Boa parte do eleitorado se deixa seduzir pela maquiagem marqueteira, capaz de vender pedras como se fossem ouro. Não pode haver nenhuma dúvida, em qualquer pessoa minimamente lúcida, sobre qual o caminho a ser escolhido no segundo turno da eleição presidencial. De um lado, está um governo que trouxe 50 milhões de pessoas para o mercado de consumo, abriu as portas das universidades para negros e pobres, trabalhou em favor da cidadania e da inclusão social. De outro, um candidato de um partido que já esteve no poder e gerou recessão, desemprego, exclusão social, comprou parlamentares para instituir a reeleição em benefício próprio e engavetou todas as denúncias de casos de corrupção envolvendo seus membros. Como meio de fazer o retrocesso parecer algo novo e palatável, coloca um candidato com a estampa de um galã de meia-idade e o mesmo conteúdo de um pastel de vento. O Brasil tem de escolher entre continuar avançando ou cair no conto da carochinha dos demófobos modernosos.

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Vexame histórico

O Inter foi goleado pela Chapecoense por 5 x 0, na Arena Condá, hoje, pelo Campeonato Brasileiro. Um vexame histórico, pois essa derrota iguala a pior do Inter em toda a história do Brasileirão, quando perdeu, pelo mesmo placar, para o São Caetano, no Anacleto Campanella, na primeira edição da competição em pontos corridos, no ano de 2003. Era um jogo que o Inter tinha a obrigação de vencer. Afinal, era o vice-líder do campeonato, o líder havia sido derrotado na véspera, o que permitiria uma diminuição da diferença de pontos, e o adversário, mesmo jogando em casa, era modesto. Durante boa parte do primeiro tempo, o Inter conseguiu segurar o ímpeto da Chapecoense. Aos 34 minutos, Dida fez uma grande defesa, evitando o gol, mas aos 36, a Chapecoense abriu o placar, e, dois minutos depois, marcou mais um. Com isso, o Inter foi atordoado para o vestiário. Logo no início do segundo tempo, veio o terceiro gol, estabelecendo uma goleada. A partir daí, pouco havia a ser feito, a não ser tentar evitar um vexame maior, mas nem isso foi conseguido. Pelo contrário, o Inter levou mais dois gols, o último deles num pênalti cometido por Dida que resultou na expulsão do goleiro e na ida de Rafael Moura para o seu lugar, pois todas as substituições já haviam sido feitas. Foi o que se pode chamar de coroamento do desastre. Mesmo que a colocação na tabela continue boa, será difícil o Inter juntar os cacos depois de uma derrota tão fragorosa. Embora faltem apenas 11 jogos para o final da disputa, a demissão do técnico Abel Braga não pode ser descartada.

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Obrigação cumprida

O Grêmio venceu o Sport por 2 x 0, hoje, na Arena, pelo Campeonato Brasileiro. A vitória era uma obrigação para o Grêmio, depois de ter perdido em casa para o São Paulo, bem como pelo fato de enfrentar um adversário nitidamente inferior, e ela foi cumprida. Sem jogar uma grande partida, o Grêmio fez um gol em cada tempo. O primeiro num chutaço de Alan Ruiz, que substituiu Luan, convocado para a Seleção Olímpica. O segundo, de Dudu, após um lançamento primoroso de Giuliano. A surpresa agradável da noite foi a grande atuação do goleiro Tiago, que entrou no time devido à ida de Marcelo Grohe para a Seleção Brasileira. Giuliano, que entrou no segundo tempo, mesmo com o belo lançamento para o gol de Dudu, teve mais uama atuação pálida. A vitória levou o Grêmio, temporariamente, para a zona de classificação da Libertadores. Para nela permanecer, terá de torcer para que o Atlético Mineiro não vença o Fluminense, amanhã, no Maracanã. Aos trancos e barrancos, o Grêmio avança na busca do único objetivo que lhe resta em 2014, o de se classificar para a Libertadores. Seu próximo jogo, no entanto, contra o Palmeiras, no Pacaembu, será extremamente difícil. Afora vários desfalques, terá de se defrontar com um time em ascensão, que conseguiu afastar-se da zona de rebaixamento. O equilíbrio entre os clubes que buscam as primeiras colocações do Brasileirão é grande, e a definição de posições deverá se estender até a última rodada.

