segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Transparência

O episódio envolvendo o corte do lateral direito Maicon da Seleção Brasileira é um exemplo dos efeitos deletérios que a falta de transparência pode causar em acontecimentos desse tipo. Como as razões da dispensa do jogador não foram divulgadas, uma série de versões e especulações sobre o fato logo pulularam nas redes sociais, muitas delas carregadas de vulgaridades e obscenidades. O coordenador técnico da Seleção Brasileira, Gilmar Rinaldi, foi de uma inabilidade inacreditável no trato da questão. Ele anunciou o corte de Maicon, disse que não revelaria qual a razão da medida tomada, e pediu à imprensa que não perguntasse nada sobre o assunto para os demais jogadores. O pedido, em si, é ridículo e absurdo, e só serviu para estimular a criação das mais diversas versões para o ocorrido. Se o motivo da dispensa do jogador, como está sendo aventado, foi o de um grande atraso na reapresentação após a folga, isso poderia ter sido divulgado de imediato, sem criar mistério. A patética postura de Gilmar Rinaldi maximizou uma questão que poderia ter sido bem melhor encaminhada. Como consequência, até histórias que atentam contra a honra de outro jogador da Seleção, o volante Elias, começaram a se espalhar, o que o levou a decidir-se por acionar a Justiça para preservar sua imagem. O silêncio oficial, num caso como esse, só piora tudo. Seria preferível que nada tivesse sido dito. Na sua primeira questão mais espinhosa fora de campo, a nova cúpula da Seleção já se saiu muito mal. Decididamente, a Seleção Brasileira merecia um comando bem melhor, dentro e fora dos gramados.