segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Eleições

As manifestações de rua que varreram o país em junho evidenciaram os muitos problemas que vivemos no atendimento a questões essenciais como saúde, educação e segurança. Porém, afora alguns gestos para impressionar a opinião pública, num primeiro momento, os políticos seguem com suas velhas práticas. Uma prova disso está no fato de que, faltando mais de um ano para as eleições de 2014, esse tem sido o assunto de que os políticos mais se ocupam. As estranhas e inchadas alianças entre os mais variados partidos continuam a ser compostas. Não faltam ameaças de sair de um lado e saltar para o outro, desde que haja compensação na forma de cargos, apoio em futuras eleições e outras coisas do gênero. Nenhuma preocupação com coerência ideológica ou identidade de propósitos. Enquanto as pessoas vão às ruas reivindicar transporte mais barato, hospitais em melhores condições, segurança para a população, a classe política, em vez de empenhar-se na busca de solução para essas questões, se ocupa, com enorme antecipação, de desenhar o quadro eleitoral para o ano que vem. Em Porto Alegre, por exemplo, o prefeito José Fortunatti (PDT) quer que o partido rompa a aliança com o governo estadual. Fortunatti ameaça até se licenciar do PDT, caso o partido apoie a reeleição do governador Tarso Genro (PT). O presidente do PT do Rio Grande do Sul, deputado estadual Raul Pont, criticou as declarações de Fortunatti. Por sua vez, o presidente do PDT do Rio Grande do Sul, Romildo Bolzan Jr., rebateu as declarações de Pont e disse que não aceita interferências externas em assuntos de seu partido. Bolzan Jr., cujo partido é da base de sustentação da presidente Dilma Rousseff, já cogita que o PDT apoie a candidatura a presidente do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB). Em troca, o PSB apoiaria um possível candidato do PDT a governador do Rio Grande do Sul. A política brasileira segue nesse nível "elevado", enquanto os muitos problemas do país clamam por soluções. O horizonte dos políticos brasileiros, depois de cada eleição, passa a ser, apenas, o próximo encontro com as urnas. Administrar, de maneira dedicada e competente, os municípios, os estados e o país, parece ser, para eles, uma tarefa secundária.