sexta-feira, 16 de maio de 2014

A compra da Arena

Em meio a tantas desilusões, os torcedores do Grêmio estão, nos últimos dias, tomados pelo entusiasmo quanto a possibilidade de o clube ficar com a Arena só para si, e não mais em parceria com a construtora OAS. Claro que isso não vai acontecer de uma hora para a outra, pois envolve muito dinheiro, mas, ao contrário do que muitos possam pensar, não se trata de um sonho delirante. A razão para isso é bastante simples. Os estádios, por mais modernos e multiuso que sejam, como é o caso das novas arenas do futebol brasileiro, não são empreendimentos altamente rentáveis. Eles até podem dar algum retorno financeiro, mas nunca na medida sonhada pelas empreiteiras que firmaram parcerias com clubes ou com o poder público, no caso dos estádios municipais e estaduais. Por falta de familiaridade com o futebol, tais empresas julgaram poder fazer dos novos e confortáveis estádios uma verdadeira "mina de ouro", essa sim uma visão delirante. Voltadas, prioritariamente, para atividades que nada tem a ver com o futebol, e confrontadas com a frustração de suas expectativas iniciais quanto à rentabilidade dos estádios, novos ou reformados, a tendência é que, com o tempo, todas as construtoras abandonem as parcerias estabelecidas. Desse modo, os estádios particulares voltariam a pertencer unicamente aos clubes, e os demais voltariam a ser inteiramente públicos. Não será da noite para o dia, e a mudança exigirá muita negociação e dinheiro, mas me parece ser um desfecho inevitável. Empreiteiras são empresas que visam grandes lucros, e já perceberam que os estádios, como empreendimento, estão longe de proporcioná-los. Os gremistas não estão vibrando em vão. Seu sonho tem tudo para se tornar realidade.