A escola de samba São Clemente não é uma das grandes do Rio de Janeiro. Porém, não só realizou um belíssimo desfile, ontem, na Marquês de Sapucaí, como apresentou um enredo muito pertinente em relação ao Carnaval atual. O recado da São Clemente foi claro, revelando saudades dos antigos carnavais da Praça Onze, com sua maior simplicidade. O samba-enredo criticou, também, os interesses financeiros cada vez maiores em torno dos desfiles, e o excesso de celebridades oportunistas que se utilizam das escolas para a sua promoção. A São Clemente tem razão. O Carnaval na Marquês de Sapucaí está cada vez mais bonito e opulento, como se pode comprovar nesse ano, mas o samba de raiz, o protagonismo das comunidades onde estão localizadas as escolas, têm de ser preservados. O Carnaval é uma das mais significativas expressões da cultura brasileira, e portanto, não deve se limitar a um espetáculo, ainda que grandioso. As escolas de samba são células importantíssimas das suas comunidades, e é preciso valorizar os milhares de anônimos que vibram e sofrem por elas.
