segunda-feira, 25 de abril de 2011

Os novos donos do futebol

Esporte das multidões, capaz de despertar as mais arrebatadoras paixões, o futebol teve, por muito tempo, os clubes e seus torcedores como seus principais fatores de sustentação. Infelizmente, não é mais assim. Com o tempo, o futebol transformou-se num grande negócio, sujeito aos mais diferentes interesses. Dessa forma, os clubes não possuem mais nenhuma autonomia. Submetem-se aos interesses de confederações, federações e detentores de direitos de transmissão de competições, que olham apenas para as suas próprias conveniências. A questão que envolve as datas dos próximos jogos de Grêmio e Inter é exemplar nesse aspecto. O Grêmio tem jogos marcados pela Taça Libertadores da América nas duas próximas terças-feiras. Com isso, se jogar o Gre-Nal marcado para domingo pelo Campeonato Gaúcho, terá de atuar apenas dois dias depois pela Libertadores, praticamente saindo do campo para entrar no avião. Um rematado absurdo! Tão ou mais absurda é a posição da imprensa sobre tão escabrosa situação, que varia da idéia de que nada há a se fazer ou até a sugestão de que o Grêmio, por já estar garantido numa possível decisão do Gauchão, jogue o Gre-Nal com um time reserva, praticamente abdicando da oportunidade de conquistar o título já no domingo. Se alguém tem de ceder nessa hora é a Federação Gaúcha de Futebol, culpada de toda essa confusão por elaborar um campeonato demasiadamente longo, que colide desnecessariamente com competições mais importantes. Forçar o cumprimento das tabelas originais levando em conta apenas os interesses da televisão é um achincalhe ao futebol! O Grêmio tem o dever, em seu nome e dos interesses maiores do futebol de não se submeter a uma situação tão aviltante. O clube não pode ser punido por ter êxito dentro de campo. A entidade chamada de "mater", ou seja, mãe, do futebol gaúcho, é que tem de parar de agir como madrasta de um de seus filiados mais ilustres.