sexta-feira, 17 de junho de 2011

O governo do sigilo

Os primeiros meses do governo da presidente Dilma Roussef (PT) estão se caracterizando pela ocorrência de situações que frustram e decepcionam os brasileiros. Depois do súbito enriquecimento do ex-ministro chefe da Casa Civil da Presidência da República, Antônio Palocci Filho, que culminou com sua saída do cargo, veio a notícia da intenção do governo de fazer com que alguns documentos  dos arquivos oficiais de administrações anteriores permaneçam secretos para sempre. Agora, surge a decisão de manter em sigilo o orçamento das obras para a Copa do Mundo de 2014. A proposta foi aprovada, na quarta-feira, pela Câmara dos Deputados, para simplificar o processo de licitação de obras para a Copa e Olímpiadas de 2016. O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, considerou o fato "escandalosamente absurdo", pois, argumentou, não pode haver despesa pública protegida por sigilo. O líder do governo na Cãmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), disse que a proposta não afeta a fiscalização dos preparativos para a Copa. Conforme Vaccarezza, as obras serão fiscalizadas pelos orgãos de controle e seu valor total será divulgado depois de terminados os empreendimentos. Afirmou, ainda, que a manutenção do sigilo do preço impedirá as empreiteiras de apresentarem valores superfaturados para as obras. Elas terão, segundo o líder do governo, de apresentar o preço de mercado sem saber de antemão quanto o governo terá para gastar na hora. Porém, o que mais preocupa nas declarações do deputado é quando ele diz que "temerário é não ter a Copa, temerário é não ter as Olimpíadas". Tais colocações apenas alimentam as suspeitas de setores da imprensa desde que o Brasil foi indicado para sediar a Copa de 2014, ou seja, de que seria uma grande oportunidade para obras com superfaturamento e desperdício de dinheiro público. Infelizmente, o atual governo não parece prezar muito a transparência, optando pelo sigilo em relação a seus atos, o que só fortalece a idéia de que, talvez, haja muito o que esconder. O governo pode até funcionar bem em outros níveis, mas quanto à ética das suas ações, mesmo em tão pouco tempo de administração, já deixa bastante a desejar.