sábado, 20 de abril de 2019

Um recurso mal aplicado

O Brasil é um país onde as melhores ideias e iniciativas se desfiguram, pois quase sempre elas são deturpadas. No texto anterior, nesse espaço, manifestei minha convicção de que o VAR é um avanço no futebol, e que a alegada perda de dinâmica do jogo é um fator menor diante da maior lisura que ele proporciona em relação aos resultados das partidas. Porém, o que se viu hoje, no segundo jogo da decisão do Campeonato Mineiro entre Cruzeiro e Atlético Mineiro, foi um prato cheio para quem é contra o VAR. O jogo foi paralisado várias vezes para a consulta do árbitro de vídeo, travando excessivamente o andamento da partida. A impressão que se tinha era que, em vez de ser um elemento auxiliar da arbitragem, o VAR é que estava tomando as decisões sobre o que acontecia no jogo. O árbitro parecia ter renunciado à sua tarefa de apitar o jogo, transferindo o ônus da decisão sobre os lances mais polêmicos da partida para quem estava na cabine de vídeo. Para piorar, o pênalti marcado em favor do Cruzeiro, que acabou sendo decisivo para que o clube conquistasse o título, foi muito discutível. Não foi para ser usado assim que o VAR foi criado. No jogo de hoje, ele foi um recurso mal aplicado.