terça-feira, 5 de julho de 2011

O mercenarismo no esporte

O esporte atrai e empolga multidões, serve de catarse para as muitas frustrações da existência, desperta paixões, constrói ídolos. Por isso mesmo, era inevitável que, com o passar do tempo, se tornasse um grande negócio, uma indústria milionária. O capitalismo exacerbado de nossos dias, em que o neoliberalismo reina solto, sem um contraponto como em outras épocas, fez do esporte mais uma enorme fonte de ganhos e lucros para poucos, às custas da paixão de muitos. Os salários pagos para os grandes nomes do esporte são, a cada dia, mais exorbitantes. Os chamados "empresários" e agentes de atletas faturam  gordas comissões. No futebol, especificamente, jogadores são transacionados por cifras estratosféricas. Os prêmios pagos em algumas competições são, também, espantosos. O ganhador de uma edição das 500 Milhas de Indianápolis, a mais famosa prova do automobilismo mundial, e o campeão do torneio de tênis de Wimbledon, o mais tradicional da modalidade, levam para casa mais de 1 milhão de dólares. Porém, há um lado menos nobre em tudo isso. O amor puro e simples ao esporte, a vontade de superar os próprios limites, de estabelecer recordes, de realizar grandes feitos, de ter o nome gritado pelo público, deu lugar, para grande parte dos esportistas, a uma desnfreada busca do enriquecimento, da "independência financeira" a qualquer custo. Um exemplo disso é o que acontece com a Seleção Brasileira de Basquete Masculino. O Brasil sempre teve grande tradição nesse esporte, chegando a ser bicampeão mundial. O basquete brasileiro, ao longo do tempo, revelou grandes jogadores como Amaury Pasos, Rosa Branca, Ubiratan, Hélio Rubens, Oscar, Marcel, entre tantos outros. Hoje, o basquete masculino brasileiro vive uma triste realidade, em que a classificação para a próxima Olímpiada, se for obtida, já representará uma façanha. Os motivos dessa decadência, por certo, tem a ver com o tema central desse texto. Não faltam ao Brasil grandes jogadores de basquete. O que ocorre é que eles jogam em equipes da NBA, já possuem dinheiro e fama. Dessa forma, o que antes era um orgulho, defender o Brasil numa competição, passa a ser visto como um fardo. Nenê e Leandrinho, dois dos melhores jogadores de basquete do país, ambos atuando na NBA, pediram dispensa da Seleção Brasileira de basquete masculino que irá disputar o torneio pré-olímpico, em Mar Del Plata, entre os meses de agosto e setembro, e que classificará duas equipes para a Olímpiada de 2012, em  Londres. Os dois jogadores alegaram motivos pessoais e contratuais para o pedido. Em outras ocasiões, já havia acontecido o mesmo, ou seja, os principais nomes do basquete brasileiro alegavam os mais variados motivos para não servir à Seleção. Não há, de parte de tais jogadores, nenhuma preocupação com os rumos do basquete brasileiro, eles só pensam nos seus próprios interesses. Triste retrato de uma época em que o esporte não é mais uma busca pela glória e pelo reconhecimento, mas tão somente mais um meio de enriquecer.