terça-feira, 7 de outubro de 2014

Eleição imprevisível

O Grêmio realizou, hoje, o primeiro turno das suas eleições presidenciais. Como era esperado, só duas das cinco chapas concorrentes conseguiram alcançar o mínimo de 20% dos votos do Conselho Deliberativo, e irão, no dia 18, disputar a preferência dos associados do clube, numa eleição de resultado imprevisível. A diferença de votos, no primeiro turno, foi pequena. A chapa 4, da situação, encabeçada por Romildo Bolzan Júnior, obteve 140 votos. A chapa 5, que tem como candidato a presidente Homero Bellini Júnior, teve 107 votos. Se forem somados os votos das outras três candidaturas de oposição, chega-se ao número de 147, superando os votos situacionistas, e indicando um desejo de mudanças. Depois de um longo período comandado pelos caciques Fábio Koff e Paulo Odone, ou por seus seguidores, o Grêmio poderá ser administrado por uma nova liderança. Os repetidos fracassos em campo, com 13 anos sem ganhar um grande título e quatro sem vencer nem ao menos o Campeonato Gaúcho, estimulam o desejo da busca por um novo caminho, capaz de reconduzir o Grêmio ao rumo das vitórias. A influência de Fábio Koff, atual presidente e indicado para ser o vice-presidente de futebol na chapa de Romildo, não pode ser desprezada. Porém, a margem apertada da vitória de hoje demonstra que Bellini Jr, que já concorreu na eleição anterior, em 2012, enfrentando os dois grandes caciques, dessa vez tem chances efetivas de vitória. Talvez tenha chegado a hora de o Grêmio ser varrido pelo vento da renovação. Koff representa um passado glorioso, mas, também, um presente pouco estimulante. Seu candidato, portanto, traz a marca do continuísmo. Ninguém pode saber se Bellini Jr, caso seja eleito, retomará o rumo dos títulos, mas diante do fracasso reiterado das velhas raposas, ele surge como uma alternativa váilida.

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Mudanças

Tornou-se comum, depois das manifestações de rua de junho de 2013, dizer-se que "o povo quer mudanças". Passado o primeiro turno das eleições, fica muito difícil entender esse desejo de mudanças. Iniciemos pelo Rio Grande do Sul. Um eleitorado que aspire por mudanças tornaria um candidato que se refere a quilombolas, gays e lésbicas como "tudo isso que não presta" o seu deputado federal mais votado? Esse mesmo eleitorado escolheria para senador um jornalista conhecido pelo seu reacionarismo, em detrimento do ex-governador Olívio Dutra, um homem impoluto e devotado às causas sociais? Como explicar que essas pessoas desejosas de mudanças coloquem na liderança do primeiro turno, e com favoritismo para o segundo, um candidato a governador que tem como vice de sua chapa um membro do empresariado gaúcho, adepto de ideias neoliberais e que gostaria de privatizar o Banrisul, banco estatal que é um orgulho do povo do Rio Grande do Sul? No plano nacional, como entender a enorme votação de Jair Bolsonaro, exemplar maior do fascismo no Brasil, que reelegeu-se para deputado federal? Será que a mudança pretendida é eleger para presidente Aécio Neves, com o seu já anunciado ministro da Fazenda, Armínio Fraga, adepto ferrenho das privatizações e que declarou que "um pouco de desemprego é bom para a economia"? Bem, se isso é mudar, só me resta seguir o poeta, e ir embora para Pasárgada.

domingo, 5 de outubro de 2014

Reacionarismo em doses fartas

No Rio Grande do Sul, o reacionarismo está em alta. Isso é o que mostra o resultado das eleições, onde ele surgiu em doses fartas. A eleição, para o cargo de senador, de Lasier Martins, em detrimento de Olívio Dutra, é um desses absurdos que desmoralizam um povo, e o remetem para o folclore da política. A larga vantagem de José Ivo Sartori no primeiro turno da eleição para governador é outra excentricidade, para dizer o mínimo. Sartori é candidato de um partido, o PMDB, que, no plano federal, vive agarrado a quem exerce o poder, sem lançar um candidato próprio para presidente, e, nos estados, não apresenta uma linha clara de atuação. Não tem proposta, busca o poder como um fim em si mesmo. O deputado federal mais votado no estado, Luís Carlos Heinze, é um reacionário assumido, defensor dos latifúndios e homofóbico. Onyx Lorenzoni, outro dos mais votados na eleição para deputado federal, também se alinha na extrema direita. O Rio Grande do Sul, tido por muitos como um estado "politizado", dá um péssimo exemplo no sentido contrário. Até mesmo a diferença de votos em favor da presidente Dilma Rousseff foi tímida no Rio Grande do Sul. O estado, e o país, podem estar se encaminhando para um terrível retrocesso. No caso das eleições proporcionais, para Assembleias Legislativas e Câmara dos Deputados, bem como no pleito para o Senado, que é majoritário, mas em turno único, não há o que fazer, pois os resultados estão definidos. Na eleição para governador do Rio Grande do Sul, e para presidente, o segundo turno permite que se pense melhor, para evitar um desatino que terá o povo como a grande vítima.

