segunda-feira, 16 de julho de 2018

O fim de uma falsa verdade

O Brasil é um país que cultiva, como poucos, o gosto por cultuar e transmitir, por várias gerações, pretensas verdades absolutas que não passam de conversa fiada. Uma delas é a de que os brasileiros dão uma importância ao futebol maior do que a de outros países mais evoluídos ou civilizados. O retorno das seleções de França, Croácia e Bélgica aos seus países, após suas participações na Copa do Mundo, na Rússia, determinou o fim de uma falsa verdade, tantas vezes repetida. As recepções de franceses, croatas e belgas às suas seleções foram apoteóticas. Multidões acorreram às ruas para saudar, efusivamente, as delegações que brilharam na Copa. Os franceses comemoraram a conquista do seu segundo título mundial, com os vitoriosos desfilando em carro aberto. Os croatas se mostraram orgulhosos do vice-campeonato, maior campanha do país na história da competição. O mesmo júbilo exibiram os belgas pelo terceiro lugar, igualmente o melhor desempenho de sua seleção em todas as Copas. A associação de governantes com comemorações desse tipo, sempre criticada como outra deformação brasileira, também se verificou nessas celebrações europeias. Na França, o presidente e a primeira dama, que se fizeram presentes ontem na decisão da Copa do Mundo, em Moscou, recepcionaram a delegação e, todos juntos, cantaram a Marselhesa à capela. Na Bélgica, a família real também se juntou à recepção da delegação que representou o país na Copa. A paixão pelo futebol ocorre no mundo inteiro, nos mais diversos países, de diferentes graus de desenvolvimento. A ideia de que o brasileiro se ocupa demais com o futebol, enquanto outros países se importam com assuntos mais "sérios", é uma lorota que não se sustenta mais.