sexta-feira, 22 de setembro de 2017

O caos no Rio de Janeiro

Episódios de violência, insegurança da população, comunidades dominadas por facções criminosas, o poder paralelo desafiando as instituições, nada disso é novidade no Rio de Janeiro. Hoje, no entanto, esse quadro atingiu um nível de gravidade poucas vezes visto. A violência se espalhou pela cidade, e a favela da Rocinha sofreu intervenção das Forças Armadas. Porém, o processo de degradação da mais linda cidade do mundo não começou agora. Anos de incúria administrativa levaram ao panorama atual. A cidade tornou-se refém do poder do tráfico. Morros e favelas foram dominados pelo crime organizado. O caos no Rio de Janeiro é a crise do país vista com lente de aumento. O Rio é a cidade que dá identidade ao Brasil, sua melhor tradução cultural. Dentro do país, sempre coube ao Rio o papel de vanguarda nas tendências, hábitos, usos e costumes. Sua paisagem exuberante seduz nativos e estrangeiros. A agonia do Rio, portanto, não é um fato localizado, mas a expressão mais evidente do desmoronamento do país. Um país governado por golpistas e corruptos, sem rumo, minado pela ausência de perspectivas, entregue á desesperança, flertando com soluções autoritárias e antidemocráticas. Não há solução mágica, nem imediata, pára uma situação tão crítica. Um fator, entretanto, é essencial. O fosso existencial entre o morro e o "asfalto" não pode persistir. Sem justiça social é impossível construir um país estável. Sem ela, o caos se instala, a violência se banaliza, a sociedade se desumaniza. Tanques nas ruas são um remédio imediatista, como um antitérmico para um quadro febril. Para curar a infecção que gerou a febre é preciso muito mais. A receita inclui, ainda, educação e democracia. Sem isso, todas as soluções serão meramente paliativas, prolongando indefinidamente a erradicação da enfermidade que se abate sobre o tecido social brasileiro.