quarta-feira, 23 de novembro de 2011

A chegada do gladiador

Finalmente, depois de praticamente um mês de tratativas, o Grêmio apresentou o atacante Kléber como o seu mais novo reforço. Kléber é um bom jogador, sem dúvida, e vem para sanar a principal deficiência do Grêmio após as saídas de Jonas e Borges, ou seja, a falta de bons atacantes. Porém, vários aspectos que envolvem essa contratação são preocupantes. Kléber, a despeito de sua qualidade técnica, é um jogador temperamental, dentro e fora de campo. Por seu comportamento durante as partidas, coleciona expulsões. Não é à toa que é conhecido como "gladiador". Esse, por sinal, é outro dado questionável na vinda do jogador para o Grêmio. O clube pretende explorar o conceito de "gladiador" atribuído a Kléber para associá-lo com o novo estádio que está construindo, que denomina de "arena". Além da óbvia associação dos dois termos, tais conceituações se encaixam na ideia permanentemente propagada pelo presidente do clube, Paulo Odone, de que o Grêmio é um clube "guerreiro", e de "raça". Tão enraizada está ficando essa ideia, que até mesmo uma peça publicitária dirigida aos torcedores da dupla Gre-Nal, veiculada nos jornais de Porto Alegre nessa semana, fala na expectativa de jogadas bonitas por parte dos colorados, e de raça do lado dos gremistas. O jogador do Inter cuja foto aparece na peça publicitária é D'Alessandro, maior expressão técnica do time. Já o jogador do Grêmio escolhido para o anúncio é Fábio Rockembach, um volante marcador. Ora, um clube da grandeza do Grêmio, que teve, ao longo de sua história, jogadores de altíssimo nível técnico como Gessy Lima, Aírton, Renato e Ronaldinho, não pode ser reduzido a uma imagem de raça e combatividade. O futebol exige muito mais do que apenas esforço e aplicação. Exige talento. Outro reparo a se fazer quanto à vinda de Kléber é no que diz respeito ao seu salário. Ainda que o clube não vá arcar inteiramente com o valor que será pago ao jogador, R$ 500 mil reais por mês parece ser um exagero para quem não tem em seu currículo passagens pela Seleção Brasileira. O tempo de duração de seu contrato, cinco anos, também é demasiado para um  jogador que já está com 28 anos. Mesmo com todos esses senões, a contratação de Kléber merece ser saudada, por sinalizar uma política de pensar grande no futebol que o Grêmio tinha abandonado nos últimos anos. No entanto, é preciso que o Grêmio tenha consciência de que para voltar a conquistar grandes títulos é preciso muito mais do que Kléber. O trabalho de construção de um grande time para 2012, que é a intenção declarada dos dirigentes do Grêmio, exigirá outras contratações de qualidade. Por enquanto, cabe desejar que Kléber retribua em campo o tempo e o esforço empregados pelo Grêmio para concretizar a sua contratação.