sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

As consequências da insensatez

Muito antes do que se poderia imaginar, as consequências da insensatez da maioria do eleitorado do Rio Grande do Sul, que escolheu, para governador do Estado, José Ivo Sartori (PMDB), um nome que, claramente, não está a altura das exigências do cargo, já se fazem sentir. Fiel ao receituário neoliberal, Sartori, que assumiu há 15 dias, iniciou seu mandato anunciando a suspensão de pagamentos a fornecedores, e acenou com o congelamento de ganhos das categorias menos remuneradas dos servidores estaduais, como professores e policiais, que sequer tem a garantia do pagamento em dia de seus salários. No entanto, ontem, Sartori sancionou o projeto que concede aumento de salários para governador, vice-governador, secretários estaduais e outras categorias situadas entre as melhor remuneradas do funcionalismo público. Ao fazê-lo, como bem observou a jornalista Rosane de Oliveira, colunista do jornal "Zero Hora", Sartori consumiu boa parte de seu patrimônio político.  Em sua campanha, Sartori bateu na tecla de que o governo de Tarso Genro (PT), que buscava a reeleição, havia quebrado o Estado financeiramente. Sartori se propunha a recuperar as combalidas finanças estaduais, embora nunca dissesse, objetivamente, como iria realizar essa tarefa. Ao assumir o cargo, partiu logo para o anúncio das medidas óbvias preconizadas pela direita, sempre disposta a adotar regras de "austeridade". Deixando-se levar por uma eficiente estratégia de marketing de campanha, que vendeu a imagem de Sartori como a de um sujeito bonachão, pouco ilustrado mas bom administrador, e pelo permanente antipetismo da grande imprensa, o eleitor do Rio Grande do Sul o escolheu para governador. Assim, negou a reeleição para Tarso Genro, um político da mais alta estirpe e um intelectual de grande nível. A repercussão, nas redes sociais, da sanção de Sartori ao projeto que, entre outros, aumenta o seu próprio salário, foi imediata e altamente negativa. Porém, agora é tarde. A irreflexão do eleitor o obrigará a aturar por quatro anos quem já se mostrou desastroso nos primeiros 15 dias. Paciência. Afinal, como expressa  o ditado, quem corre por gosto não cansa.