segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Candidaturas nanicas

A cada eleição para cargos majoritários, no Brasil, um fenômeno se repete: as candidaturas nanicas, ou seja, de nomes sem densidade eleitoral, concorrendo por partidos inexpressivos. Sua atuação nas eleições é uma excentricidade bem brasileira, pois, embora não tenham nenhuma representatividade, se fazem presentes, muitas vezes, em debates no rádio e na televisão. Assim, o que poderia ser uma discussão produtiva entre os candidatos melhor situados nas pesquisas, torna-se uma farsa que entedia o eleitor. Afinal, candidatos com reais chances de vitória são forçados a formular perguntas para quem não tem nenhuma chance de se eleger, e tem de responder às suas indagações. Por sua vez, os candidatos nanicos pouco auferem em tais encontros, a não ser a exposição midiática que lhes conferem os tais "quinze minutos de fama" de que falava Andy Warhol. Sim, porque, na quase totalidade dos casos sequer se valem do espaço na mídia para, futuramente, concorrer numa eleição proporcional. Com exceção de José Maria Eymael, eterno candidato a presidente pelo PSDC, que já foi deputado federal, a maioria jamais passou pelo parlamento. Como exemplo da bizarrice desses candidatos, há um concorrente a governador do Rio Grande do Sul, em 2014, que está sempre vestido com a indumentária típica do gaúcho, e que compareceu a um debate de rádio montando um cavalo, em pleno centro de Porto Alegre. Nas eleições presidenciais, a cada quatro anos, nos deparamos com o já citado Eymael, Levy Fidélix (PRTB), José Maria de Almeida (PSTU), e Rui Costa Pimenta (PCO). Eles sabem que não vão ganhar, mas continuam a concorrer. Talvez vejam na eleição para o cargo mais importante do país a chance de divulgar suas ideias e seus partidos, mas, na prática, isso não acontece, dado o pouquíssimo tempo de que dispõem no horário eleitoral gratuito. Dessa forma, a presença de seus partidos nas casas parlamentares continua irrelevante. Afora dar um toque de folclore ao processo eleitoral, não se consegue vislumbrar qualquer outro sentido na presença dos candidatos nanicos nos pleitos.