sábado, 4 de outubro de 2014

Sonho desfeito

O Inter perdeu por 2 x 1 para o Cruzeiro, hoje, no Mineirão, pelo Campeonato Brasileiro. Tropeços recentes do Cruzeiro e os bons resultados do Inter nos últimos jogos fizeram com que muitos acreditassem na possibilidade de uma vitória diante do clube mineiro  Caso isso acontecesse, a diferença do Inter para o Cruzeiro cairia para três pontos, deixando em aberto a disputa pelo título do Brasileirão. Porém, o sonho foi desfeito. A lógica preponderou, e, com pouco mais de trinta minutos de jogo, o Cruzeiro já vencia por 2 x 0. No início do segundo tempo, o Cruzeiro teve um pênalti a seu favor, o que poderia estabelecer uma goleada, mas William bateu muito mal e desperdiçou a cobrança. Logo após, o Inter descontou, com um golaço de Alex, mas o Cruzeiro soube manter o controle do jogo, e teve mais chances de ampliar o placar do que o Inter de empatar. Alex, aliás, foi um caso à parte no jogo. Ele começou o jogo no banco, com Williams entrando no time. Com isso, o Inter quase nada criou em termos ofensivos no primeiro tempo, com exceção de uma cabeçada perigosa de Rafael Moura. Com a entrada de Alex, no intervalo, o Inter cresceu de produção, incomodou o Cruzeiro, e até marcou o seu gol, de autoria dele, por sinal. Deixá-lo no banco foi uma decisão equivocada do técnico do Inter, Abel Braga, e colaborou decisivamente para que o sonho de vencer o Cruzeiro não se concretizasse.

Limites

O Grêmio perdeu por 1 x 0 para o São Paulo, hoje à tarde, na Arena, pelo Campeonato Brasileiro. Todos os fatores favoreciam o Grêmio para que obtivesse uma vitória. Afinal, o Grêmio vinha estava invicto há nove jogos e há oito sem tomar gols, o jogo era na Arena, que recebeu o segundo maior público de sua história, e o São Paulo tinha conquistado apenas um ponto nos quatro jogos anteriores. Porém, nada disso adiantou, pois o Grêmio esbarrou nos seus limites. Pará, Ramiro e Dudu foram muito mal, como de hábito, Barcos voltou a ter uma má atuação, e a falta de articulação, mais uma vez, se fez sentir. A rigor, só Marcelo Grohe, Geromel e Rhodolfo jogaram bem. O esquema do Grêmio, de grande solidez defensiva, funciona muito bem nos jogos fora de casa. Na Arena, no entanto, quando precisa propor o jogo, o Grêmio tem enormes dificuldades, mesmo contra adversários modestos, como Atlético Paranaense e Chapecoense, diante dos quais obteve vitórias por 1 x 0. Contra um adversário de grande porte, como o São Paulo, com vários jogadores de alto nível, essas dificuldades tendem  a se ampliar. Não bastasse isso, uma arbitragem confusa e insegura, deixou o time ainda mais instabilizado em campo. Para sorte do Grêmio, os resultados paralelos o beneficiaram, mas o problema está nas limitações do seu próprio time, principalmente a dificuldade em marcar gols. Sem superá-las, o Grêmio dificilmente obterá classificação para a Libertadores.

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

As mudanças na Fórmula 1

O dia de hoje foi marcado por notícias impactantes na Fórmula 1. Depois de seis anos na equipe, onde conquistou um tetracampeonato de 2010 a 2013, o alemão Sebastian Vettel está deixando a RBR, e, ainda que não haja a confirmação oficial, irá para a Ferrari, para o lugar do espanhol Fernando Alonso, que sairá da equipe italiana, pela qual não conquistou nenhum título. Vettel ainda tinha um ano de contrato com a RBR, que abriu mão do cumprimento do mesmo, de forma amigável. Com a saída de Vettel, o companheiro de equipe do australiano Daniel Ricciardo na equipe austríaca será o russo Daniil Kvyat, da STR. Por sua vez, Fernando Alonso deverá ir para a Mc Laren, onde já teve uma passagem anterior e saiu por conflitos com o piloto inglês Lewis Hamilton, atualmente na Mercedes. Com essas novidades, o Campeonato Mundial de Fórmula 1 de 2015 já se prenuncia como muito promissor. As Mercedes de Hamilton e do alemão Nico Rosberg, dominantes em 2014, deverão sofrer com a concorrência de Ricciardo, que já tem brilhado esse ano, de Vettel e Alonso em suas novas equipes e com o brasileiro Felipe Massa e o finlandês Valteri Bottas, da Williams, ambos de bom desempenho no atual campeonato. O equilíbrio, em 2015, deve ser bem maior do que em 2014, onde o título já está restrito aos pilotos da Mercedes. A dança das cadeiras começou antes do esperado, e já agita os bastidores da principal categoria do automobilismo mundial.

