sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Campanha deflagrada

Faltando um ano e oito meses para a sua realização, a eleição presidencial de 2014 já está tendo a sua campanha deflagrada. A festa de comemoração dos 33 anos de fundação do PT, e o discurso do senador Aécio Neves (PSDB-MG) na tribuna do Senado, ambos ocorridos no mesmo dia, não deixam dúvidas quanto a isto. Na comemoração do PT, ficou claro que a presidente Dilma Rousseff será candidata à reeleição, afastando a hipótese, que vinha sendo especulada, de que o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva tentaria uma volta ao cargo. O discurso de Aécio demonstrou que, ainda que não tenha ocorrido a oficialização, deverá ser ele o candidato a presidente pelo PSDB. Tais fatos confirmam uma velha tendência brasileira, a de estar sempre mirando na próxima eleição, mesmo que ela esteja distante. O país, por certo, tem várias questões exigindo solução, mas a disputa pelo poder já começa a assumir o protagonismo na cena política. Entre auto-elogios dos governistas, e críticas candentes do senador oposicionista, um fato merece ser destacado. O senador Lindbergh Farias (PT-RJ), dirigindo-se a Aécio Neves, após o seu pronunciamento, chamou a atenção para o dado de que, em toda a sua fala, o ex-governador de Minas Gerais jamais citou termos como povo, gente, e emprego. Lindbergh acertou na mosca. A razão dos sucessivos fracassos eleitorais do PSDB nas eleições presidenciais se deve, em grande parte, a natureza dos seus argumentos, voltados para a estabilidade da moeda, fundamentos macroeconômicos e assemelhados. Uma linguagem técnica, voltada para temas que empolgam setores acadêmicos, mas que não sensibilizam a grande massa do eleitorado. O chamado "povão" nada quer saber destes assuntos tão áridos e impenetráveis. Seus interesses são emprego e renda, fatores que cresceram no período em que o PT governa o país. Ainda falta um bom tempo para a eleição, mas a possibilidade de uma derrota dos atuais ocupantes do poder continua sendo muito improvável.