quinta-feira, 26 de abril de 2012

Cotas raciais

O Supremo Tribunal Federal decidiu, hoje, por unanimidade, pela constitucionalidade do sistema de cotas raciais, que visa proporcionar o acesso de negros e índios a instituições de ensino superior. Foi outra decisão elogiável da mais alta instância da magistratura brasileira, agindo em consonância com os interesses maiores da sociedade, sem ceder às pressões dos grupos conservadores. O julgamento de constitucionalidade se deu a partir de uma contestação ao sistema de cotas da Universidade de Brasília (UnB), apresentada pelo DEM. Os votos dos ministros ressaltaram a necessidade do país saldar a dívida histórica com etnias que foram marginalizadas do acesso ao ensino superior. Como toda medida que busca romper com desigualdades e injustiças, o sistema de cotas gerou furiosas reações dos adeptos do conservadorismo. Felizmente, os tempos são outros, e os magistrados brasileiros refletem, em suas decisões, a tendência modernizadora da maioria da sociedade, e não mais a postura de setores retrógrados. A baixa presença de negros e índios no ensino superior brasileiro é um retrato da discriminação histórica sofrida por essas etnias. O racismo sempre esteve presente na sociedade brasileira. Sua existência foi abafada, contudo, pela difusão da ideia de que o Brasil é um país sem preconceitos. Os argumentos contrários às cotas são pífios e inconsistentes, motivados apenas pela inconformidade dos detentores de privilégios de abrirem mão de suas vantagens. O ensino, em todos os níveis, tem de ser democratizado. A cor da pele e a condição econômica não podem servir de filtro para o acesso ao estudo. O sistema de cotas é uma iniciativa meritória, que deve ser incentivada, pois é um meio para que o país pague, ao menos em parte, a imensa dívida moral que tem com negros e índios.