Os 40 anos de uma despedida

Na data de ontem, há 40 anos, Pelé, o maior jogador de futebol de todos os tempos, se despedia dos gramados. Ele retornaria, pelo New York Cosmos, prolongando por mais três anos a sua carreira, mas era uma experiência num futebol ainda incipiente e que teve êxito apenas parcial, pois o clube fechou alguns anos depois, e só agora está retomando suas atividades. Portanto, dentro do futebol de alto nível, a verdadeira despedida de Pelé se deu no dia 2 de outubro de 1974, no jogo Santos 2 x 0 Ponte Preta, numa Vila Belmiro lotada. Pelé estava com 34 anos. Aos 22 minutos do segundo tempo, Pelé se ajoelhou no gramado, e virou o corpo para os quatro lados do campo. O futebol nunca mais seria o mesmo, pois o melhor dentre todos os jogadores estava parando. Antes e depois de Pelé, o mundo assistiu jogadores espetaculares, como Puskas, Di Stéfano, Cruyff, Maradona, Messi. No entanto, nenhum se igualou a ele. Pelé poderia ter escolhido um amistoso festivo, num Maracanã lotado, para fazer sua despedida, mas isso ele já fizera quando do seu último jogo pela Seleção Brasileira, em 1971, contra a Iugolásvia. Era chegada a vez de sua despedida definitiva, e ela teria de ser no velho e acanhado estádio de seu Santos, pelo qual jogou durante a toda carreira. Lembro de ter ouvido o relato desse momento marcante pelo rádio, aos 12 anos de idade. Eu pude fruir os anos finais da carreira de Pelé, e sabia do enorme significado daquele fato. Naquela noite, na modesta Vila Belmiro, Pelé dava adeus aos gramados. O que faria a partir daí, pouco importa. Pelé adotou posições equivocadas, deu declarações desastradas, não teve o mesmo brilho fora dos campos. Porém, isso não é relevante. Ele é o maior de todos os tempos, e a data de ontem marca 40 anos de uma orfandade para todos os amantes do futebol. Sim, somos órfãos de um nível de excelência de futebol que só Pelé foi capaz de atingir. Desde então, vivemos uma profunda e irremediável saudade.

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

O combate ao obscurantismo

Vivemos tempos de ampliação das liberdades. Minorias antes oprimidas ganharam vez e voz. A sociedade torna-se cada vez menos tolerante com o obscurantismo e o falso moralismo. A batalha contra o conservadorismo retrógrado ainda é árdua, claro, mas discursos medievais e intolerantes não são mais aceitos. As declarações homofóbicas do candidato nanico a presidente, Levy Fidélix (PRTB), durante um debate de televisão, teve enorme repercussão negativa, que não se limitou às fronteiras do país, tendo ecoado fortemente no exterior. O recuo da candidata a presidente Marina Silva (PSB) no apoio às causas do movimento LGBT, pressionada que foi por lideranças evangélicas, fez com que o ator americano Mark Ruffalo, que havia lhe declarado apoio publicamente, voltasse atrás em sua posição. Os candidatos ainda evitam falar abertamente sobre temas considerados mais "espinhosos". Temem perder votos e contrariar o eleitorado conservador. Porém, está mais do que claro que o que as pessoas não aceitam mais são posições em desacordo com o avanço dos costumes. Muito há, ainda, a conquistar nesse terreno, mas que ninguém imagine a possibilidade de um retrocesso. A história não caminha para trás. Os que, dotados de visibilidade pública, se mostrarem homofóbicos, como no caso de Levy Fidélix, ou vacilantes no apoio aos gays, de forma idêntica com a de Marina Silva, logo sentirão o repúdio contra as suas manifestações. Sabe-se que existem grupos que perseguem e agridem minorias, mas eles são focos isolados de preconceito, não representam o pensamento preponderante da sociedade. Discursos moralistas e com conceitos formulados a partir de condenações de origem religiosa não tem mais vez. Os que apostarem na arenga conservadora vão se dar muito mal. O combate ao obscurantismo é uma tarefa exaustiva, mas os que o fazem estão em vantagem, e assim irão permanecer.