segunda-feira, 22 de julho de 2013

A visita do Papa

O assunto do dia, no Brasil, como não poderia deixar de ser, é a visita do papa Francisco ao país, em função da realização, no Rio de Janeiro, da Jornada Mundial da Juventude. A chegada do papa movimentou o Rio de Janeiro. Francisco, mais uma vez, impressionou pela simplicidade e acessibilidade. Pediu um carro simples para conduzi-lo pela cidade e manteve a janela do veículo aberta. A simpatia que desperta entre os católicos e até pessoas que não pertencem à sua igreja é inegável. Porém, o que ficará como legado para a Igreja Católica após a realização de mais essa edição da Jornada Mundial da Juventude? Muitos jovens vieram de várias localidades do país e até do exterior para participar da jornada e ver o papa, mas o que isso trará de prático para a Igreja? Entendo que será muito pouco. Por mais que se esforce em tentar adotar um canal de comunicação com os jovens, a Igreja não consegue fazê-lo, e por razões muito claras. A Igreja Católica é uma instituição aferrada à dogmas anacrônicos, que não encontram eco na juventude. Claro que sempre existirão jovens dispostos a seguir a cartilha da Igreja e propagar seus ensinamentos, mas eles são exceção. A Igreja vive uma perda de fiéis constante, no mundo inteiro. Ela insiste em defender a castidade antes do casamento, a indissolubilidade do matrimônio, não aceita o uso da camisinha, renega a homossexualidade. Tais posturas são incompatíveis com os tempos atuais. A história não anda para trás e, portanto, é absurdo alguém pensar que possa haver uma reversão que possibilite uma volta a antigos costumes. Isso, simplesmente, não vai acontecer. A Igreja ainda é capaz de mobilizar milhões de pessoas em torno de si, mas esse número vem diminuindo, e vai encolher cada vez mais. Muitas pessoas migraram para outras religiões, e o número de ateus também tem crescido significativamente. A Igreja sempre partiu do pressuposto de que a rigidez dos seus dogmas era uma das razões, senão a principal, para explicar sua notável longevidade. No entanto, é justamente essa inflexibilidade que está levando-a a perder adeptos, e nem mesmo a simpatia do papa Francisco poderá deter esse processo. A única saída para a Igreja Católica não encolher cada vez mais é fazer aquilo a que sempre se negou, isto é, transigir em suas posturas. Nada indica, contudo, que assim procederá, o que fará com que o quadro atual se acentue de forma inescapável.