quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

A elitização do futebol

Para aqueles que gostam de futebol, a experiência de estar num estádio lotado, ocupado por uma torcida entusiasmada, é uma experiência das mais gratificantes. O espetáculo das arquibancadas soma-se ao futebol praticado no gramado, atingindo um nível, por vezes, fascinante. Porém, parece que muitos já não pensam assim. Em nome da segurança e do conforto, os estádios estão encolhendo. O Maracanã, antes o maior estádio do mundo, com capacidade aproximada para 200 mil pessoas, foi sendo, de tempos em tempos, encolhido, e, quando terminar a atual reforma, deverá abrigar menos de 80 mil lugares. Sua geral, exemplo da animação e da paixão do torcedor mais pobre, foi destruída para dar lugar a cadeiras. O mesmo aconteceu com a coréia do Beira-Rio, estádio que também foi sendo diminuído em sua capacidade  e que, já tendo abrigado mais de 100 mil pessoas, terá, quando do final da reforma que está sendo feita, 50 mil lugares. Espaços antes destinados ao público em geral, neste e em outros estádios, como o Olímpico, por exemplo, foram substituídos por camarotes e cadeiras, diminuindo a capacidade total e elevando o preço do ingresso para níveis fora do alcance do torcedor comum, que é justamente o mais fiel. Em sentido contrário a tudo isso, surgiu, há alguns anos, a torcida Geral do Grêmio, cujo colorido e animação, acompanhados por cânticos entoados incessantemente, chamou a atenção de todos, dentro e fora do Rio Grande do Sul. Logo surgiram, no entanto, os que viam em tal torcida um grupo perigoso, que não deveria ser estimulado e que poderia ameaçar a ordem dentro dos estádios, ignorando o quanto ela acrescentou de brilho e entusiasmo aos jogos do Grêmio, fato reconhecido por todos que aqui vem jogar ou transmitir jogos. Como se não bastasse, a Brigada Militar cogita, agora, de proibir as faixas coloridas que a Geral do Grêmio leva para os estádios, alegando que podem dificultar a visualização de pessoas que brigam ou consomem drogas. É o cúmulo da ranhetice e do mau humor. Enquanto os cariocas fazem uma enorme festa apenas para receber Ronaldinho, os gaúchos parecem querer banir a alegria e o colorido dos estádios. Já de algum tempo, a Brigada Militar parece querer assumir um papel de protagonista no futebol. Nada mais errado. A Brigada Militar é uma força auxiliar do espetáculo que nada deve propor, atuando apenas quando for solicitada por quem verdadeiramente deve comandar o futebol, as federações e os clubes. Se as coisas prosseguirem nesse caminho, o futebol deixará de ser o esporte das massas por excelência, para se transformar num espetáculo insípido e elitista.

Uma proposta contra a mesmice

Para os que se queixam da previsibilidade e da repetição de temas das novelas da televisão brasileira, o SBT acena com uma perspectiva interessante. A novela "Amor e Revolução", prevista para estrear em março, contou, em seu workshop de preparação, com um relato da jornalista Rose Nogueira, que referiu detalhes do período em que ficou presa, em 1969, nas dependências do DOPS. A jornalista, que foi presa apenas 30 dias depois de ter seu primeiro filho, descreveu as torturas a que foi submetida. O tema da tortura e  dos abusos do regime militar segue sendo um tabu para muitos no Brasil que, até hoje, não julgou os seus responsáveis, ao contrário do que fizeram seus vizinhos, Uruguai e Argentina. O fato de uma novela de televisão se propor a abordar o tema é, além de conveniente para a reflexão a respeito, um sopro de novidade na mesmice dos enredos.